domingo, 26 de agosto de 2018

Lua Cheia em Peixes e Trígono de Terra - 26/08/2018



Hoje a Lua Cheia ativa um trígono de Terra: Sol em Virgem, Saturno em Capricórnio e Urano em Touro. Virgem é o signo da produtividade, do serviço e do propósito das coisas. Saturno e Urano são deuses antigos, operam por meio do esforço e dos questionamentos mais profundos.

A fluência do elemento terra nos direciona a avaliarmos o que estamos produzindo no mundo, qual o valor das nossas obras e o quanto estamos aproveitando o nosso tempo.

Jung dizia que vivemos sob a influência do "Espírito deste tempo", uma forma pensamento do inconsciente coletivo que dá valor ao humano a partir do que ele produz e dos resultados de suas ações. Isso gera uma falsa noção de que é preciso gerar coisas que são valorizadas pela sua utilidade e passamos a nos identificar com o nível de produtividade que podemos alcançar. Quanto mais produzo, mais eu valho.

Nos avaliamos pela nossa capacidade de atender essa lógica do consumo, onde somos ao mesmo tempo consumidores e insumos desse encadeamento pois permitimos que o "Espírito deste tempo" nos consuma vivos enquanto corremos atrás de uma suposta produtividade que nos valorize.

Mas o alinhamento desta Lua Cheia nos convida a refletir sobre o real alcance e valor das nossas ações.

O que estamos de fato realizando com o nosso tempo?

Nossas ações produzem bons resultados para nós mesmos, ou estamos continuamente empregando nosso esforço para atender uma demanda interna de pertencimento e aceitação?

No eixo Virgem-Peixes o tema é o servir com propósito. Quando não temos um propósito claro nas nossas ações, vamos agindo até sermos reconhecidos e valorizados pelos outros e isso nos confere valor. Quanto mais valorizados desejamos ser, mais nos esforçamos para ser reconhecidos.

Nesse padrão negativo, agir produtivamente pode ser um meio de receber permissão para pertencer. Talvez tenhamos criado um hábito de nos esforçarmos para cumprir as tarefas que o senso comum determina para sermos considerados "pessoas de bem" e assim nos sentirmos integrados e pertencentes ao nosso grupo: trabalhamos, geramos renda, compramos, nos comprometemos, pagamos, honramos.

Também nos relacionamentos podemos estabelecer uma dinâmica de agir atendendo a expectativa do outro para nos sentirmos aceitos e amados.

Mas se o resultado desse esforço não for o seu próprio bem existe algo errado nessa dinâmica. Se para atender essa produtividade você precisa doar todo o seu tempo a ponto de ficar sem isso para aproveitar os momentos da sua própria vida, você está correndo atrás do vento.

Saturno é o Senhor do Tempo e vem questionar se o seu tempo está sendo bem usado para o seu crescimento, se você está sendo responsável com sua própria evolução. Aliado a Urano em Touro, este pode ser um momento de romper com as estruturas que te mantém aprisionado a um padrão de cumprir tarefas e atender demandas externas para ser valorizado pelo outro e se sentir parte.

Em Peixes, a Lua irradia hoje a consciência do auto-amor e da compaixão consigo mesmo, para que possamos encontrar sentido em nossas ações e nos darmos conta de que temos valor sendo quem já somos.

Existe um propósito para cada Ser nesta existência. Descobrir qual o nosso propósito nos dá a noção de que somos parte de um plano maior e que, apenas por existir, cada um tem por direito próprio seu lugar nesta grande família que é a humanidade.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

O Mundo

verbenna yinE chegamos finalmente à ultima carta da sequência dos arcanos maiores do Tarot com o arcano do Mundo, também denominado de “O Universo”.

Neste arcano encontramos uma figura humana constituída por duas mentes, uma feminina e outra masculina, com um único corpo. O lado masculino à direita segura um bastão no alto, o lado feminino à esquerda segura um bastão e aponta para baixo.

Circunda essa figura uma imensa serpente que está engolindo seu próprio rabo, criando um limite diante dos objetos que estão na área externa e que se relacionam aos quatro elementos alquímicos: terra, água, fogo e ar.

A figura metade homem e metade mulher se relaciona claramente com a ideia do andrógino primordial e a Sizígia, referências propostas por Jung para compreender a reconciliação entre os opostos Anima e Animus na psique humana.

Anima é Animus são contrapartes da estrutura sexual predominante, sendo a Anima feminina e o Animus masculino. Uma pessoa do gênero feminino, uma mulher, tem em si uma contraparte masculina – o Animus, e da mesma forma, uma pessoa do gênero masculino tem si a contraparte feminina – a Anima.

Uma mulher não possui a Anima como contraparte pois ela mesma é a manifestação da natureza em sua forma e potência femininas, portanto, a mulher é inteiramente uma Anima. E da mesma forma ocorre com o homem, ambos são uma manifestação direcionada da natureza em si mesmos, mas possuem o potencial da parte contrária correspondente ao gênero oposto.

