sábado, 29 de dezembro de 2018

2019 - Ano de Marte

verbenna yin


Muita gente tem me perguntado sobre essa coisa da regência do ano, o que isso significa. Essa é uma prática muito antiga chamada de Estrela dos Caldeus e que define ciclos, padrões de energia que vigem durante um certo período de tempo - 36 anos. Dentro desse período existem tônicas anuais e a cada ano temos um planeta que simboliza essa tônica enquanto uma predisposição a determinada atitude.

Estamos num ciclo de Saturno desde 2017 e para o próximo ano esperamos a regência de Marte a partir do ingresso do Sol no ponto vernal de Áries, o ponto zero do zodíaco que começa no Equinócio de Outono para nós do Hemisfério Sul.

Marte é o arquétipo do guerreiro, representa uma atitude mais independente, destemida, que busca autonomia e conquistas. Corresponde à nossa noção de libido, a energia que nos mobiliza diante da vida e que se manifesta através da criatividade, da agressividade e da sexualidade.

Marte nos impulsiona para aquilo que desejamos, é a energia que nos tira da zona de conforto e nos faz caminhar em direção ao horizonte - onde quer que ele esteja.

Às vezes não desejamos a energia de Marte, estamos nos sentindo bem no lugar que ocupamos e com o que fazemos. Quando estamos sossegados não queremos que as coisas mudem. Mas Marte é essa inquietação, é a mente que não pára de pensar numa nova conquista e o corpo que estremece diante da visão daquilo que pode ser. Marte é energia e movimento, é a dança livre pela vida, é a satisfação de ter o seu desejo atendido.

Mas Marte também é o uso da força para assegurar a vontade, é a intolerância com a escolha do outro, o atropelamento daquele que não tem a mesma velocidade, é o combate de ideias e opiniões. É a impossibilidade de lidar com a frustração, a violência e a destruição promovidas por quem pode mais.

No momento da virada do ano Marte estará conjunto a Quiron em Peixes, marcando um ponto celeste que será especialmente ativado quando ingressarmos no ponto vernal de Áries e ativarmos a regência de Marte em Março de 2019.

Nesse ponto marcado, Marte estará muito perto da sua morada, a 1 minuto de entrar no território de Áries, mas ainda em Peixes. E esse 1 minuto pode fazer toda a diferença num ano com cenário tão desafiador como será 2019 (já falamos sobre as possibilidades do ano num post anterior).

Marte no último grau e minuto de Peixes ainda sonha com a utopia que nos move adiante, ainda acredita no poder do vínculo e no potencial de um grupo movido por propósitos mais elevados. Ao lado de Quíron, Marte pode nos mostrar o caminho de uma cura coletiva por meio da atitude compromissada com a empatia, a tolerância e colaboração entre as pessoas.

Marte em Peixes é a noção de que podemos avançar e conquistar muito mais se formos juntos e que na união as forças se multiplicam.

Quando Março chegar e a regência de Marte se consolidar, esse ponto marcado fará um sextil favorável. Então é muito importante que a gente se mantenha firmes no propósito de sustentar essa consciência de um novo paradigma de convivência, que em vez de dominância e intolerância preguemos empatia e solidariedade. Pense positivo e aja positivamente também, reforce essa energia nas pequenas atitudes diárias. Escolha o bem.

Os tempos não serão fáceis no próximo ano, mas sonhadores serão cada vez mais necessários. Que não percamos a utopia de um novo horizonte nem o destemor do guerreiro que acredita na vitória. O cenário para o próximo ano realmente é duro, mas resistiremos.

Cuidem-se bem.

domingo, 23 de dezembro de 2018

Previsões para 2019 - Astrologia

verbenna yin


Nesta época de virada do ano, de conclusão do que foi possível e ajustamentos das metas para o novo período, nossa postura é adotar um olhar mais otimista para o ano que virá e gostamos de acreditar que no próximo período teremos melhores chances para conquistar aquilo que desejamos. E assim criamos juntos, 7 bilhões de pessoas ao redor do mundo, uma magia muito forte e poderosa para abertura de novos caminhos e firmeza de intenções que tem toda chance de manifestar na nossa vida dali pra frente.

Mas 2019 será um ano bastante desafiador e requererá de todos nós muita paciência, resiliência e determinação. No mapa da virada do ano, o Sol estará em Capricórnio em conjunção com Saturno domiciliado, que por sua vez é o regente do mapa do Brasil. Podemos contar que no novo ano cada pequeno passo será dado com esforço e não haverá espaço para fraqueza nem dúvidas. O andar deverá ser resoluto e a postura para todo o período é a de força e firmeza em si mesmo, justamente como simboliza Capricórnio.

No aspecto macro, Saturno também simboliza as figuras de autoridade e nesse sentido podemos esperar que haverá um tempo de comandos firmes e autoritarismos bem exigentes no novo governo. A ordem social será mantida a custo de muita repressão ostensiva, deixando claro quem manda e quem obedece. O ascendente da virada será em Virgem, uma energia muito frágil emocionalmente, o que a um primeiro momento contribuirá para o estabelecimento desse cenário mais autoritário.

A Lua, significadora do povo, estará na fase minguante e aplicando à Venus já fragilizada em Escorpião: podemos esperar do governo medidas nada populares que impactarão especialmente as mulheres de maneira negativa. Como Lua e Vênus estarão na Casa2, é possível que as medidas na prática criem restrições financeiras e econômicas às mulheres e ampliem a desigualdade de gênero na produção de renda e riqueza no país.

A casa das 3, das comunicações, também aparece fragilizada no novo mapa, indicando um tempo onde a mídia e a divulgação de notícias serão controladas firmemente com o objetivo de consolidar uma ideia de desenvolvimento numa única direção com um discurso totalitário, beirando o fanatismo, sem espaço para diálogos ou ponderamento de opiniões contrárias.

No aspecto financeiro Netuno está passando pela casa 2 do Brasil, causando o embotamento da percepção quanto ao propósito das medidas econômicas gerais. Podemos esperar medidas e operações financeiras que sejam apresentadas sob um determinada justificativa, mas que na verdade servirão a outros propósitos. Netuno cria uma névoa, uma cortina de fumaça que encobre as reais motivações das coisas, e estará durante todo o ano pairando sobre a casa da economia, trazendo um período de oscilações e confusões nessa área.

Pois é, o cenário geral não é bom.

Mas todo mapa tem pontos de equilíbrio e compensações, e neste mapa da virada não é diferente. O regente do mapa 2019 é Mercúrio e ele aponta num aspecto duplo para o Meio do Céu em Gêmeos, seu domicílio, apesar de estar preso e exilado na área do Nadir. Isso simboliza que há informações e revelações importantes que estão sendo mantidas em segredo mas que sua divulgação pode sim desestabilizar o cenário de controle absoluto que se aproxima. Teremos três grandes chances dessas revelações acontecerem, em Abril, em Junho e em Dezembro, pois Mercúrio está fragilizado e certamente dará com a língua nos dentes. A qual dessas datas estaremos atentos?

Outro ponto de equilíbrio do mapa da virada é a formação de um Yod direcionado também ao Meio do Céu em Gêmeos. Sustentado pelos significadores do feminino em desvantagem (Lua e Vênus em Escorpião) e pelo masculino privilegiado (Sol, Saturno e Plutão em Capricórnio), com o ponto central equilibrado em Mercúrio em Sagitário, essa formação aponta que é muito importante dar lugar para o “Caminho do Meio”. De equilíbrio vem a noção de equidade, equidade entre homens e mulheres, sendo Mercúrio justamente o ponto equidistante entre os significadores feminino e masculino deste mapa.

