sábado, 28 de setembro de 2013

A Imperatriz

Essa linda carta nos mostra uma mulher passeando por campos férteis, e ela mesma é a representação da fertilidade porque está grávida e feliz.

Coroada com um castelo em sua cabeça, ela pode materializar qualquer desejo pois a Imperatriz domina o princípio gerador da natureza.

Ela sabe como, através dela, a força criadora da natureza pode gerar desde um campo de plantação de trigo até um novo ser humano.

Ela, a mulher, é a própria manifestação viva da natureza em ação pelo princípio feminino, essa força que gera aquilo que passa a existir na materialidade e com poder de nutrir e sustentar essa criação.

Tudo que existe passa por um processo de criação que antecede sua manifestação. É no processo de criação que acontece a organização e o desenvolvimento das capacidades necessárias para trazer algo novo ao mundo.

Apenas ser capaz não é suficiente aqui, é preciso que as capacidades sejam organizadas, colocadas em perspectiva e bem aproveitadas para poderem funcionar como uma "fábrica" daquilo que se pretende criar: uma pintura, um livro, uma empresa, um método de ensino, o projeto de uma casa, um jardim...

Para uma criação artística acontecer, por exemplo, além do talento natural do artista é necessário que ele se disponha a essa realização e empregue sua energia pessoal para manifestar sua arte no mundo externo, impregnando aquela realização com sua forma de entender e sentir o mundo, e que vai resultar num objeto com vida própria e independente do seu criador.

A Imperatriz simboliza esse processo de criação onde se emprega a energia própria para dar vida a algo novo, alimentando esse "bebê" desde o "útero" para que ele possa crescer e adquirir a forma que lhe permita uma existência autônoma.

Mas essa impregnação de energia acontece quando fazemos algo que tem a ver com a nossa própria natureza, porque se trata da nossa própria energia, nosso poder pessoal. Filhos são gerados a partir de uma entrega à nossa energia mais primitiva, a energia sexual, e por isso a criação que tratamos neste arcano é aquela que vem do desejo puro e nos causa prazer.

Enquanto arquétipo, a Imperatriz vem nos falar do nosso potencial de realizar no mundo aquilo que já existe de forma imanente dentro de nós mesmos, unindo os princípios ativo, do Mago, e passivo, da Sacerdotisa.

No entanto, se a criação pretendida não está consonante com o que temos imanente em nós, essa criação fica comprometida. Porque o que dá vida ao objeto novo é a nossa própria energia e simplesmente não podemos vitalizar algo que não corresponda com a nossa natureza essencial.

Quando queremos criar algo diferente do que ressoa conosco, nossos planos não dão certo. Mesmo que cheguem a ser criadas, essas realidades não conseguem ser nutridas nem sustentadas por nós, não conseguem manter uma existência autônoma e terminam morrendo.

E isso acontece muito quando nos damos conta de que vivemos numa sociedade que exige que a gente cumpra certas etapas na vida e produza determinados resultados: formar-se em uma faculdade, construir uma carreira profissional, ter uma casa própria, um casamento "inabalável", e todas essas representações do que hoje se entende como sucesso pessoal.

Esses resultados não contemplam a complexidade humana dos desejos de cada um. Para alguém com uma grande necessidade de viver em liberdade, nenhum casamento "bem sucedido" será suficiente porque não vai alimentar aquilo que a pessoa deseja de verdade. E faltando essa seiva que energiza e nutre as criações, mesmo um casamento muito bem sucedido pode não resistir e morrer.

Num ambiente onde não estamos à vontade para sermos nós mesmos, não relaxamos. O desconforto de ser uma pessoa não autêntica vai criando uma tensão que "entope" os nossos canais criativos e todo nosso potencial realizador no mundo fica em suspenso.

Ou então acontece o caminho inverso: aquilo que foi criado e que não tem a ver com a nossa natureza acaba esgotando toda a nossa energia e ficamos completamente desvitalizados.

É o caso de alguém que seguiu uma carreira profissional com a qual não tem afinidade, por exemplo. Como aquela criação, a carreira, não tinha afinidade com a pessoa, provavelmente ela terá que fazer um aporte muito maior de energia para manter aquilo funcionando, mas isso exige dela um esforço maior e uma quantidade de energia que ela não tem. Nesse processo de desgaste, podemos ficar desmotivados por não ver o resultado acontecer, isso nos enfraquece e pode até nos deixar doentes.

