sábado, 30 de dezembro de 2017

Astrologia para 2018



A posição dos astros na virada do ano pode dar indicações valiosas para as resoluções de ano novo. Este ano, por conta do horário de verão estaremos recebendo 2018 um pouco adiantados aqui na região sudeste, mas por conta da egrégora que se forma no momento da virada e toda a energia mental do coletivo minha interpretação considera esse momento real das comemorações como horário para gerar o mapa da virada do ano. Lembrando que Brasília também adere ao horário de verão.

Assim que teremos um ano 2018 bem capricorniano, com Sol, Vênus, Saturno e Plutão fazendo um Stellium em Capricórnio. Quem dá a tônica aí é o Saturno domiciliado, que vem com força total afinar o ano no diapasão da autorresponsabildiade e na casa das estruturas pessoais: o tempo é de ver a realidade como ela é para lidar com essa realidade sem ilusões. Agora o tempo é de seriedade para assumir responsabilidades e fazer o que precisa ser feito, pessoal e coletivamente.



O Sol um pouquinho à frente de Saturno indica que nossa consciência está desperta, teremos clareza para entender essa nova realidade que vem se delineando e não vai dar mais pra ficar nessa atitude de criar desculpas ou procrastinações.

Quando a gente se nega a ver o que está diante de nós não podemos progredir. Pelo contrário, a negação é uma atitude infantil, uma regressão. O tempo sempre avança e é Saturno, o grande Senhor do Tempo, que nos move para frente.

Plutão vem puxando o grupo todo e mostra que as transformações serão inevitáveis, é hora de crescer e desapegar do que não é essencial porque o caminho de Capricórnio é áspero e íngreme, levar muita bagagem atrapalha a caminhada.

No entanto, Vênus faz parte do grupo e pode nos lembrar de colocarmos amorosidade e delicadeza nesse processo de transformação pessoal rumo à maturidade. Acolha seus medos, cuide-se durante este processo e lembre-se que o padrão da natureza é o crescimento e a abundância. “Hay que endurecerse pero sin perder la ternura jamás.”

Ascendente em Virgem e Meio do Céu em Gêmeos, com a lua geminiana banhando todo o mapa da virada do ano, nos alerta para a tendência de querer fugir dessa realidade mais séria com a tônica Saturnina. O regente Mercúrio exilado em Sagitário também dá esse aviso: cuidado com as decisões rápidas que parecem mais fáceis e com o impulso de resolver as coisas na conversa, tudo isso é uma primeira impressão descuidada que pode agravar situações anteriores que precisam ser revisitadas e resolvidas em 2018.

Júpiter e Marte em Escorpião na casa dos valores indicam que as recompensas materiais virão com esforço este ano, mas essa posição é bem aspectada com o Stellium em Capricórnio. Aqui a mensagem dos astros é para agir responsavelmente para conseguir tudo aquilo que você quer conquistar neste novo ano e que a transformação pessoal passa por essas escolhas também, afinal nossos desejos refletem quem nós somos.

Quem você quer ser em 2018?



quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Veranizando


E hoje recebemos em meio à chuva (aqui em Sampa) o solstício de verão!

O solstício é um alinhamento astrológico, é quando o Sol e a Terra se posicionam na eclíptica exatamente no grau zero de Capricórnio. E este ano chegamos nesse alinhamento junto com Saturno, que se colocou aí primeiro e vai impregnar esta estação com sua consciência de maturidade e firmeza.

Mas vamos falar do verão, essa estação de calor, de festejos e recomeços coletivos.

O elemento do verão é a água e seu símbolo nas tradições xamânicas é o coral, uma cristalização marinha de cor vermelha que lembra o nosso sangue e coração.

Água, sangue e coração são símbolos que falam das emoções humanas, este é um tempo para aflorar os sentimentos e permitir-se sentir através do corpo essas energias intensas que nos mobilizam perante a vida. São as emoções que nos levam a decidir quem queremos que esteja ao nosso lado, o que faz nosso coração bater mais forte e assim definirmos os ofícios que queremos cumprir, o que nos ferve o sangue nos moverá em direção ao que acreditamos ter que lutar.