Esta área estará especialmente ativada em Junho, quando podemos esperar manifestações populares e mobilizações por meio das mídias sociais, com apoio e visibilidade internacional. Pode ser um momento muito bom para promoção de ideias que resgatem o propósito de união entre as pessoas e superação das diferenças de opiniões pessoais em torno de um ideal comum que seja preponderante. Gêmeos é regido pelo ar então toda atividade de transmissão de mensagens e comunicações será favorecida nesse período, seja pela emissão das mensagens seja porque haverá receptividade mental para acolhê-las.

A metáfora celeste aponta então que 2019 será um ano para nos conscientizarmos de verdade sobre as diferenças marcantes entre os gêneros e o quanto todos nós perdemos de avançar, enquanto civilização, enquanto não integrarmos as forças masculinas e femininas que compõem a base da nossa nação.

Vivemos num país que foi colonizado violentamente, onde as mulheres foram usadas como procriadoras à força por muitos e muitos anos para garantir uma população trabalhadora que cumprisse com o propósito da colônia de exploração da terra. Nossa herança inconsciente coletiva é a de mulheres subjugadas e vitimizadas (Escorpião) e de homens violentos e dominantes (Capricórnio) e esses arquétipos ainda povoam nosso imaginário.

Está na hora da gente colocar esses aspectos da nossa história nacional às claras para que possamos nos tornar conscientes desse desequilíbrio que é fundante da nossa identidade brasileira e que ainda norteia uma concepção de família muito equivocada nos dias atuais.

O Brasil é um país de energia feminina, suas datas nacionais marcantes são sempre em signos femininos (Abril/1500 – Touro; Setembro/1822 – Virgem; Nov/1889 – Escorpião), aliado ao fato de termos uma extensa rede hídrica e um litoral continental que reforçam a presença do elemento água na composição da nossa nacionalidade. A grandiosidade do Brasil é justamente a sua força feminina exuberante.

Em 2019 os marcadores em Gêmeos pedem para darmos um passo rumo à reparação histórica das desigualdades de gênero, reinserindo a noção do real valor da mulher na família e na sociedade bem como fortalecendo a presença feminina nas diversas áreas do conhecimento e da geração de renda.

Gêmeos aponta a chegada do novo, das novas ideias e dos novos sonhos que nos mobilizam ao futuro, e neste novo ano o futuro vai chegar pelo respeito aos atributos da energia feminina: receptividade, resiliência, cuidado com a vida e união. Todos nós, homens e mulheres, podemos honrar a energia feminina ao nos mantermos conscientes de que essa energia é GERADORA do futuro que queremos.

Como diz Jodorowsky: “La finalidade de tu vientre no es crear um feto. La finalidade es crear consciencia.”

Que futuro estamos criando se permanecermos reproduzindo um paradigma de dominação histórica do feminino?

Que em 2019 nós possamos superar as visões culturais que ainda oprimem as mulheres e possamos dar um salto de desenvolvimento rumo à equidade entre todos. Essa reintegração das forças arquetípicas masculina e feminina no inconsciente coletivo dos brasileiros será essencial para renovar em nós a noção de unidade que teremos que cultivar para resistir às investidas do ostracismo e retrocesso que permanecerão no ar até 2020, quando iniciaremos a transição para os ideais de Aquário.

Até lá, desejo a todos muita força e firmeza.

Solstício de Verão 2018

verbenna yin


Entramos oficialmente no Verão, a estação onde recebemos a maior insolação pois o astro rei permanece visível na maior parte das horas do dia, aquecendo e trazendo vitalidade e desenvolvimento.

A natureza responde ao maior tempo de insolação produzindo flores e frutos, movimentando a energia do interno para o externo. E assim também somos nós, passamos a mobilizar nossa energia de dentro pra fora e ficamos mais interessados em sair, ver coisas novas, aprender, socializar, trocar conversas e afetos. Este é o tempo das confraternizações, presentes, amigos secretos, bares cheios de gente e praias lotadas.


Durante o período do verão a influência que recebemos nos mobiliza pelo elemento água, pelas emoções. Na natureza, tudo precisa de água para crescer e nós precisamos vivenciar nossas emoções para seguirmos nossa jornada de expansão diante da vida. No verão estaremos mais abertos e disponíveis às conexões, prontos para vivenciar os vínculos e nos sentirmos pertencentes.

A sensação de pertencimento é essencial para a saúde do Ego, sem essa noção de que pertencemos a uma família, a algum grupo ou à uma nação, ficamos desconectados e passamos pelas experiências de convivência sem ver sentido nelas. Por isso o Natal aqui no hemisfério sul é um tempo de agregamento, onde as pessoas tentam colocar de lado as diferenças para unirem-se diante de um ideal comum que possa superar as eventuais diferenças de opiniões e promover a união.

Uma pessoa que sabe de onde veio, qual sua raiz e a que família do mundo ela pertence (ainda que não seja a nossa família de origem, podemos integrar uma família de pessoas afins que se encontram pela vida) se sente mais segura para atender o chamado do verão, para lançar-se confiante em direção à socialização, às trocas e aos afetos.

Estar atento às próprias emoções é o convite do solstício de verão, que chega ao mesmo tempo em que a Lua se torna Cheia em Câncer, denotando que o tempo é mesmo de se guiar pelos sentimentos e perceber com o coração quem são as pessoas que te fazem vibrar na amorosidade e na positividade, reconhecendo então que seu lugar no mundo é onde seu coração se sente em paz.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Lua Cheia em Câncer - 22/12/2018

verbenna yin


E chegamos na última Lua Cheia do ano 2018, que ocorre no eixo Câncer-Capricórnio e tem como tema o fortalecimento do si mesmo para poder se reafirmar em bases mais positivas, amorosas e confiantes.

No momento da formação da lua cheia Urano, o planeta das situações inesperadas, estará ascendendo no horizonte em forte aspecto com Lua e Sol, e o Meio do Céu será marcado em Aquário. Isso quer dizer que podemos esperar notícias surpreendentes e reviravoltas nos próximos dias.

A lunação abriu no início do mês pedindo atenção para o ressurgimento da sensação de intolerância e de um comportamento autoindulgente e entorpecido diante dos eventos que vem se desenhando - o que poderia nos levar a uma sensação de impotência diante da realidade.

E aí é tão mágico observar como os céus nos mandam tanto os desafios para o nosso crescimento quanto as chaves para lidar com eles.

Nesta Lua Cheia o propósito é justamente que a gente se fortaleça, encontre a nossa firmeza interna (Sol em Capricórnio) para dar conta de todo o comprometimento com a positividade que devemos manter nas nossas atitudes e pensamentos, cultivando uma postura mais confiante e segura, saindo das dúvidas e medos e partindo para a ação concreta, mais certa da direção a seguir (Lua em Câncer).

Tanto Câncer como Capricórnio são signos cardinais, então são energias de mais segurança e assertividade. Nesses territórios não há lugar para dúvidas, fazemos o que temos que fazer e pronto. Simples assim. São signos resolutivos e que definem situações.

Então desde o início de Dezembro, provavelmente, já deve ter batido na porta de vocês o tema que precisa ser levado a sério e resolvido de uma vez por todas. Começamos o mês nos apercebendo de que há algo que nos incomodava e que estávamos levando no banho-maria, sem força para enfrentar e no melhor estilo “me engana que eu gosto”, mas agora a lua cheia pede para que essa situação seja decidida de fato e concluída definitivamente.

O que você vem empurrando com a barriga sem querer enxergar com clareza porque se sentia enfraquecido para a tomar a atitude certa?

O quanto vai te custar continuar olhado pro outro lado e não resolver agora essa pendência?

Você vai se perdoar se perder a chance de resolver isso hoje?

Aproveite a egrégora do final do ano, onde o mundo inteiro estará no mesmo movimento de encerramento de ciclo e se preparando para a chegada do ano novo, para resolver de uma vez por todas esses assuntos que ficaram pelo caminho. Seja uma dívida, um pedido de desculpa, um posicionamento que você ainda não teve coragem de fazer, o reconhecimento de um sonho antigo que precisa ser vivido... não importa o que seja, embarque na energia desta Lua Cheia e faça o que precisa ser feito. Aja!!