Uma criação com a qual não temos ressonância suga toda nossa energia vital e é importante fazermos esse reconhecimento para, a partir do concreto, fazer escolhas que nos trazem vitalidade.

Na teoria psicanalítica sustentada por Sigmund Freud existe o conceito de "Pulsão de Vida", que sucintamente afirma que tudo aquilo que desejamos e que nos faz bem, nos preenche de alegria e positividade, é um impulso gerador de vitalidade que vai contribuir para que sejamos saudáveis - inclusive mentalmente.

A pulsão de vida tem um caráter construtivo, agregador e de autopreservação, é uma atitude positiva que traz benefícios fazendo a pessoa se sentir integrada e parte do todo. Seria uma força que nos direciona a realizar aquilo que não só atenda nossos desejos mas que também nos permita sentirmos bem em existir nesse mundo, o que refletirá na boa qualidade dos nossos relacionamentos com os outros e no sentimento de contentamento com a vida.

É a pulsão de vida que nos faz escolher uma alimentação mais saudável, a cuidar da nossa saúde, que nos inspira a fazermos algo pelo crescimento coletivo e que nos direciona para aqueles momentos agradáveis que alimentam a alma.

Quando estamos psiquicamente saudáveis, a pulsão de vida se expressa como essa energia impregnadora das coisas positivas que criamos para nós e para os outros, seja um relacionamento equilibrado, uma carreira profissional que corresponde a nossa vocação, um projeto de vida com autenticidade ou até mesmo um filho como continuidade de nós mesmos. É a própria energia de vida fluindo e se manifestando através de nós.

A maioria das cartas de tarot apresenta a Imperatriz com um escudo, denotando o brasão como uma marca daquela pessoa. Essa imagem vem corroborar a ideia de estar confortável no lugar que a pessoa ocupa no mundo, o brasão é a marca desse lugar ocupado e vem indicar que a pessoa está à vontade em ser quem ela é e de estar naquele ponto da sua trajetória de vida. Ela é autêntica e se sente livre para ser quem é de verdade.

O arquétipo da Imperatriz nos convida a realizar tudo aquilo que desejamos genuinamente e que corresponde à nossa verdade, empregando nossa energia e essência nisso, e em contrapartida o prazer de realizar algo tão positivo e autêntico nos retroalimenta e mantem um ciclo virtuoso do caminho da energia, elevando nossa vitalidade.

Isso não é lindo?

Uma característica constante das cartas de tarot que representam o arcano da Imperatriz é a beleza, enquanto atributo natural de alguém que está vivendo de forma harmonizada com a sua essência.

O símbolo da beleza aqui vem representar todo esse contentamento de existir em liberdade e de caminhar pela vida com satisfação, atraindo abundância e prosperidade.

Este arquétipo também me lembra muito uma expressão dos índios Navajo norte-americanos que é "caminhar em beleza" - que significa a expressão dessa ideia de fazer parte da natureza, contemplar a si mesmo como manifestação desse grande poder e viver criando a beleza com suas atitudes.

Criar a beleza é manifestar o que temos de melhor. Como seria o nosso mundo se todos tivessem essa chance?

Quando esta carta surge numa leitura é tempo de aproveitar as oportunidades de expansão para frutificar nossos talentos e concretizar novos projetos. Tudo indica que este é um momento de ver os sonhos se tornando realidade, aproveitando cada momento dessa experiência para se sentir mais pleno e satisfeito com a vida.

Verbenna Yin
Astros - Tarot - Psicanálise

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Lua em Áries: sai de baixo!!!


Sabe aquele dia em que a gente explode sem motivo, grita com os outros que ficam olhando pra gente sem entender nada, atira o celular sem sinal na parede com raiva e tem vontade de sair quebrando tudo?

É tudo culpa da Lua em Áries!!

A Lua é um planeta que simboliza as nossas reações emocionais – na Astrologia, do ponto de vista da Terra, a Lua é um planeta.

Em Áries reside o impulso para a ação e a vontade de conquista.

O posicionamento da Lua, vista da Terra, na direção da constelação de Áries combinas essas duas consciências e acaba reproduzindo algo do tipo: reações emocionais impulsivas e agressivas.