Nossas emoções são os gatilhos que movimentam a vida e os eventos se movem na fluidez da água, esse elemento que une e conecta, nos dá a sensação de pertencimento e faz brotar os vínculos entre as pessoas. Verão é tempo de união.

A água limpa o ar, nutre a terra e faz verdejar a natureza. É o único elemento que não se perde em sua essência, sempre se pode filtrar a água e purificá-la novamente e, ainda que evapore, a água retorna em forma de chuva. Por isso se associa ao amor, pela sua capacidade de restabelecer o fluxo energético de vida e abundância.

Não é a toa que comemoramos o Natal e o Ano Novo nessa época, é um tempo para estarmos reunidos com quem a gente gosta, de sentirmos juntos a renovação da vida que se reorganiza no ano que chega e para recobrar a esperança num amanhã melhor. É uma nova chance para preenchermos a vida com a água simbólica que nos faz caminhar sempre em frente.


E por conta do calor o verão também evoca esse movimento da água em direção ao alto, as águas evaporam e promovem na natureza um movimento que vai de dentro pra fora, fazendo aflorar e florescer. Nossas águas internas nos direcionam pra fora e assim como novos ramos de uma planta, buscamos também crescer e nos conectar.

A medicina do verão é permitir-se sentir, ter liberdade para se expressar e deixar a natureza fluir as águas em você. Junto com o alinhamento de Saturno no céu, a mensagem é pra sermos responsáveis com nossas emoções, prezando pelo nosso autocuidado em construir relacionamentos saudáveis para nós mesmos. 

Num ambiente afetivo seguro termos a liberdade para sentir a vida sem constrangimentos ou defesas ativadas, e assim podemos relaxar sendo mais espontâneos para receber e doar amor.

Curar-se neste verão é resgatar sua espontaneidade. Permita-se!




sábado, 9 de dezembro de 2017

Tarot e Psicanálise

Meu trabalho terapêutico hoje une uma possível correspondência entre as teorias psicanalíticas mais difundidas (S. Freud, Melanie Klein, Winnicott, W. Reich e J. Lacan) e a simbologia arquetípica contida no sistema dos arcanos maiores do Tarot.

O Tarot é um compêndio de 78 cartas, divididas em 22 arcanos maiores e 58 arcanos menores. Dizem alguns estudiosos do tarot que o compêndio surgiu no antigo Egito, organizado na forma de um jogo para manter o interesse e curiosidade das pessoas - assim, mesmo se eventualmente proibido enquanto jogo, sua utilização resistiria às mudanças culturais ao longo do tempo. Uma solução interessante que leva em conta o conhecimento das características humanas e suas respostas comportamentais esperadas.

Os arcanos maiores são representações simbólicas de atitudes, comportamentos e momentos de vida comuns a todos os indivíduos e seguem uma lógica própria do que seriam, cronologicamente, as etapas de amadurecimento de uma pessoa diante da vida.

Nessa abordagem, o tarot seria um estudo das possibilidades de cada uma dessas etapas, quais as características e os desafios propostos em cada uma dessas fases da experimentação humana e quais comportamentos estariam relacionados a cada um desses momentos. Também indica que essas etapas seriam cumpridas na linha do tempo de todas as pessoas, sendo, portanto, experiências comuns a todos e reconhecíveis por qualquer um.

Sob essa ótica, a compreensão dos arcanos maiores do Tarot enquanto um roteiro das etapas de amadurecimento humano guarda bastante similaridade com a proposta do processo de individuação de C. G. Jung.

O processo de individuação seria um caminho percorrido por cada indivíduo, de forma única e singular, com a finalidade de diferenciar-se dos outros e ao final reconhecer-se completamente em sua essência, percebendo todas as suas reais características e potencialidades – o que lhe permite promover em sua vida as condições para que seus atributos possam ser exercidos com liberdade, espontaneidade e de forma positiva para si mesmo para o grupo a que pertence.