Urano estará favorecendo todas as decisões que forem tomadas neste período. Ele é o dono do acaso e das sincronicidades, ele precede o tempo e nos guia em direção à correspondência entre mundo interno e mundo externo. Em aspecto positivo com a lua cheia, Urano vai dar aquela forcinha extra, o componente inesperado com o qual a gente não contava, mas ao dar o nosso salto de fé o Universo pode nos contemplar movendo a peça que faltava para completar o cenário.

Todas as coisas tem o seu tempo certo e pode ser que até aqui o tempo certo ainda não havia chegado, foi preciso espera, paciência e resiliência. Mas se você não agir agora, pode perder a oportunidade pela qual vinha esperando esse tempo todo.

Então, pra nos inspirar, vou deixar essa citação do livro Rumi que eu gosto muito:

"Ser paciente não é somente
'sentar e esperar',
ser paciente é antever.

É olhar para o espinho e ver a rosa,
observar a noite e já imaginar o dia que virá.

Os amantes são pacientes.
Eles sabem bem como a lua leva o seu tempo
para tornar-se cheia..."

domingo, 9 de dezembro de 2018

Lunação de Sagitário - 07/12/2018

verbenna yin


Chegamos na lunação de Sagitário, um tempo para se conectar com todo o potencial de expansão, direcionamento, elevação e cura que este posicionamento promove. Sol e Lua estão em conjunção com Júpiter, o grande benéfico, que por sua vez está muito bem posicionado em seu território (Júpiter rege Sagitário) e atua com força total, ampliando a energia de positividade, crescimento e cura para situações físicas e espirituais ao longo de todo o mês.

Para esta lunação ficam favorecidas todas as atividades de aprendizagem, cursos e estudos, bem como viagens e contatos com o estrangeiro, o diferente e o exótico. Júpiter é muito expansivo então podemos também esperar momentos de comemorações de fim de ano, festa da firma, novas amizades e bastante movimento na vida social.

Também ficam favorecidas as conexões com a espiritualidade, a busca pelo seu propósito individual, as peregrinações e tudo que se relacione com a religião no sentido do “religare”, da reconexão com o divino. Todos devemos sentir esse direcionamento à espiritualidade porque a flecha do arqueiro está notadamente apontada para esse tema.

Coletivamente, porém, o momento não é bom. A Lua Nova é desafiada por Marte e Netuno em Peixes, conjuntos, que dão um tom de fanatismo e intolerância religiosa chegando nesta lunação. Netuno é o planeta da névoa, da miragem, seu efeito causa um embotamento da consciência e o momento é de ser pego de guarda baixa, sem se dar conta de estar sendo dominado. Marte está embriagado por Netuno, entorpecido e sem capacidade de atenção, dificilmente conseguirá reagir à onda impositiva de fanatismo religioso que se aproxima.

Estamos já vendo alguns retrocessos no setor político, pensamentos antiquados e discursos inflamados, fundamentados numa religiosidade que está dominando cenários maiores e isso é bem preocupante porque os céus favorecem temporariamente essa onda de posicionamentos mais intolerantes e contundentes. Aliás, na próxima lunação essa onda se intensificará e teremos uma virada de ano de muitas surpresas.

Para quem está disposto a recorrer à espiritualidade como auxílio para estes tempos mais difíceis, porém, os céus ajudarão. Júpiter, ainda que em aspecto tenso com Marte, tende a fortalecer em nós a noção de que precisamos ser mais compreensivos uns com os outros e teremos que aprender a conviver com menos razões e mais disposição para compartilhar. Marte em Peixes não quer briga, quer união, paz e amor para todos.

Júpiter também rege Peixes então a tendência é que eventuais conflitos de posicionamentos mais inflamados sejam apaziguados diante da vontade maior de se sentir conectado ao outro. Precisamos encontrar maneiras de sobreviver à divisão que os conquistadores tentam nos impor, não somos “coxinhas” versus “mortadelas” nem “azuis” contra “vermelhos”, somos pessoas que vivem numa mesma nação e estão cada vez mais sentindo a dor que essa suposta separação no campo das ideias pode causar e entendendo que todos nós perdemos quando acreditamos que estamos de lados opostos.

Não somos opositores, precisamos de mais espaços para dialogar e unir propósitos, precisamos de tempo para reconsiderar nossos posicionamentos e coragem para entender quando é o momento de abrir mão da razão evoluirmos todos juntos.

Caminhando para as festas de fim de ano, esta lunação nos convidará a reflexões importantes para que possamos manter o clima de paz e amor para além do Natal, incorporando novas atitudes que garantam uma coexistência e uma pluralidade que poderá enfim nos direcionar ao crescimento e expansão, individual e coletivamente.

Esse é o tempo do arqueiro, miremos no que importa.

Astrologia e afetos de vanguarda




Histórias de amor e ajustes amorosos, eu ouço coisas muito interessantes durante as consultas de tarot e astrologia com esse tema. E percebo como esses saberes condensam possibilidades muito mais amplas do que a nossa cultura e senso comum admitem.

Recentemente atendi uma pessoa que estava casada já há alguns anos e apesar de viver nesse casamento tudo que o script manda (dedicação mútua, sucesso profissional e financeiro, viagens, casa própria) estava se sentindo muito insatisfeita. Os filhos desejados, não vieram.

Essa pessoa tinha vários posicionamentos em signos de ar, notadamente Gêmeos e Libra. Os signos de ar tem como característica serem direcionados ao futuro, ao novo e ao diferente, e naquela configuração sinalizava que o novo alimentava o mundo dos afetos, para aquela pessoa a diversidade no campo dos relacionamentos era positiva. Fui me dando conta do quanto aquela pessoa ainda não tinha admitido isso para si mesma.

Perguntei então o que ela achava de ter um relacionamento aberto, numa clara provocação para ver o que ela me diria. Os olhos arregalaram e ela olhou pra mim de volta com um sorriso no canto da boca, disse que era "seu sonho" mas não havia nenhuma chance disso acontecer no casamento dela. 

Conversamos então sobre a relação entre os posicionamentos no mapa dela e essas possibilidades "mais modernas" de ajustes nos relacionamentos, e naquele momento ela se contentou em ENTENDER o porquê de em tempos em tempos ela sentir muita vontade de "trair" o companheiro com pessoas muito interessantes, apesar de nunca ter levado esse desejo adiante. Trair aqui está entre aspas porque na noção de não trair o outro, quem estava se traindo era ela.

Mas entender de onde vinha o seu desejo foi suficiente para ela naquele momento e ela chorou, disse que estava aliviada e que agora via algum sentido na angústia que vinha sentindo.

Pelo nosso senso comum, que internalizamos tão bem, ainda acreditamos que casamento monogâmico é fórmula de sucesso para todos os relacionamentos afetivos, especialmente para mulheres que seriam supostamente mais "emoção" do que "razão" e precisariam se sentir seguras numa relação estável com uma única pessoa.

Pela astrologia não é bem assim, existem na natureza predisposições à monogamia tanto quanto existem predisposições à diversidade.

Eu penso que alguns posicionamentos astrológicos indicam que ainda não temos ajustes afetivos que contemplem toda a pluralidade das possibilidades humanas, nossos modelos de relacionamento são insuficientes e não dão conta da vida real. Muito menos oferecem soluções para quem quer exercer uma responsabilidade afetiva nos quadros que destoam do senso comum monogâmico. 

Nosso senso comum nos faz tão julgadores...

E do meu lado eu fico sempre encantada com o quanto a astrologia, apesar de ser um saber tão antigo, consegue simbolizar tão perfeitamente algo que ainda é visto como vanguarda. 

Será que dia vamos lidar melhor com todas essas possibilidades? 

O que você acha disso?