E nós recebemos esses influxos em maior ou menor intensidade, dependendo da nossa afinidade com essas energias. Pessoas com uma configuração parecida (Lua em Áries no mapa natal, por exemplo) são como antenas para receber a influência desse posicionamento e podem ficar mais sensibilizadas com essa energia toda.

Mas de uma maneira geral, todos nós somos influenciados pela Lua todos os dias. A Lua rege o movimento das águas, das marés, dos ciclos femininos, do sangue. Com a Lua em Áries, o sangue ferve e se nos deixarmos levar pela onda da energia que está circulando podemos tomar atitudes mais agressivas em situações corriqueiras e acabar perdendo o controle mesmo.

Quando a gente tem consciência dessa situação e seus efeitos, fica mais fácil a gente se perceber e com isso fazer um esforço para controlar nossas reações para não perder a cabeça no ambiente de trabalho ou no trânsito, por exemplo.

Mas a Lua é bem rápida, fica apenas 2 dias e pouquinho em cada signo. Então a boa notícia é que esse posicionamento se desfaz rápido e tudo volta ao normal.

E na próxima Lua em Áries, lembre-se: respire fundo, conte até dez e keep walking!!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Encontrando um propósito em Virgem



A realização das habilidades de forma prática e o aprimoramento constante são a tônica do signo de Virgem.

Regidos por Mercúrio, os nativos de Virgem usam o raciocínio de forma crítica e analisam muito seriamente o ambiente, os outros e a si mesmos. Com essa atitude analítica conseguem perceber não só suas próprias características mas também qual a melhor forma de suas habilidades serem bem aproveitadas, numa busca de aperfeiçoamento do Ser.

Em Virgem completamos a primeira sequência de seis signos pessoais, até aqui os aprendizados propostos para cada signo são voltados para o indivíduo, para o “Eu”. A partir do signo seguinte as lições são voltadas para o coletivo, para o “Nós”.

Nesse sentido, em Virgem se pressupõe que o Ser já tenha absorvido as consciências trazidas pelos signos anteriores, tendo estabelecido consigo mesmo um reconhecimento tal que lhe permita perceber que cada um é dotado de atributos que o destacam como um Ser único e especial e, portanto, cada um precisa desenvolver sua manifestação neste mundo da melhor forma possível, para cumprir com um plano maior que é o funcionamento da grande engrenagem da humanidade.

Ter esse olhar analítico nos permite reconhecer os atributos pessoais que podem ser desenvolvidos de maneira mais disciplinada e organizada, para atingirem sua melhor forma de expressão em ações concretas.

Associado ao elemento Terra, concretizar é algo muito importante para este signo. Porque existe no virginiano essa certeza interna de que o mundo precisa dele para que tudo funcione da melhor forma possível, e ele está sempre disposto a colaborar com esse aprimoramento colocando em práticas seus saberes e capacidades.

Porém, pela natureza introvertida do elemento terra, os nativos de virgem geralmente são tímidos e às vezes precisam primeiro fortalecer sua autoestima para só então reconhecer e trabalhar seus próprios talentos.

Como são regidos por Mercúrio, que é muito rápido e se interessa por vários assuntos ao mesmo tempo, os virginianos tendem a ir se testando a fim de cobrir todas as suas possibilidades. Mas é preciso estar atento para não se perderem em tantas demandas nem desenvolver um nível de exigência inatingível consigo mesmo. Não raro, esses nativos mostram uma tendência ao perfeccionismo, levando tudo que fazem muito a sério, e caso não consigam alcançar tamanho nível de eficiência podem se sentir frustrados.

Precisam de muito cuidado com sua autoestima, sendo sugerida uma dose extra de leveza para olharem amorosamente para si mesmos e não se criticarem diante das altas expectativas.

Equilibrando talentos e capacidades, chegamos no propósito daquela configuração inicial de cada um: foi para essa aplicação prática mais benéfica para si mesmo e para os outros que cada um nasceu com seus atributos próprios, únicos e especiais.

Quando colocamos nossas habilidades em prática visando o nosso próprio aperfeiçoamento nossas ações diárias passam a ser não mais um trabalho, mas um serviço. O Ser já consciente de quem é do que é capaz de fazer se coloca para servir a humanidade com tudo aquilo que ele já aperfeiçoou em sua trajetória pessoal.

