Um homem sentado no trono usando adornos de realeza. Ele está muito à vontade, desfrutando da sua posição e nos encarando
com uma expressão desafiadora: quem vai tirá-lo de lá?
O Imperador ocupa uma posição de comando. Está no alto
porque já fez todo um movimento anterior para alcançar aquela posição elevada, o que vem representado pela
altura da montanha onde está assentado e pela ausência de elementos emocionais nessa carta.
O Imperador comanda
e é respeitado por isso. Domina a vontade (o raio) e a realização (a Terra). A águia ao seu lado lhe confere a visão privilegiada do alto de quem conhece o seu território.
Essa carta nos fala do aprendizado da autonomia, o poder de tomar decisões firmes e sustentá-las até que se realizem se fato.
Uma decisão firme se inicia no reconhecimento do que é realmente uma vontade, um desejo, uma necessidade interna. A partir desse reconhecimento é preciso nomear essa vontade: é vontade de que?
Uma decisão firme se inicia no reconhecimento do que é realmente uma vontade, um desejo, uma necessidade interna. A partir desse reconhecimento é preciso nomear essa vontade: é vontade de que?
Fazendo um pequeno paralelo entre o número 4 deste arcano e a idade de 4 anos, é nessa idade que a criança realiza por si mesma suas primeiras ações de querer-realizar, notadamente o controle do sistema excretor.
Controlar é o verbo chave aqui e por volta dos 4 anos a criança já controla bem seus movimentos corporais, começa a se interessar por aquilo que requeira maior habilidade manual como pinturas e massinhas, já demonstra seu interesse por aquelas comidinhas que gosta e pode já ter seus amigos preferidos, manifestando sua vontade de fazer algumas coisas e buscando os recursos do seu mundo para fazer o que deseja.
O número quatro e o caráter ativo do lado direito (o lado do movimento, da energia yang) vem bem marcados na simbologia da carta ilustrada por Frieda Harris. Até a perna do Imperador forma um número quatro, que também é associado à estabilidade e controle.
Controlar a vontade é o início do caminho da autonomia, e por isso o arcano do Imperador é associado também ao signo de Áries, cujos valores são liberdade e independência para agir. A ideia de autonomia nos propõe que, para que nossa vontade seja realizada, temos que buscar uma maneira própria de realizá-la.
Nossa primeira vontade no mundo é a de alimento. Logo após nascer, o bebê já tem esse reflexo de sobrevivência e busca sozinho o peito da mãe, chegando a rastejar pelo corpo dela até encontrar o seio. Tanto o movimento quanto a postura foram conquistados pelo pequeno bebê, e assim deve ocorrer com cada novo movimento seu nessa fase do desenvolvimento humano.
Na representação desta carta feita por Pâmela Smith no tarot Rider-Waite com as cores vermelhas vem bem denotado o caráter ígneo da vontade, preenchendo a posição conquistada pelo Imperador no Arcano IV. Ele está vestido de vontade, tem o rosto avermelhado e tem ao fundo um céu avermelhado, ele é o próprio querer manifestado estavelmente e ocupando o seu lugar - sentado, dominando e estabilizando a energia.
Todas as posturas corporais das crianças devem ser conquistadas para que ocorram corretamente as sinapses cerebrais que vão interligando o fluxo de energia, a coordenação motora do esforço e estabelecendo uma ordem correta na sequência de movimentos e percepção do ambiente. Uma criança colocada numa postura sentada, por exemplo, pode até desenvolver o equilíbrio necessário para se manter assim mas se ela mesma não aprende como chegar nessa postura será incapaz de repeti-la quando quiser e vai ficar dependendo de alguém colocá-la sentada novamente. Ela não dominará o movimento.
Realizar os movimentos da vida por si mesmo, numa analogia com essa fase motora primordial, é muito importante para que nós possamos desenvolver nossas competências. Com as competências ativadas é que será possível, depois, realizar aquelas necessidades internas por nós mesmos e para nossa satisfação.
Reconhecer nossas necessidades internas e encontrar uma maneira de realizá-las é uma arte a ser desenvolvida ao longo da vida. Não raro, nossas vontades não são validadas pelo nosso entorno, podem ser inadequadas ou temidas de acordo com a cultura onde estamos inseridos ou com o que um determinado grupo valoriza. Numa comunidade religiosa, por exemplo, existem comportamentos que são considerados adequados e outros não são, assim, como assumir uma vontade que destoe do que é valorizado naquele ambiente? Num cenário hostil, fica mais difícil sustentar uma vontade que não esteja no modelo daquilo que se espera de nós.
Outras vezes, nossas vontades não "combinam" com a pessoa que pensamos ser porque desde muito cedo recebemos rótulos. Nossos pais nos chamam o tempo todo de "inteligentes", ou "muito maduras para a idade", ou então aquelas crianças "terríveis" que vivem fazendo "pirraças", e assim vamos acreditando que somos aquilo que nos nomearam e passando pela vida sustentando aquele rótulo.
Já pensou no que combina com os seus rótulos? Você sabe quais são os seus rótulos?