Intuição e técnica



Eu adoro contar esta história, mas nunca contei aqui. Há uns anos atrás participei de uma oficina de tarot conduzida pela queridíssima Petrucia Finkler, que tem um trabalho lindíssimo com o simbólico e outras habilidades (aqui o blog dela, conheçam: https://www.petruciafinkler.com.br ).

Durante o encontro, ela contou sobre métodos de leituras, possibilidades de interpretação, uso de aromaterapia e outras dicas para abrir a percepção, tudo muito novo e interessante pra mim na época.

Aí ela fez um convite impensável: que nós, os participantes, cedessemos para ela um objeto que estivéssemos usando ali, naquele momento. Seriam colocados numa sacolinha. Todo mundo olhou desconfiado, como assim?

Mas cada um deu alguma coisa, uma caneta, um cristal, um prendedor de cabelo, um brinco...

E aí que todos os objetos pessoais foram misturados ali na sacola e jogados no chão, ficou aquela bagunça de coisas no meio do nosso círculo.

Todo mundo se olhando e não entendendo nada.

Então veio a proposta: cada pessoa deveria fazer uma leitura intuitiva daqueles objetos, a partir do seu ponto de vista no círculo, para a pessoa que estivesse ao lado.

Confesso que achei bem estranho, nunca tinha imaginado essa coisa de ler objetos. Mas chegou a minha vez e fiz uma possível leitura que a pessoa do meu lado achou pertinente.

E aí que chegou a vez da pessoa ler pra mim e eu nunca me esqueço dessa leitura. Ela visualizou uma caneta apontando para o anel de alguém ali naquele aglomerado de coisas, e me disse que eu precisava escrever. Que o que eu tinha de mais importante pra dizer, que dissesse escrevendo, e que surgiriam pessoas que achariam esses textos e me acompanhariam, e que as minhas palavras encontrariam o caminho para dar voz a outras pessoas. Por fim, me disse que a palavra pode curar.

Esta semana eu recebi vários retornos sobre o texto da codependência de pessoas que se identificaram e se sentiram representadas ali nas minhas palavras, e me lembrei dessa história. Eu amo escrever e tenho trabalhos escritos muito bacanas pra contar, como as leis que escrevi em favor das mulheres por exemplo, mas os pequenos textos do dia a dia que tocam aqui e ali e que de vez em quando me fazem receber de volta um carinho de quem sabe do que eu estou falando (escrevendo), é muito realizador.

Eu não sei quem foi essa pessoa que me fez essa leitura tão intuitiva e tão preciosa, mas eu agradeço a ela hoje. E à Petrucia, que me fez perceber o quanto escrever sobre o que eu acredito era algo genuíno e importante pra mim ;-)

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Codependência e Autoimportância

verbenna yin


A CODEPENDÊNCIA tem sido uma tônica bem presente nos meus últimos atendimentos. E como fundamento da psicanálise, só nos chegam (e ficam) os casos que representam situações por onde nós terapeutas já caminhamos, e eu afirmo: esse caminho eu conheço bem.

Esse quadro, também chamado de dependência emocional, geralmente se estabelece entre casais mas pode ocorrer em outras configurações de relacionamento como entre amigos ou entre chefe-funcionário. Tem como tônica a manipulação que é exercida entre uma personalidade mais contundente, e geralmente compulsiva e por isso "dependente", que é satisfeita pela outra personalidade mais permeável e influenciável, a "codependente".

É mais visível quando a dependência da personalidade dominante tem um foco definido: drogas, álcoól, sexo, jogo. Mas existem dependências muito simpáticas e socialmente aceitas, como a dependência do trabalho por exemplo, onde a ausência é entendida como atenção à subsistência da família.

Nesse quadro, a personalidade codependente presta todo o auxílio necessário a que o outro possa exercer livremente sua dependência, é permissiva e muitas vezes lida sozinha com as consequências negativas da ausência, no que geralmente é muito eficiente.

Muitas mulheres vivem essa dinâmica psicológica notadamente em relacionamentos abusivos, por conta do estímulo cultural ao arquétipo feminino de mãe e esposa sempre submissa, disponível e valorosa defensora da família constituída. Nessa programação, muitas mulheres acreditam que seu valor esteja em atender a personalidade dominante do parceiro pois esse esforço dela é não só socialmente esperado como também valorizado. Afinal, a "mulher sábia edifica o seu lar" e as mulheres são especialmente eficientes em manter a organização familiar funcionando muito bem, apesar das atitudes do parceiro abusivo.

Aí que essa eficiência toda parece ser sinal de que tudo vai bem, tudo está sob controle e a visão dos outros nos aprovando confirma a sensação de que está tudo certo.

Até o dependente reconhece: "como seria minha vida sem você?"

"Por isso que eu te amo!"

Mas a que custo pessoal para o codependente?

A custo de muita renúncia, de insatisfação, de desconforto e cansaço físico, oportunidades perdidas... Coisas que nenhum dinheiro compra e que tempo nenhum retrocederá para que o codependente busque de volta os momentos que deixou de viver por si mesmo. Sua melhor energia foi destinada a cobrir os buracos que o dependente deixou, para pagar suas dívidas, para explicar o mal entendido, para reparar o que o outro quebrou e suprir o que ele não quis dar.

Você reconhece esse lugar? Pois é, a codependência é o cenário emocional de muita gente. Mas ele esconde uma dura verdade, que é a nossa necessidade de nos sentirmos importantes. A codependência é a sala da AUTOIMPORTÂNCIA.

Essa palavra eu demorei muitos anos para ouvir e ela faz todo o sentido. O codependente julga que tudo que ele faz é muito importante e que sem isso o dependente não vive. Os fatos externos acabam criando uma confirmação disso, pelo que o codependente segue se esforçando para manter a relação a qualquer custo para si.

No fundo mesmo, o codependente quer ser visto, reconhecido. Ele precisa se sentir valorizado como indivíduo e encontra essa valorização no apoio irrestrito dado ao dependente. O codependente só se reconhece e se valoriza quando abre mão de si e se dedica ao outro, fazer pelo outro é um grande troféu que ele se dá e exibe para todos: "olha como eu sou importante, sem mim o fulano não conseguiria".

Algumas abordagens modernas chamam esse comportamento de "narcisimo invertido", pois o codependente admira a si mesmo, admira seu esforço e comprometimento extremos e sua eficiência em superar os problemas que o dependente cria.

Por isso é tão difícil romper com o ciclo dependência-codependência, afinal se o dependente se vai, como serei reconhecido? Como vou me sentir importante?

Fortalecer a autoestima e a independência podem ser caminhos para resgatar a autonomia nessa dinâmica, mas a consciência da AUTOIMPORTÂNCIA é a chave para transformar ativamente essa situação.

A importância que atribuímos a nós mesmos precisa sair do foco externo do "veja do que sou capaz", que busca o tempo todo confirmar que você vale porque se esforça. O esforço não é a medida da nossa existência.

O que é importante está em se sentir livre para ser o que você quiser, no seu tempo e ritmo próprios. É na liberdade que mora a espontaneidade e a alegria, e é por onde circula o amor próprio que nos dá a medida do que nos une de verdade.

Se você hoje estiver numa relação pesada demais, pare de se esforçar tanto e considere: para quê estou fazendo todo esse esforço? Será que esse preço não é alto demais?

Talvez seja tempo de desfazer amarras e testar novas posturas nos relacionamentos, de sair da posição engessada em que você se colocou para finalmente dançar pela vida com mais leveza e doçura.

Lua Cheia em Gêmeos - 23/Nov/2018

verbenna yin


Neste mês a lua cheia acontece no eixo Gêmeos-Sagitário, com um multiplicidade de aspectos para combinar com a energia dinâmica e versátil da força mercuriana que rege Gêmeos.

Essa lua é alegre, leve, divertida e muito disposta a se conectar com o outro, a ouvi-lo e a dar lugar para que se aproxime e fique. O novo é bemvindo!