E com um propósito definido podemos, por meio das nossas atitudes lapidadas e aperfeiçoadas, servir a nós e aos outros de forma colaborativa e assim garantir o funcionamento dessa engrenagem maior – a experiência humana em coletividade que se iniciará no próximo signo, Libra.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A Sacerdotisa

A Sacerdotisa Tarot
Uma mulher sentada entre duas colunas, segurando um livro sagrado onde está o conhecimento do mundo - a Torá. Atrás dela, um véu colorido de frutas e sementes impede que a visão chegue ao mar de águas tão azuis como o manto que a veste. As águas fluem dela e escorrem pela Lua assentada em seus pés.

O grande mistério, aquilo que não está aparente e não pode ser captado apenas pelos olhos da mente. É preciso ainda sentir para entender. Aqui a ideia é de compreensão e receptividade, então não há movimento ativo nem direto.

A ação é a recepção da realidade que se apresenta. Observar, perceber e entender. Aqui a atitude é passiva e o movimento é de fora para dentro, rumo às águas profundas do inconsciente da mente humana.

A Sacerdotisa é o arcano que nos fala do nosso mundo interno, de tudo aquilo que vamos processando do lado de dentro a partir do que assimilamos do mundo externo. São nossas primeiras impressões a respeito do que percebemos no meio onde vivemos, os primeiros aprendizados e as conclusões mais íntimas sobre nós mesmos.

Do lado de dentro, porém, as experiências que vivemos não são absorvidas apenas pela mente, elas também são sentidas. Aqui, a mensagem do Tarot é a de ir correspondendo a coluna branca com a coluna escura, relacionando o que acontece no externo que cria algo no interno.

Tudo que acontece fora causa um efeito dentro, e a Sacerdotisa é esse princípio que nos leva a observar o entorno e ir absorvendo pouco a pouco a realidade com base naquilo que essa realidade nos faz sentir. O que sentimos são as nossas emoções e o aprendizado acontece quando estamos vivenciando os atributos femininos da absorção e receptividade que o elemento água tem.

A Sacerdotisa é uma carta noturna. É no silêncio da noite e na pausa do sono e da inconsciência que podemos acessar os ensinos propostos pelo arcano. Entrar em contato com a Sacerdotisa exige que a gente vá desligando a atenção externa, deixe de estar alerta e vá para dentro observar o que se passa por dentro.
Aqui existe uma proximidade entre o significado do arcano da Sacerdotisa com os desdobramentos da noção do Inconsciente e da função do ID como seu aspecto mais profundo, nos termos de Freud. Para ele, existe um compartimento da mente humana onde ficam armazenadas todas essas sensações e informações emocionais relacionadas aos fatos da vida que experimentamos, mas essas percepções não ficam disponíveis de imediato à memória. Antes, ficam armazenadas numa região de acesso mais difícil onde não chegamos de forma atenta e consciente apenas, mas precisaremos restabelecer a mesma conexão emocional vinculada àquela informação para retomarmos o contato com aquele conteúdo armazenado ali. É o Inconsciente. 

O que acontece dentro de nós quando recebemos a atenção que precisamos, quando somos elogiados ou quando sofremos uma injustiça?

Todas as nossas vivências no mundo externo vão criando sensações em nós e nos fazem experimentar emoções que são associadas a esses eventos. Existimos também no sentir e nossas emoções tão o tom daquilo que está acontecendo na realidade concreta, e é assim que vamos classificando as experiências e aprendendo sobre nós e o nosso ambiente.

A moderna neurociência afirma que nosso cérebro ainda está em formação quando nascemos, e que nos primeiros 2 anos de vida todas as nossas memórias ficam registradas no corpo. Nesse período, basicamente vamos classificando as experiências pelos critérios do "Prazer" e do "Desprazer".

Carinho, fome, sono, desconforto, desgaste físico, excitação, nutrição, tudo vai sendo experimentado pela criança a partir da sensação de prazer ou de desprazer que ela vivencia com a situação. Uma criança bem atendida tem mais sensações corporais de bem estar e vivencia emoções satisfatórias, e assim vai assimilando o mundo de uma forma mais positiva e confiante. 