Quando ficamos restritos aos rótulos que nos foram dados, nossa posição perante a vida passa a ser de marionetes, pensamos que estamos nos movendo no mundo quando na verdade estamos sendo "colocados em determinadas posturas" pela intenção e expectativas das outras pessoas, como sugere a ilustração do Vertigo Tarot proposta por Rachel Pollack para o arquétipo do Imperador.
A partir das nossas realizações, vamos também construindo a imagem que temos de nós mesmos e nossa representação no mundo. É parte da construção do Ego, aquela área da nossa psique com que nos confere identidade e que faz a mediação entre o que vivemos no interior (vontade) e no exterior (realidade).
Na teorização de Freud, o Ego é uma estância da consciência individual que trabalha como intermediador nesse caminho entre vontade e realização, fazendo com que a pessoa perceba, pela razão, o momento e o caminho certos para que o que ela deseja possa ser concretizado dentro das possibilidades daquela realidade - conforme a leitura que a pessoa consiga fazer do mundo em que vive, o chamado "princípio de realidade".
Nossas ações no mundo vão também confirmando quem somos para nós mesmos ao longo da vida e se fazemos coisas "boas" vamos acreditando que somos "bons", e assim por diante nossa autoimagem vai se formando com base nessa classificação das nossas atitudes. Somos o que fazemos.
Mas se aquilo que fazemos não corresponde à nossa vontade mais genuína acabamos nos comportando como marionetes do desejo alheio, nossa própria imagem fica distorcida e não nos reconhecemos mais pois não há coerência entre o que queremos e o que fazemos.
Alguém nos colocou naquela posição e não conseguimos mais sair desse lugar, ficamos dependentes e nossos movimentos na vida acontecem apenas pelo estímulo externo.
Acreditamos que temos que fazer certas coisas que combinem com a posição em que fomos colocados e acabamos comprometidos em consequências que podem nos levar para ainda mais longe daquilo que realmente desejamos, num círculo vicioso de insatisfação-dependência- frustração do que se compreende como "ego desestruturado".
Nesse contexto não há nenhuma autonomia moral e todas as vontades da pessoa ficam em segundo plano esperando para acontecerem, enquanto ela própria realiza apenas o que os outros esperam dela. Essa incoerência vai criando uma noção falsa de que "não dá pra ser diferente" e vai nos imobilizando perante a vida, levando a uma sensação constante de insatisfação.
Controlar é o verbo chave aqui e por volta dos 4 anos a criança já controla bem seus movimentos corporais, começa a se interessar por aquilo que requeira maior habilidade manual como pinturas e massinhas, já demonstra seu interesse por aquelas comidinhas que gosta e pode já ter seus amigos preferidos, manifestando sua vontade de fazer algumas coisas e buscando os recursos do seu mundo para fazer o que deseja.
O número quatro e o caráter ativo do lado direito (o lado do movimento, da energia yang) vem bem marcados na simbologia da carta ilustrada por Frieda Harris. Até a perna do Imperador forma um número quatro, que também é associado à estabilidade e controle.
Controlar a vontade é o início do caminho da autonomia, e por isso o arcano do Imperador é associado também ao signo de Áries, cujos valores são liberdade e independência para agir. A ideia de autonomia nos propõe que, para que nossa vontade seja realizada, temos que buscar uma maneira própria de realizá-la.
Nossa primeira vontade no mundo é a de alimento. Logo após nascer, o bebê já tem esse reflexo de sobrevivência e busca sozinho o peito da mãe, chegando a rastejar pelo corpo dela até encontrar o seio. Tanto o movimento quanto a postura foram conquistados pelo pequeno bebê, e assim deve ocorrer com cada novo movimento seu nessa fase do desenvolvimento humano.
Todas as posturas corporais das crianças devem ser conquistadas para que ocorram corretamente as sinapses cerebrais que vão interligando o fluxo de energia, a coordenação motora do esforço e estabelecendo uma ordem correta na sequência de movimentos e percepção do ambiente. Uma criança colocada numa postura sentada, por exemplo, pode até desenvolver o equilíbrio necessário para se manter assim mas se ela mesma não aprende como chegar nessa postura será incapaz de repeti-la quando quiser e vai ficar dependendo de alguém colocá-la sentada novamente. Ela não dominará o movimento.
Realizar os movimentos da vida por si mesmo, numa analogia com essa fase motora primordial, é muito importante para que nós possamos desenvolver nossas competências. Com as competências ativadas é que será possível, depois, realizar aquelas necessidades internas por nós mesmos e para nossa satisfação.
Reconhecer nossas necessidades internas e encontrar uma maneira de realizá-las é uma arte a ser desenvolvida ao longo da vida. Não raro, nossas vontades não são validadas pelo nosso entorno, podem ser inadequadas ou temidas de acordo com a cultura onde estamos inseridos ou com o que um determinado grupo valoriza. Numa comunidade religiosa, por exemplo, existem comportamentos que são considerados adequados e outros não são, assim, como assumir uma vontade que destoe do que é valorizado naquele ambiente? Num cenário hostil, fica mais difícil sustentar uma vontade que não esteja no modelo daquilo que se espera de nós.