O período é ótimo para rever pessoas queridas, estar entre amigos, iniciar novos relacionamentos e ampliar os contatinhos. Tudo tem seu tempo e momento, né amores? Pra quem quer diversificar é uma boa hora :-)

Mas para além desse modo "abertura para o novo", vêm também a proposta de aprendizado dessa lunação que começou em Escorpião, ativou a Vênus e trouxe o tema dos relacionamentos. A lua caminhou e agora está cheia, subindo para a consciência as necessidades que cada um tem nesse tema em especial.

Aí que os aspectos que essa lua cheia recebe dos demais planetas são desafiadores, ou seja, nos impelem a ir além do que conhecemos e julgamos saber até o momento. Sempre é tempo de aprender.

A Lua está em oposição a Mercúrio e Júpiter, indicando que pode haver um excesso de pensamentos e ideias que precisam ser colocadas em ordem, podem ser percepções sobre as relações afetivas anteriores que começam a chegar todas de uma vez. É importante ir organizando essas percepções para que elas façam algum sentido. Júpiter amplia tudo o que toca e nessa posição pode nos levar a uma certa empolgação para sair falando coisas, para contar dos nossos sentimentos ou para nos declararmos a alguém. Aqui cabe um certo ponderamento, procure estabelecer prioridades na sua narrativa para não se perder na hora de se declarar para o crush. Faça bonito!

Essa lua também recebe influência de Marte e Netuno em Peixes, pedindo um certo romantismo e ambiente de sonho para que as questões emocionais possam ser absorvidas. Por mais rapidinho que seja Gêmeos, desta vez tem que dar tempo para incluir flores, palavras bonitas e uma aproximação cheia de charme para garantir que o outro permaneça receptivo. Nada de piadinhas sem graça ou sinceridade total, nesta lua cheia o romance é enfeitado e cheio de imaginação.

Mas o aspecto mais impactante é o Saturno fazendo quincunce à Lua Cheia, o que pode influenciar tanto para o bem como para o mal. Aqui o aprendizado é manter a coerência consigo mesmo e ser assertivo com os seus próprios sentimentos. Está na hora de levar a sério a sua vontade de se conectar afetivamente e viver plenamente essa área da sua vida. Não se trata de se comprometer seriamente com o outro, mas antes disso, de se comprometer seriamente em atender você mesmo na sua necessidade de trocar afeto e se sentir amado.

Quando negamos essa necessidade, podemos vivenciar relações menos comprometidas onde nos sentimos preservados em nossa intimidade, mas que no fundo não permitem que a gente chegue naquele nível de troca com o outro onde eu posso ir além e experimentar algo realmente novo.

Este Saturno vem ensinar que o compromisso real é com você mesmo e que o outro detém a energia pra fazer essa ponte com a gente mesmo de volta. A presença do outro na nossa vida é o que nos permite ir além e para romper com nossos próprios limites, entendendo melhor as defesas que sempre usamos e que talvez não precisemos mais, para afinal superar as autossabotagens que nos impedem de sermos felizes no amor.

Até quando você vai ficar fugindo de uma relação legal pra você quando a coisa começa a sair do superficial, criando motivo pra se afastar de quem gosta de você?

O quanto você nega pra si mesmo que sofre com essa atitude?

A afetividade consciente, mais que um compromisso com o outro, é um compromisso consigo mesmo. E quando a gente tem maior consciência desse compromisso interno com a nossa própria afetividade, a gente passa a respeitar mais a aproximação do outro e valorizar a presença do outro na nossa vida.

Os astros nos fazem esse convite hoje, tenha fé e acredite no poder do vínculo que move a energia geminiana na direção da expansão. Com certeza será muito especial se manter aberto para que esse novo outro se aproxime, permaneça ao seu lado e te permita vivenciar todo o potencial da sua afetividade.

Vênus em movimento direto


verbenna yin


Vênus concluiu a retrogradação, em sua dança celeste retomou o curso direto e percorre agora o trajeto de Libra à Escorpião, simbolizando em nós um movimento confiante que reconhece o desejo de conexão com o outro e a necessidade de transformar o medo de se relacionar e os reflexos condicionados pelas experiências anteriores.

Este será um tempo para desapegar das memórias ruins e dar uma chance para que novas ligações se estabeleçam.

E a conexão em si mesma é um poderoso recurso de transformação; como uma reação química, nossa passagem pela vida do outro tem potencial para mudar as duas histórias.

Quem cruzou seu caminho na semana passada quando Vênus retomou o curso direto?

Preste atenção aos sinais, durante os próximos 15 dias pode acontecer um encontro pra lá de impactante onde será possível sentir todo o potencial transformador de uma nova história afetiva - que pode começar a se desenvolver nestes últimos graus de Libra.

Quando chegar ao território da Fênix, Vênus será testemunha de que qualquer centelha pode surpreender. Na presença do elemento certo, a pequena centelha ganha vida e pode virar uma chama brilhante, irradiante, cheia de energia e inspiração para compor uma nova página da nossa história.

Alinhamento Vênus e Urano

verbenna yin


Neste mês de novembro estamos vivendo coletivamente um alinhamento bem interessante: a oposição entre Urano e Vênus. Tradicionalmente, o planeta mais distante exerce influência sobre o mais próximo, assim Vênus é dominada pelos eflúvios de Urano e essa tendência se manifesta em nós nas experiências do dia a dia que envolvam relacionamentos, finanças, autoestima e imagem.

Os planetas são significadores de atitudes e Urano simboliza o rompimento com as estreitezas que nos mantém apertados num lugar comum. É um planeta diferenciado, enquanto todos os outros giram no seu próprio eixo verticalmente, ou inclinado como a Terra, Urano tem um eixo horizontal, ele gira “deitado”. 

Por isso filhos de Urano são geralmente taxados de “do contra”, são os rebeldes que não se conformam com a realidade estabelecida e acabam por se orientar em direção ao futuro sendo visionários de novas realidades.

Urano entrou em Touro este ano, está retrogradação agora mas vem desde maio propondo uma reflexão mais aprofundada sobre as nossas tradições culturais, muitas pessoas tem sentido esse movimento como um retorno do conservadorismo e uma necessidade de se sentirem seguros naquelas regras que “sempre funcionaram”. 

Este é um contato inicial dessa energia uraniana no território taurino, a tendência é a ruptura se manifestar quando superarmos esse momento de revisões culturais pois novos pontos de vista não podem mais ser ignorados. Estamos de fato vivendo tempos onde não se justificam mais certos conservadorismos e mesmo que haja um esforço para voltarmos às formas de antigamente a geração atual não sintoniza mais com essa maneira de pensar. 

Urano traz a vanguarda da arte, do pensamento e da cultura. E ninguém impede o passo desse Titã precursor do tempo, é nele que está o caos enquanto caldeirão de todas as novas possibilidades.

Vênus já é uma energia mais estável, nos move à conexão e ao sentimento de pertencimento, impulsionando os vínculos emocionais que nos fazem sentir seguros, valorizados e amados. Quando nos sentimos valorizados, lidamos melhor com os afetos que se estabelecem nos relacionamentos e, consequentemente, com o valor do nosso trabalho, indicando uma maior fluência no setor financeiro como reflexo do merecimento e da estima própria.

Essa oposição entre Urano e Vênus traz uma certa tensão para a conversa entre os dois planetas e é Vênus quem sente a necessidade de “romper para crescer” que vem de Urano. Lembrando aqui que Vênus está em período de retrogradação, numa sinergia cósmica que indica como o tempo atual é de revisões mesmo para entendermos melhor o que se passa com as nossas emoções e como podemos nos relacionar melhor entre todos.

Então a tendência desse alinhamento é reproduzirmos na nossa área afetiva essa mesma tensão planetária, podemos passar por um período de turbulências nos nossos relacionamentos onde será importante revermos onde estamos estagnados, onde nossos afetos nos seguram em cenários emocionais estreitos e sem possibilidades de crescimento, onde vivemos sempre as mesmas coisas.