E para uma pessoa positiva e confiante, a vida se descortina em vários caminhos possíveis. O otimismo é característica de quem se sente bem ocupando seu lugar no mundo e acredita que pode realizar qualquer coisa. Esse é o significado das sementes de frutas na imagem do arcano, várias possibilidades.

A Sacerdotisa é o arquétipo número 2 que nos fala desse conhecimento que vem de fora pra dentro e acontece no reino do sentir, o lugar da intuição. Nossa voz interna.

A intuição ocorre no corpo da mesma forma que o aprendizado inicial é registrado no corpo nos primeiros 2 anos de vida. De algum modo, o corpo faz uma leitura do que acontece ao nosso redor e reconhece, a partir das emoções evocadas, se aquela situação é positiva ou não.

Sabe quando nos deparamos com uma situação que nos causa uma sensação ruim,que a gente nem sabe explicar? Ou quando sentimos aquele arrepio" que nos avisa: não vá por aí, não faça! 

É porque já aprendemos, não só pelo processo mental de elaboração, mas também por já termos sentido os efeitos daquela situação em nós e nos lembrarmos intuitivamente disso. Raiva, medo e angústia são exemplos de emoções associadas a acontecimentos externos e que nos permitem identificar riscos e nos proteger quando necessário.

A Sacerdotisa está protegida pelo véu. O que existe ali atrás do véu? Não se sabe... Mas a Sacerdotisa detém a sabedoria da vida, e vem nos ensinar que podemos reconhecer o que está lá atrás do véu se fecharmos os olhos e movermos a atenção para dentro.

Nesse momento percebemos que existe mais do que aquilo que entendemos como realidade. É quando enxergamos "além do véu" e nos damos conta de que a realidade é parte de algo maior que acontece dentro de nós também. Esse nosso mundo interno é tão real quanto o externo. A partir disso podemos conectar com esse ser interior que parece saber mais do que nós mesmos porque ele conhece a essência das coisas, essa verdade que fica oculta em outro nível de percepção e ainda não tinha sido alcançada porque é mais profunda. 

Todos esses significados estão contidos no arquétipo da Sacerdotisa, que está fortemente associado a aspectos femininos da receptividade, intuição e compreensão dos mistérios. Ela nos provoca a ir cada vez mais fundo para conhecermos mais a respeito de nós mesmos.

Quando a Sacerdotisa é selecionada numa leitura terapêutica, a carta pode indicar que a pessoa está num momento favorável à auto-observação, aos processos de abertura rumo ao inconsciente e possivelmente estabelecendo contato com esses conteúdos internos por meio de sonhos e sincronicidades. Nessa fase é importante valorizar o que acontece “fora do usual”, anotar sonhos e pensamentos que surgem de repente, pois essa é a forma de nosso inconsciente conversar conosco e pedir atenção para os aprendizados que precisam ser assimilados.

Verbenna Yin
Astros - Tarot - Psicanálise



sábado, 7 de setembro de 2013

O Mago

O Mago Tarot Waite
A carta do Mago representa o princípio masculino da natureza: a iniciativa para realizar nossos potenciais como algo concreto no mundo a partir da nossa percepção consciente da realidade que se nos apresenta.

A figura expressa um homem com um braço apontando para o céu e outro braço apontando para baixo onde estão representados os quatro elementos primordiais: fogo, água, ar e terra.
Essa carta com uma figura masculina voltada para seu lado direito está associada com a energia Yang, a energia de realização e expansão. O movimento é do interior para o exterior e a imagem então simboliza poder e intenção dirigidos à concretização de um objetivo. 

Aqui a mente e o racional exercem um papel fundamental na leitura do ambiente externo que irá promover as respostas internas adequadas à melhor adaptação do sujeito, pois é a ação consciente e intencional que permitem ao Mago interagir com o meio na busca de ocupar seu lugar no mundo e ser reconhecido.

O poder de ação vem da atitude racional e do uso do intelecto enquanto ferramenta (simbolizado pelo bastão). A intenção é ativa, é de dentro para fora. Poder e intenção são então dirigidos a uma finalidade, ou seja, o fluxo da energia criativa é conduzida pelo uso dos elementos da natureza (água, fogo, terra e ar) e direcionada à concretização de um objetivo: satisfação da vontade.