Para Jung, existe uma busca humana essencial por encontrar o aspecto da contraparte psíquica que inicialmente se estabelece no mundo externo, ou seja, nas outras pessoas. Nessa fase inicial, a identificação dos atributos acontece por meio de projeções e identificamos, ainda que inconscientemente, as características da nossa contraparte no ser amado.

É por essa contraparte que reconhecemos no outro que nos apaixonamos, e a um primeiro momento julgamos que esses aspectos dos outros nos faltem e na união com eles nos completamos.

Jung propõe que na verdade esses aspectos projetados são essencialmente nossos e por meio dos relacionamentos vamos amadurecendo essa percepção e reconhecimento sobre nós mesmos, até um momento do desenvolvimento psíquico em que podemos ver com clareza tais aspectos em nossa própria psique, num processo que chamou de sizígia – o casamento dos princípios masculino e feminino numa mesma estrutura psíquica.

Jung acreditava que: “É a alteridade psíquica que possibilita verdadeiramente a consciência. A identidade não possibilita a consciência. Somente a separação, o desligamento e o confronto doloroso através da oposição, pode gerar consciência e conhecimento.”

Nessa fase, o indivíduo não tem mais necessidade de projetar aspectos ocultos ou recalcados em outras pessoas, pois agora já se reconhece completamente em todos os seus aspectos. Assim, não há mais ilusões com o que se enxerga ou espera do outro, as relações tendem a ser mais livres e o medo da perda não mais se justifica pois aquilo que admiro no outro, também tenho.

Esse processo de reconciliação dos opostos é essencial para a dinâmica do homem transformado, onde a psique encontrou sua autorregulação através dos processos conscientes (metanoia) e inconscientes (enantiodromia). Neste modelo, a autorregulação é um processo que segue as leis universais e conduz naturalmente o indivíduo ao encontro consigo mesmo.

Na sua obra “O Eu e o Inconsciente”, Jung afirma que:

“Na medida do alcance de nossa experiência atual, podemos dizer que os processos inconscientes se acham numa relação compensatória em relação à consciência. Uso de propósito a expressão 'compensatória' e não a palavra 'oposta', porque consciente e inconsciente não se acham necessariamente em oposição, mas se complementam mutuamente, para formar uma totalidade: o si-mesmo (Selbst).”

Na representação deste arcano está presente o Uróboro, a serpente que engole a própria cauda e que simboliza o eterno movimento do Universo e a forma circular como uma unidade em si mesma, sem princípio nem fim. Ao circundar a figura hermafrodita, sugere que a dinâmica psíquica de compensação e complementação dos opostos é o caminho para se chegar na unidade primordial do SELF, enquanto centro da psique integral.

Para o homem transformado, o Ego consciente foi integrado ao SELF e agora opera no sentido de promover as ações no mundo externo coerentes verdadeiramente ao ser interno. Nesta fase, o Ego não tem mais necessidade de validações, reconhecimentos ou pertencimentos externos pois os objetos conquistados e os resultados das ações não mais confirmam o Ego. Ao ser integrado, o Ego se fortalece. Aqui o Ego está estruturado e pode ser um intermediador eficiente entre mundo interno e externo, com fidelidade completa ao SELF.

Ao escrever sobre “A Psicologia da Transferência”, Jung menciona o casamento entre Anima e Animus numa bela metáfora que envolve a unificação dos opostos masculino e feminino para fazer surgir uma nova criatura, completa, alinhada ao chamado do ser interno agora iluminado pela consciência:

"O negrume, ou seja, o estado inconsciente que foi resultado da união dos opostos, alcança um ponto de máxima profundidade que é ao mesmo tempo um ponto de reversão. O orvalho que cai anuncia a ressurreição e o surgimento de uma nova luz. A imersão em um inconsciente cada vez mais profundo é seguida por uma iluminação que vem de cima."

Simbolicamente, a iluminação é o processo de trazer um conteúdo oculto à luz consciência, para que possa ser incorporado no sistema mental do indivíduo e possa se manifestar no mundo físico. A sizígia é uma etapa primordial para fazer surgir o fio de luz condutor para que tudo que foi acessado no inconsciente encontre seu caminho até a consciência e possa ser finalmente incorporado à noção identitária e constituinte do ser. Quem fará essa incorporação é o Ego, enquanto centro ordenador da consciência e responsável pela interação com o mundo externo.

Assim, um Ego alinhado com o SELF é um poderoso instrumento de transformação do mundo externo, pois nesta fase se conhece a potência e a capacidade para agir, se possui a espontaneidade e leveza para fluir apesar das impossibilidades e das frustrações, e ainda existe conexão consciente com os desejos íntimos para realização das aspirações e propósitos de vida.