Também é possível que a gente se sinta um tanto incomodado com a nossa autoimagem, pode vir aquele ímpeto de mudar o cabelo, contratar um procedimento estético ou considerar um novo estilo visual que componha melhor com nosso momento de vida. Tudo isso é válido e pode ajudar a criar uma coerência externa para as mudanças que já devem estar acontecendo do lado de dentro. Às vezes a gente vendo fora consegue perceber melhor o que acontece dentro, porque tudo está interligado e mundo interno e externo são uma coisa só.

Outra possibilidade interessante desse alinhamento é a percepção do quanto estamos seguindo para uma padronização dos referencias de beleza, criando modelos estáticos e limitados que não contemplam toda a nossa diversidade humana. Em tempos de botox, chapinhas e sobrancelhas arqueadas, Vênus está cansada desse modelo único: está na hora da gente avaliar se os procedimentos estéticos não estão criando um exército de pessoas fisicamente parecidas, com feições adaptadas para atender uma certa “perfeição” mas que no fundo as deixa todas igualadas, sem expressão própria e distantes da sua autenticidade.

O recado é pra gente buscar a beleza sim, pois Libra e Touro são signos que prezam por esse aspecto em especial. Mas é uma beleza que tem a ver com a originalidade, com a liberdade de ser genuíno e mostrar ao mundo sua beleza real sentindo-se bem com isso. Fortalecer a autoestima então é essencial pra gente pode se mostrar com a nossa beleza real sem se sentir julgado, comparado ou reprovado. A Vênus libriana tem lugar para todos os modelos e formas diversas. A hora é de desenvolver autoconfiança e uma certa ousadia pra gente se mostrar ao mundo em todas as nossas cores, ainda que fora dos padrões enaltecidos pelo senso comum.

E você, já percebeu onde o alinhamento Urano-Vênus te toca?

Lunação de Escorpião - nov/2018

Verbenna Yin


A lunação de Escorpião acontece com Sol e Lua alinhados no signo das águas profundas e no território do inconsciente fascinante e brutal. É desse lugar que nascem os desejos, os impulsos que nos movem perante a vida, a necessidade de sobrevivência a qualquer custo e a sede de se vincular emocionalmente com o outro.

A união do Sol com a Lua faz nascer em cada um o desejo de ir mais longe, superar a observação comum e ir descortinando aspectos da realidade que até então eram desconhecidos. Talvez sejam aspectos sobre si mesmo que precisam ser vistos e trabalhados.

O que você tem descoberto a seu próprio respeito e que nunca havia prestado atenção antes?

Será que posso continuar sendo a mesma pessoa e fazer as mesmas coisas de antes agora que sei certas verdades sobre mim?

Em Escorpião a verdade se apresenta completamente nua, sem qualquer artifício ou enfeite, sem eufemismos. Teremos que lidar com essa visão da verdade e daí pra frente tudo toma outra forma, as formas antigas não servem mais. A verdade é transformadora porque nos obriga a um novo posicionamento diante do que foi assimilado, é impossível voltar atrás e a única opção é o desprendimento da situação anterior.

A lua nova se alinha também com Netuno em Peixes, evidenciando que o desejo é de se conectar profundamente com a humanidade que vemos refletida no outro. É na conexão e na solidariedade que nos reconhecemos humanos, valores que são sustentados pela consciência pisciana.

Netuno nesse posicionamento dará o tom dessa lunação, nos inspirando a compor vínculos onde podemos nos sentir aceitos de verdade, sem precisarmos ficar maquiando nem escondendo nada, onde há liberdade para sermos vulneráveis e nos entregarmos ao outro por vontade própria, sem medo.

O inconsciente, simbolizado pela lua, é esse lugar escuro e turvo da nossa mente, onde a visão das coisas é distorcida. Aqui a lua pede para nos esforçarmos a fim de ver o mundo como realmente é e as pessoas com suas reais motivações. Talvez estejamos cercados de pessoas que não respeitam nossa vulnerabilidade, nossa humanidade, e aí pode ser a hora de desapegarmos das etapas já cumpridas que essas pessoas representam.

Quando assimilamos certas verdades, conseguimos nos desprender das pessoas e situações que finalmente conseguimos ver em todas as suas cores e numa atitude de autopreservação vamos nos movendo para outras paragens, longe daquilo que impedia nosso crescimento.

Nesta lunação, o desapego é a chave para continuar o seu curso com liberdade, seguindo um estado permanente de fluxo com a vida. Como se flutuando na água, sendo levado por ela. Confie e aproveite o mergulho.

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Beltane - União das Polaridades

verbenna yin


Hoje é Beltane, a comemoração ancestral da união das polaridades feminina com a masculina que cria o potencial de uma nova vida e nos inspira à renovação e à esperança no futuro.

Jung preservou em seu trabalho essa noção da potência que advém da complementariedade, notadamente quando aponta que a reconciliação arquetípica entre Anima e Animus, no cenário interno da subjetividade, a Sizígia que abre caminho para que possamos nos encontrar com nosso ser essencial, nosso SELF.

Antes de passar pela etapa da fusão dos opostos, podemos ter algumas pistas do que existe nesse nosso cenário interno, vislumbramos lampejos desse lugar secreto e só esse visão pode muito bem nos guiar pelos em direção à autenticidade e à liberdade.

Mas quando conseguimos vivenciar mesmo a experiência dessa fusão primordial, ah meus amigos... Aí tudo muda, as buscas encontram sentido e temos clareza absoluta de quem somos e como podemos nos mover pela vida. Encontramos nosso propósito!

E essa experiência começa nos relacionamentos afetivos, nosso inconsciente nos guia até aquela pessoa que tem os atributos complementares aos nossos para que haja a oportunidade de enxergarmos essas possibilidades - primeiro, vemos de forma projetada, através do nosso conteúdo refletido pelo outro; depois, começamos a perceber que o que vemos nesse outro na verdade é aquilo que precisamos aprimorar em nós mesmos.

E aí iniciamos o caminho de integração de todos os nossos aspectos e podemos criar nossa mandala interna, aquela imagem do si-mesmo que reunirá todos os nossos fragmentos de maneira harmônica, trazendo a sensação de paz pois tudo que nos aconteceu encontrou seu lugar e agora faz sentido.

Essa mesma noção é contemplada na astrologia também quando percebemos a correlação entre Marte e Vênus no mapa individual, o que cria uma forte atração pelas pessoas que possuem posicionamentos opostos aos nossos. Sem perceber, vamos nos aproximando de quem tem essa energia polar e complementar à nossa, e o que vem dessa união é uma sinergia de forças capaz de criar novas realidades - internas e externas.

Arquetipicamente, o amor é o vínculo que permite que essa reconexão aconteça e o desejo é o que nos movimenta em direção à experimentação. Unidos, o amor (Vênus) e o desejo (Marte), o Deus e a Deusa, recriam o futuro. Eternamente.

Hoje, comemorando Beltane, vamos celebrar a união que pode abrir caminho para todas as novas possibilidades de florescer e desabrochar nossa humanidade mais elevada, expandindo sempre, como a Primavera.

Feliz Beltane!

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Lua Cheia em Touro - 24/10/2018

verbenna yin


Hoje é Lua Cheia em Touro, a minha lua natal :-)

Os céus hoje pedem para fazermos um ajuste naquilo que acreditávamos ser correto e estável no que tange às nossas emoções. Urano influenciando a Lua vai indicar a necessidade de renovação na forma como nos dispomos e exercemos nossa afetividade, propondo uma nova maneira de nos relacionarmos com o outro - principalmente, o outro amado.