O Mago tem habilidades e destreza na utilização de seus instrumentos, os elementos, e a partir deles pode criar qualquer outra coisa no mundo externo, material. É o Ego, enquanto centro ordenador da consciência, que irá fazer a seleção das melhores habilidades a serem utilizadas pelo sujeito na busca do seu lugar no mundo e a firme crença na sua capacidade de agência resultará na materialização externa de algo que antes existia apenas na mente de alguém.

O arcano do Mago nos fala do poder de realização, da energia de criar algo novo no mundo. Escrever um texto, cozinhar uma refeição, produzir uma roupa, construir um prédio, empreender um projeto, são exemplos do arcano do Mago em ação. Tudo isso podia estar latente na mente de alguém, mas para que adquirissem "vida" foi necessário empregar esforço físico e energia para que saíssem de dentro da cabeça e viessem para o lado de fora, marcando a existência do sujeito no mundo pois ao interferir no mundo externo está colocando sua assinatura e participação no meio.

O arcano do Mago também simboliza o sentimento de satisfação de quando fazemos algo que nos é próprio, nossa essência em ação. Vejam a expressão do rosto do Mago, ele sabe que é capaz de fazer.

O Mago não duvida! A confiança em si próprio é um elemento fundamental para que o arcano do Mago se manifeste.

O arcano do Mago corresponde então à noção de que é o consciente quem faz a relação com o mundo externo num paralelo interessante com o que Freud propõe na sua primeira tópica, bem como considera as habilidades racionais e a autoconfiança do indivíduo na direção da satisfação da sua vontade, o que encontra semelhança no conceito de Ego da segunda tópica freudiana.

Na psicanálise estudamos a formação da personalidade humana e, fazendo um paralelo, a energia do Mago é a mesma que experimentamos no início da vida. Todos os bebês "fazem" coisas, as coisas que são possíveis naquela idade. A primeira coisa que fazemos é "criar" nossa satisfação: choramos e logo em seguida somos alimentados com leite, afeto e calor. A sobrevivência está garantida aí e o bebê sente-se ele mesmo o criador daquilo que recebe de sua mãe.

Segundo Donald W. Winnicott, psicanalista que teorizou sobre o nosso desenvolvimento emocional primitivo, nesse processo a que chamou de “criatividade primária” a criança adequadamente atendida tem uma relação de confiança com seu ambiente e desenvolve uma ilusão da onipotência na qual ela mesma é o próprio objeto desejado. Essa sensação de fusão da criança com o objeto desejado é prazerosa para ela e lhe dá uma sensação de tranquilidade ou não excitação - fundamental para lidar com os eventos e circunstâncias da vida.

Manter essa autoconfiança é essencial para que as coisas sejam realizadas. Uma pessoa sem confiança em si mesma vai duvidar das suas habilidades, da hora certa de fazer, vai ficar pensando que o resultado não foi tudo aquilo, que não gostaram do que ela fez...

Talvez fique pensando na aprovação das outras pessoas sobre a ideia dela e se não conseguir lidar com as expectativas dos outros pode acabar deixando sua própria ideia de lado.

Outras vezes postergamos nossos projetos esperando "o melhor momento" ou esperando "estar melhor preparado" para fazer aquilo que queremos. O tempo passa e vamos deixando o sonho envelhecer dentro de nós, não fazemos nunca porque não nos sentimos capazes o suficiente.
O Mago é o visionário, é o ilusionista, da mesma forma que Winnicott propõe que o bebê vive aquela “ilusão” de ser o criador do seio que o alimenta. Basta que ele “queira” o seio e imediatamente o alimento (e tudo o mais que o seio simboliza) aparece. A vontade então cria o seio, magicamente.

A energia do Mago vem nos lembrar que sim, podemos. É essa energia que nos impregna de disposição e vontade para tocar nossos projetos de vida e fazê-los saírem do papel. Nesse estágio, a gente não pensa muito nas dificuldades e percalços do caminho, a gente quer mais é fazer. Ação!

O importante aqui é iniciar, agir, e se ficar pensando muito o momento de fazer pode passar.

Assim como o bebê não tem como pensar sobre aquilo que faz, o Mago também não fica pensando muito se deve ou não fazer, se desse jeito está bom ou se preciso melhorar. A criança vai coordenando seus movimentos e entendendo como fazer um certo esforço pode resultar numa determinada postura. Primeiro ela faz muita força para se equilibrar e começar a andar, mas com o tempo ela passa a empregar melhor a força e o equilíbrio vem mais naturalmente até que ela consiga andar sozinha sem se esforçar tanto.