Outras vezes, nossas vontades não "combinam" com a pessoa que pensamos ser porque desde muito cedo recebemos rótulos. Nossos pais nos chamam o tempo todo de "inteligentes", ou "muito maduras para a idade", ou então aquelas crianças "terríveis" que vivem fazendo "pirraças", e assim vamos acreditando que somos aquilo que nos nomearam e passando pela vida sustentando aquele rótulo.
Já pensou no que combina com os seus rótulos? Você sabe quais são os seus rótulos?
Quando ficamos restritos aos rótulos que nos foram dados, nossa posição perante a vida passa a ser de marionetes, pensamos que estamos nos movendo no mundo quando na verdade estamos sendo "colocados em determinadas posturas" pela intenção e expectativas das outras pessoas, como sugere a ilustração do Vertigo Tarot proposta por Rachel Pollack para o arquétipo do Imperador.
A partir das nossas realizações, vamos também construindo a imagem que temos de nós mesmos e nossa representação no mundo. É parte da construção do Ego, aquela área da nossa psique com que nos confere identidade e que faz a mediação entre o que vivemos no interior (vontade) e no exterior (realidade).
Na teorização de Freud, o Ego é uma estância da consciência individual que trabalha como intermediador nesse caminho entre vontade e realização, fazendo com que a pessoa perceba, pela razão, o momento e o caminho certos para que o que ela deseja possa ser concretizado dentro das possibilidades daquela realidade - conforme a leitura que a pessoa consiga fazer do mundo em que vive, o chamado "princípio de realidade".
Nossas ações no mundo vão também confirmando quem somos para nós mesmos ao longo da vida e se fazemos coisas "boas" vamos acreditando que somos "bons", e assim por diante nossa autoimagem vai se formando com base nessa classificação das nossas atitudes. Somos o que fazemos.
Mas se aquilo que fazemos não corresponde à nossa vontade mais genuína acabamos nos comportando como marionetes do desejo alheio, nossa própria imagem fica distorcida e não nos reconhecemos mais pois não há coerência entre o que queremos e o que fazemos.
Alguém nos colocou naquela posição e não conseguimos mais sair desse lugar, ficamos dependentes e nossos movimentos na vida acontecem apenas pelo estímulo externo.
Acreditamos que temos que fazer certas coisas que combinem com a posição em que fomos colocados e acabamos comprometidos em consequências que podem nos levar para ainda mais longe daquilo que realmente desejamos, num círculo vicioso de insatisfação-dependência- frustração do que se compreende como "ego desestruturado".
Nesse contexto não há nenhuma autonomia moral e todas as vontades da pessoa ficam em segundo plano esperando para acontecerem, enquanto ela própria realiza apenas o que os outros esperam dela. Essa incoerência vai criando uma noção falsa de que "não dá pra ser diferente" e vai nos imobilizando perante a vida, levando a uma sensação constante de insatisfação.
Para romper com esse ciclo é preciso assimilar o que realmente é nosso desejo sem se influenciar pelas expectativas dos outros (diferenciação) e sem se prender aos rótulos que nos foram dados (individuação), indo além da dependência da aprovação e buscando liberdade para a relação querer-realizar (tão bem expresso nos valores do signo de Áries).
A posição do Imperador precisa ser conquistada.
Muitas vezes só conscientizar a relação de dependência não é suficiente para modificar a nossa forma de agir, é preciso ainda observação constante e uma dose de auto-disciplina para perceber essa influência do outro e nos mantermos íntegros e fiéis a nós mesmos. Chegar a ser Imperador exige esforço e muita competência!
A posição do Imperador precisa ser conquistada.
Muitas vezes só conscientizar a relação de dependência não é suficiente para modificar a nossa forma de agir, é preciso ainda observação constante e uma dose de auto-disciplina para perceber essa influência do outro e nos mantermos íntegros e fiéis a nós mesmos. Chegar a ser Imperador exige esforço e muita competência!
Então quando esta carta aparece numa leitura é porque chegou
o momento de retomar o controle da sua vida, reconhecendo suas necessidades internas reais para exercer plenamente suas decisões no mundo. O Imperador te desafia a tomar o seu lugar e agir de acordo com a sua vontade.
É hora de se posicionar e defender seus ideais e pontos de vista, de decidir por si mesmo e se independizar.
É hora de se posicionar e defender seus ideais e pontos de vista, de decidir por si mesmo e se independizar.
Verbenna Yin
Astros - Tarot - Psicanálise
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Olá. Adorei o Post. Se eu quiser ativar esse arquétipo na minha vida, eu posso usar diferentes imagens do Imperador? Digo, diferentes cartas do Tarot desse arcano? Obg
ResponderExcluirOlá! As forças arquetípicas não podem ser "ativadas" pela vontade consciente, como Jung sempre reiterou em sua obra. Mas nós podemos observar e aprender sobre os padrões arquetípicos e aí sim nos sermos mais conscientes sobre a sua atuação. As imagens de um arcano do Tarot são referências e podem sim te ajudar a construir uma compreensão mais ampla sobre o padrão arquetípico, seja em você mesmo, seja nas outras pessoas também :-)
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