Assim, em última análise, o processo de individuação é positivo também para a criação de uma sociedade mais justa e colaborativa como anos mais tarde teorizou D. Winnicott na sua teoria do amadurecimento pessoal.

Este tema me toca pessoalmente por eu já ter experiência na leitura do Tarot numa abordagem terapêutica, ou seja, utilizando as cartas como forma de retornar o indivíduo a um estado de harmonia interna e pacificação anterior. Porém, ao longo do curso de psicanálise fui percebendo paralelos muito interessantes entre a abordagem terapêutica do Tarot e as diversas teorias psicanalíticas estudadas, em especial o processo de individuação e a sincronicidade.

Apesar de todo o misticismo associado à leitura do Tarot, que poderia gerar uma certa resistência em aceitá-lo como método terapêutico, na minha visão é possível utilizá-lo como uma ferramenta bastante eficiente para acesso ao inconsciente, tanto para manifestar conteúdos latentes do inconsciente do analisando como também para catalisar o conteúdo simbólico dos sonhos e representações da realidade que o analisando trouxer para o setting analítico, pela proximidade dos símbolos individuais com os arquétipos coletivos do Tarot.

Entender melhor as correspondências entre as duas abordagens possibilitaria ao terapeuta e ao analisando, a meu ver, uma objetividade no tratamento dos conteúdos acessados em terapia, pois ao colocar esses conteúdos em perspectiva para o próprio analisando, essa nova maneira de olhar para os próprios conteúdos poderia contribuir positivamente no seu processo analítico.

Tenho notado algumas vezes que ao olhar para uma carta do Tarot o analisando reconhece uma linha de coerência entre determinados símbolos, sua história pessoal e seu momento atual. Como por exemplo, é muito comum que um analisando com questões maternas e fixação oral “escolha” a carta da Sacerdotisa ou da Imperatriz – que, como veremos adiante, são representações simbólicas da relação com o princípio feminino.

Também tenho presenciado analisandos que conseguiram elaborar alguma percepção sobre si mesmos a partir dos desenhos e símbolos contidos na carta escolhida, como se a imagem comunicasse uma ideia a seu próprio respeito e de súbito lhes chegasse uma compreensão inteira que até aquele momento ainda não tinha sido possível.

Numa visão integrativa, assim como é possível selecionar a teoria psicanalítica mais adequada para cada pessoa conforme o quadro apresentado no setting, também me parece possível associar determinadas teorias psicanalíticas a cada um dos arcanos maiores do Tarot e submetê-los à “escolha” do analisando - o que sinalizaria que cada arcano do Tarot contém em si uma representação simbólica de um quadro psíquico e uma possibilidade de encaminhamento terapêutico correspondente e mais adequado.

Dessa forma, apresentar as possíveis relações entre as diversas teorias psicanalíticas e os conhecimentos associados aos símbolos do Tarot me parece bastante pertinente e oportuno. Vivemos num país em que a maior parte da população é muito receptiva às terapias alternativas e cada vez mais surgem novos olhares e desenvolvimentos que permitem dar mais acolhimento e alívio para os sofrimentos humanos.

Por outro lado, uma abordagem integrativa e integradora das diversas teorias psicanalíticas confere ao profissional um maior leque de opções para tratar de cada analisando de forma personalizada, única e singular, mais adequada àquela história de vida e ao seu momento pessoal. Dentre as várias opções, seria possível ao psicanalista lançar mão do Tarot como mais um recurso e adaptar sua terapêutica para cada pessoa que chega no setting buscando alívio para suas dores emocionais.

Se este trabalho possibilitar o uso do Tarot numa abordagem psicanalítica e para fins terapêuticos que reflitam numa melhora das condições do analisando, tudo terá valido a pena!

Verbenna Yin
Astros - Tarot - Psicanálise