A pedida aqui é nos desprendermos da necessidade de estabilidade como sinônimo de segurança emocional, perceber como o apego aos modelos tradicionais de afetividade nos limitam e nos mantem enrijecidos, impedindo que a gente vivencie possibilidades de ajustes diferentes com a pessoa amada.

A segurança emocional é de si para consigo mesmo. O outro participa, mas não é o outro quem nos confere a segurança, o desafio é se sentir à vontade o bastante para demonstrar sua afetividade livremente e se entregar ao outro desarmado.

Quando acreditamos que a presença do outro na nossa vida confere estabilidade, depositamos no outro o poder de nos fazer sentir segurança. Nem sempre é assim, muitos casais vivem anos juntos sem estarem unidos de verdade, sem trocarem honestamente os afetos e sem crescerem juntos.

E o contrário também pode acontecer, a gente se relacionar só na superfície, se mantendo distante emocionalmente do outro para impedir que ele nos afete. E aí a necessidade de se complementar nao é atendida porque não nos damos a chance de receber o outro no nosso território.

Será que seu esforço é para manter um relacionamento idealizado ainda que seu desejo não seja esse?

Será que o outro realmente atende o seu desejo?

Essa relação é realmente prazerosa?

Vênus está em movimento retrógrado pela região de Escorpião, aprofundando essa reflexão e pedindo honestidade na expressão dos afetos. Durante a retrogradação, a Vênus pode nos reaproximar de pessoas do passado com as quais temos ressonância e que na época deixamos passar. Atenção pra não perder a chance de novo.

Ao aspectar a Lua, nos faz o convite para encontrar satisfação emocional juntamente com o prazer sensorial de estar com quem nos excita e complementa de fato.

Em Escorpião o desejo é "de verdade" e não tem mais espaço pra gente ficar se enganando: se não arrepia, não vale.

É também desse lugar que vem a orientação para o desapego de tudo o que não é verdadeiro para sairmos da estagnação emocional e novamente movimentarmos a vida, permitindo a aproximação das pessoas que podem nos contemplar da mesma forma.

Então aquilo que não excita de verdade precisa sair e dar lugar para o novo, para que possamos novamente nos conectar com o potencial de crescimento e abundância dessa energia primordial de vida: nossa sexualidade.

Em Touro a Lua ativa todos os órgãos dos sentidos, então para quem está procurando romance a dica é unir os afetos aos prazeres sensoriais de uma boa refeição, um vinho apurado, tecidos suaves e ambientes à meia luz. Afinal, o prazer é inebriante.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Lunação de Libra - 09/10/2018


verbenna yin


A lunação deste mês abre no signo de Libra, onde a tônica são os relacionamentos e a nossa capacidade de compreender e aceitar o outro. Durante o alinhamento entre Sol e Lua, o ascendente estará apontado para a Roda da Fortuna, um setor do céu onde Sol e Lua estão perfeitamente harmonizados e que simboliza boa sorte e positividade para aqueles que estão atentos ao seu próprio desenvolvimento pessoal.

Para esta lunação, o ascendente alinhado à Roda da Fortuna representa um aproveitamento ótimo da sinergia entre Lua e Sol deste mês. Mas este aproveitamento requer esforço, não vem de graça não. É preciso estar consciente e alerta aos aspectos internos para se dar conta deste potencial.

O Sol em Libra nos propõe essa observação mais aprofundada a respeito da qualidade dos nossos relacionamentos, se estamos nos sentindo contemplados com nossos parceiros e se nossas necessidades afetivas vem sendo atendidas. Aqui cabe a reflexão se estamos nos comunicando de forma eficiente com as pessoas com quem nos relacionamentos, se conseguimos nos expressar com liberdade diante delas ou se reprimimos nossas opiniões e vontades para manter uma atitude mais conciliadora e não desagradar – e de quebra continuarmos sendo aceitos.

Será que conseguiríamos nos expor completamente nessa relação e o outro continuaria a nos amar se nos visse desnudados?

Já a Lua é o indicador de onde repousa o nosso inconsciente e os desejos que permeiam esse território. Em Libra, a Lua vai nos revelar qual é a motivação dos nossos relacionamentos, o que tem nos mobilizado em direção ao outro. Será que estamos mesmo querendo compartilhar momentos e ideias com o outro ou será que esperamos receber do outro a validação dos nossos próprios aspectos e nos sentirmos aprovados?

Se nos relacionarmos sempre intencionando aprovação e validação de nós mesmos, perdemos a chance de conhecer toda a diversidade de que o humano é possível. Quando não nos sentirmos aprovados pelo outro, não nos mostramos e não nos conhecemos. Não vamos além.

O movimento da vida acontece para quem se aceita como é.

Todos somos diversos, plurais, e cada um é o resultado de uma gama de forças da natureza que se misturam, se ajustam e compõem uma forma única, individualíssima.

Para observar a beleza dessas formas que cada indivíduo representa em si, precisamos estar abertos e disponíveis à aproximação. Sem aproximação e sem convivência não podemos exercer essa apreciação das diferenças – o que é essencial para conseguirmos ir além na direção de algum progresso próprio e coletivo.

Sem espaço para as diferenças, ficamos restritos ao óbvio e não alcançamos o extraordinário.

Precisamos estar desarmados e positivos para dar lugar à aproximação do outro, para que esse outro possa ser visto, recebido, admirado. Para que o outro possa compor e se integrar. Para que a união e a pluralidade seja possível e possamos, cada um com a sua forma, compor uma grande mandala – onde diversas formas e cores autônomas se encaixam e complementam formando uma imagem maior.

É disso que se trata a energia de Libra, de estar disponível e receptivo para a pluralidade acontecer. Até o signo anterior, Virgem, a energia é individual e os aprendizados propostos são também na esfera individual pois estamos percorrendo o ambiente interno e conhecendo nossas capacidades. Mas a partir de Libra esses aprendizados transbordam para o externo e somos direcionados a compartilhar as capacidades desenvolvidas e a conviver com as várias possibilidades.

Nesta lunação, a chave para o trabalho interno é dada pela Roda da Fortuna em Câncer, que promove uma maior consciência a respeito dos nossos mecanismos de defesa, que nos impedem de nos aproximarmos uns dos outros. Em Câncer pode vibrar o temor de sermos atacados pelo outro e a diferença que o outro representa é vista como fator de risco.

Nessa região do céu, a tendência é neutralizar as diferenças para que elas não nos ameacem – o que pode resultar numa atitude inconsciente de repelir o outro a quem considero diferente de mim. Porque tenho medo dele.

Mas para quem está atento às mensagens dos céus, a roda da fortuna gira na direção da superação do medo das diferenças, a fim de que as energias de receptividade e a colaboração librianas possam ressoar. É em nós que essas energias vibram, somos nós as antenas que irão conscientizar e ancorar essas vibrações aqui na Terra e é nosso dever estarmos atentos à nossa missão com este planeta.

Durante a lua nova, Lua e Sol ficam perfeitamente alinhados e sugerem simbolicamente essa atitude colaborativa entre Ego e ID, entre consciente e inconsciente, entre visível e encoberto. Vamos nos permitir ser colaborativos internamente, para que nossos aspectos conscientes e inconscientes trabalhem juntos num alinhamento inteligente. Disso pode resultar um humano mais expandido em consciência que, por sua vez, irá atuar em prol de uma convivência mais pacífica e harmoniosa com os outros como reflexo da aceitação de si mesmo

sábado, 6 de outubro de 2018

Vênus Retrógrada - 06/10 a 16/11/2018

verbenna yin

Vênus está retrógrada, em relação ao movimento feito pela Terra a direção dela vai no sentindo oposto ao nosso. Isso resulta numa mudança no fluxo de sintonia com a energia da Vênus, que promove em nós a consciência da valorização de si, do desejo de conexão com o outro e da sensação de pertencimento.

Durante o período de retrogradação, essas necessidades podem chamar nossa atenção e teremos que nos esforçar um pouquinho mais para manter esses temas fluentes na nossa vida. Na prática, os relacionamentos e as finanças passarão por um tempo de revisão.