Mas não podemos esquecer que além da habilidade de fazer e realizar, é preciso o intento - a intenção clara daquilo que se deseja. Porque o resultado não virá apenas da habilidade, de mais ou menos talento para a coisa, mas também da qualidade da energia que se coloca naquilo que está sendo feito.

Talento e habilidade são importantes porque nos destacam dos demais, mas a intenção é o elemento carreador da energia de criação que vai fazer nascer no mundo aquilo que está latente dentro de nós. É o intento que vai conduzir o sonho da dimensão interna para o mundo externo.
Acreditar no que fazemos vai colorindo nossas ações e essa vibração reverbera ao nosso redor criando um campo positivo para que as coisas se realizem com economia de energia, apenas com o esforço suficiente.

Nesse sentido, tirar a carta do Mago numa leitura pode indicar que estamos vivendo o momento de fazer, agir e realizar, dando vida externa a uma ideia que existia apenas internamente. Também é o momento de acreditar em si mesmo, colocar a mão na massa e se divertir fazendo.

Numa abordagem terapêutica, pode também indicar que o analisando acredita ser responsável por tudo que acontece no seu dia a dia, usando o tempo para realizar coisas e mantendo-se constantemente ocupado numa busca de valorização individual pelos resultados daquilo a que se dedica, sem perceber muito bem o seu ambiente e as inter-relações possíveis com a família e outras pessoas de convívio.

Verbenna Yin
Astros - Tarot - Psicanálise


domingo, 1 de setembro de 2013

O Louco e sua grande viagem pelo Tarot


Os arcanos maiores do Tarot compreendem 22 cartas correspondendo a 22 arquétipos ou imagens que simbolizam fases naturais de evolução do ser humano em sua história de vida.

Vinte e uma dessas cartas são numeradas e observam uma ordem sequencial. Uma carta não tem numeração definida, às vezes é indicada como arcano zero e outras como arcano vinte e dois – a carta do Louco.

O Louco é um arcano indefinido, pode tanto consistir no ponto de início da jornada pessoal quanto no encerramento da jornada – que passa a ser o ponto de início para uma nova rodada a partir de um novo patamar de consciência, uma oitava superior.

Como arquétipo, o Louco simboliza a disposição de começar algo novo que ainda não se sabe bem o que é. Numa atitude aberta a novas possibilidades, o Louco vem representado por um andarilho que sai pelo mundo sem destino, passando por caminhos incertos e correndo alguns riscos dos quais ele sequer se dá conta por desconhecer o trajeto que está percorrendo.

Com isso, a carta do Louco simboliza aquele momento em que nós começamos a sentir vontade de partir para algo diferente do que se tenha atualmente, o impulso para o novo. Pode ser o início um novo projeto de vida, um novo emprego, um novo relacionamento, uma nova aparência.

Numa abordagem mais terapêutica, com essa atitude de busca do novo o Louco inicia uma grande viagem interna se deparando com cada uma das demais 21 figuras da sequência dos arcanos maiores, com as quais vai aprendendo e conscientizando a proposta de cada um dos demais arquétipos numa jornada de crescimento pessoal.

Como a física quântica explica a diversidade de comportamento da luz, ora como onda ora como partícula, dependendo da existência de um observador consciente, o Louco também interfere na realidade de todos os demais arquétipos justamente por ser esse observador.

É nesse sentido que o Louco pode ser equiparado ao indivíduo no seu processo pessoal de autoconhecimento e evolução.

Quando vivida com consciência, a experiência do Louco pode igualmente interferir na realidade dessa mesma forma. Enquanto observador consciente, o Louco passa a interferir na sua realidade utilizando como ferramentas as habilidades, conceitos e comportamentos que absorver do encontro com os demais arquétipos dos arcanos maiores, durante sua jornada.

Quando numa leitura se escolhe a carta do Louco, isso indica que a pessoa está pronta para iniciar essa jornada interior e se revelar ao mundo com uma compreensão mais ampla das suas potencialidades.

Verbenna Yin
Astros - Tarot - Psicanálise