Essa noção é reforçada na representação arquetípica proposta pelo Tarot de Thoth de Aleister Crowley, na ilustração singular feita por Frieda Harris. Nesta carta a figura central é uma mulher, numa apologia ao trabalho da Anima como principal conexão entre o inconsciente individual e o inconsciente coletivo.

Emma Jung, esposa de Jung, escreveu notavelmente sobre essa característica da contraparte no gênero masculino. Para ela a Anima tem o potencial transformador mais poderoso pois pode suscitar modificações estruturais na personalidade:

“O papel de transmitir conteúdos inconscientes, no sentido de torná-Ios visíveis, recai acima de tudo sobre a anima. Ela ajuda na percepção de coisas que de outra maneira permanecem no escuro.”

Da mesma forma, Nise da Silveira ressalta o aspecto feminino como preponderante na capacidade humana de estabelecer vínculos saudáveis:

“Se o principio feminino no homem (anima) for atentamente tomado em consideração e confrontado pelo ego, os fenômenos decorrentes de seus movimentos autônomos dissolvem-se, suas personificações desfazem-se. A anima torna-se uma função psicológica da mais alta importância. Função de relacionamento com o mundo interior, na qualidade de intermediária entre consciente e in-consciente, função de relacionamento com o mundo exterior na qualidade de sentimento conscientemente aceito.”

verbenna yin
Na ilustração de Frieda Harris a mulher está nua, dançando, com um pé apoiado na cabeça de uma enorme serpente surgida de uma abertura semelhante a um olho cósmico, indicando o fluxo que vendo do grande mistério do inconsciente coletivo que é conduzido pelos desejos do inconsciente individual e terminam por se manifestar na consciência individual.

A figura está cercada por uma estrutura circular e ao fundo vemos a Banda de Moebius, que em Lacan encontra representatividade como forma indicativa da singularidade numa metáfora à forma circular (unidade) transformada pelas dobras onde não há mais mundo interno e externo, tudo é uma coisa só.

Quando a carta do Mundo aparece numa leitura terapêutica pode indicar um momento de profunda transformação pessoal, onde o indivíduo passou pelas etapas do caminho de individuação e compreendeu cada momento como significador e constituinte da sua personalidade.

Isso pode promover uma noção de sentido de vida e coerência, permitindo que a pessoa vivencie relacionamentos com mais leveza e liberdade bem como participe colaborativamente dos grupos a que pertença como forma de aprimoramento de si mesma e do mundo à sua volta.

Verbenna Yin
Astros - Tarot - Psicanálise

Alinhamento Marte e Vênus - 06/08/2018



Desde ontem entramos na fase minguante da lua, sob a influência do último eclipse: tempo de deixar ir aquilo que se manifestou do passado e que hoje não precisamos mais levar conosco, na área dos relacionamentos. Foi um medo, uma rejeição, uma necessidade de ser validado?

Ao ingressar na fase minguante, a Lua ativou o alinhamento positivo entre Vênus em Virgem (a menos de 1 grau para entrar em Libra) e Marte em Aquário. Esse alinhamento promove as conexões mentais entre homens e mulheres e também a percepção inteligente entre as forças masculinas e femininas dentro de cada um. É um tempo de arrazoar internamente sobre a necessidade de se defender nos relacionamentos e do por quê nos sentimos desprotegidos e à mercê da influência do outro na nossa vida.

Marte está mais distante, então seu campo magnético domina Vênus. Simbolicamente, é tempo de usar a razão para sairmos da subserviência nos relacionamentos, do querer agradar para ser aceita ou mesmo de sermos permissivas para nos sentirmos pertencentes.

Marte pede limites claros para esses comportamentos, pede autovalorização e respeito próprio para que possamos evoluir em relacionamentos mais saudáveis para todos.

Tendemos a buscar no outro as características que julgamos não termos em nós. Projetamos no outro essa falta. Mas a falta, no fundo mesmo, é imaginária. Nos apaixonamos por aquilo que o outro desperta em nós, então busque essa complementação dentro de você mesma. Só assim nos sentiremos inteiras para poder nos relacionar com liberdade, sem medo.

Na abordagem Junguiana, essa é a proposta da integração do Animus com a Anima, aspectos psíquicos que representam o masculino e o feminino em nós, e que ao serem complementados no inconsciente se apresentam à consciência unificados, integrados. Ao escrever sobre esse casamento interno, Jung diz:

"O negrume, ou seja, o estado inconsciente que foi resultado da união dos opostos, alcança um ponto de máxima profundidade que é ao mesmo tempo um ponto de reversão. O orvalho que cai anuncia a ressurreição e o surgimento de uma nova luz. A imersão em um inconsciente cada vez mais profundo é seguida por uma iluminação que vem de cima."

DICA FLORAL: White Chestnut e Water Violet