De tempos em tempos sentimos mesmo uma necessidade de rever as escolhas que fazemos e essas duas áreas nos afetam profundamente. Como estamos na égide de Libra, ouso dizer que o tema dos relacionamentos encontrará mais motivos para nos trazer para dentro e termos esse momento de introspecção e reavaliações.

E isso não é ruim, é necessário!

Se queremos nos desenvolver em todas as nossas potencialidades, perceber quais as possibilidades das relações que temos hoje é importante pra gente se situar e tomar boas decisões. Boas decisões pra nós, porque o tema de fundo é a autovalorização.

Será que os relacionamentos que temos hoje nos contemplam?

As pessoas que estão ao meu redor colaboram com o meu bem estar ou eu me deixo influenciar por elas e acabo me perdendo de mim?

Preciso tomar alguma atitude para estar ao lado de quem eu realmente gosto e me faz bem?

Aproveite o período de retrogradação e vá fundo no que precisa ser visto, conscientizado e talvez transformado. Iniciamos a retrogradação justamente no território das transformações e desapegos em Escorpião e em seguida Vênus volta para Libra onde podemos enxergar com mais clareza o que nos mobiliza nos relacionamentos e o que precisamos fazer daqui pra frente.

E vejam só que lindeza que é essa dança de Vênus pelo céu, as "alças" nesta figura são os períodos de retrogradação. Com o tempo e os ciclos, as retrogradações dão forma a essa linda flor, a Flor de Vênus que simboliza a correlação entre flores e amores e inspira os apaixonados a ofertarem flores para as pessoas amadas.

E você, já sabe pra quem vai ofertar seu coração?

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Lua Cheia em Áries - 24/09/2018


verbenna yin


A Lua Cheia desta noite nos fará um convite a uma reflexão muito oportuna e mais que necessária em tempos de polarizações e ódios destilados nas redes sociais. O alinhamento entre Sol e Lua acontece no eixo Áries e Libra que tem por tema “Eu e o outro”.

O Sol está nos primeiros graus de Libra acompanhado de Mercúrio, o planeta responsável pela comunicação, o uso da inteligência, a capacidade de argumentação e percepção do ambiente. Nesta área celeste a consciência é atraída para os relacionamentos e nos damos conta da nossa necessidade de nos sentirmos conectados e pertencentes. Em Libra residem os influxos elevados que movimentam as pessoas a uma atitude mais compreensiva e conciliadora, onde é possível negociar opiniões, ceder espaço próprio para que o outro possa chegar e ficar pois a companhia e o compartilhar são mais importantes. A noção é a de que a união vale a pena.

No pólo oposto está a Lua em Áries, impulsiva, toda independente, querendo mais é ousadia e liberdade para ser o que quiser. Regendo os humores e nosso lado emocional, essa Lua quer mais é ter razão e está disposta a encarar essa briga para ter a satisfação de falar e agir como bem entende.

Conflito certo.

A salvação nessa configuração vem de Quíron, que está nos primeiro graus de Áries, reforçando o alinhamento desta noite.

Quíron é o arquétipo do curador ferido, aquele que cuida e ensina exatamente o que sabe pois vive na própria pele. Em Áries, Quíron representa a consciência de que existe um preço a se pagar pela ousadia de agir e falar impulsivamente, sem se importar com os demais, pois numa atitude intolerante acabamos nos afastando do outro – e no fundo, ninguém vive sozinho.

Somos seres gregários, precisamos de afeto e companhia para nos sentirmos seguros e podermos nos desenvolver primeiro individualmente, depois coletivamente. Quíron em Áries vai indicar que agir sem pensar pode a um primeiro momento dar vazão a uma motivação interna, que é desejante e legítima, mas da qual podemos nos arrepender depois quando nos dermos conta de que se todos agirmos no impulso e com suas próprias razões, ninguém mais se entende. Estaríamos todos sozinhos, desconectados e por nossa conta – o terreno propício para os discursos totalitários como a História nos demonstra.

É preciso aprofundar as razões dos por quês de nos sentirmos hoje tão enraivecidos e impacientes, desejosos por mudanças e novos caminhos. E esse ajuste de consciência está em Libra, o setor das conciliações.

Hannah Arendt afirma que a política é o “espaço entre-os-homens”, no qual acontecem as negociações possíveis entre os diferentes pensamentos e pontos de vistas e onde os acordos são possíveis, atendendo ainda que parcialmente a um e a outro mas visando o benefício mútuo que contemple o máximo possível do desejo de ambos e permita uma coexistência harmônica. Para ela, nesse espaço entre o Eu e o outro a condição humana é diginificada pois ao se esforçar para abrir mão do que é possível ceder e afirmar o que é necessário buscar, o “nós” sai fortalecido e entendemos que a liberdade para se expressar com espontaneidade é algo muito caro.

Mercúrio alinhado vem auxiliar este movimento interno de reflexões, trazendo a predisposição mental à contemporização e a uma atitude mais conciliadora e racional, visando os entendimentos necessários para o “nós” continue sendo possível.

Quero deixar nesta reflexão algumas palavras inspiradoras de John Lennon, que era Libriano com ascendente em Áries e que, portanto, vivenciou esse conflito interno e deixou como legado a música que é um hino pela conciliação e compreensão do humano como forma de crescermos todos juntos:

“Imagine all the people living for today (...)
Imagine all the people living life in peace (…)
Imagine all the people sharing all the world (…)

You may say I´m a dreamer
But I´m not the only one
I hope someday you´ll join us
And the world will be as one”

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Marte e Vênus na Psique

verbennayin


Neste final de semana participei de um ciclo de palestrar e me perguntaram sobre os aspectos astrológicos que unem as pessoas, que fazem a gente se apaixonar. Sem dúvida são as oposições, porque elas acontecem no eixo polar incitando o desejo pela complementariedade.

A gente pode até ter muita afinidade com quem tem aspectos repetidos aos nossos, sentimos que a pessoa "tem a ver" conosco, compartilha gostos, ideias, visões de mundo, e é muito legalzinho estar com ela e tals.

Mas se apaixonar mesmo, sentir aquele arrepio ao se aproximar, se perceber tomado pelo outro e querer inexplicavelmente estar perto, isso só acontece pela energia oposta e complementar. É essa energia da complementariedade que nos mobiliza na direção da conexão, que na verdade mesmo simboliza a fusão de inconscientes que juntos tem uma grande sinergia e potencial de realização.

Jung fala o tempo todo sobre essa noção da oposição de energias como força autorreguladora das experiências humanas, e chega a afirmar uma correspondência entre a necessidade que temos de transcender, atraindo as pessoas que possuem a complementariedade que buscamos, com os posicionamentos astrológicos de Marte e Vênus (pois é, ele manjava dos paranauês celestes todos).

Marte e Vênus também se cruzam aqui na Terra, simbolicamente a Terra é o ponto médio entre os dois planetas e onde resultaria o equilíbrio das forças masculina e feminina. É em nós que se materializa essa lei universal do equilíbrio mediante a compensação das forças, e isso também acontece nesse nível do sutil em que opera a psique.

Os posicionamentos de Marte e de Vênus no mapa individual são as características que conduzem ao casamento alquímico interno, a união simbólica da Anima com o Animus. Essa fusão nos leva ao cenário interno mais profundo e ao contato com nosso SELF, nosso ser eterno que repousa pacientemente esperando ser encontrado pela consciência.

É essa nossa eterna busca, por nós mesmos.

Mas como abrir esse caminho? Trabalhando a polaridade oposta nos nossos relacionamentos. Nos aproximamos dos outros porque vemos neles nossas próprias qualidades projetadas, e nos apaixonamos pelo outro porque identificamos nele, inconscientemente, a complementariedade que nos falta alcançar pois sozinhos não conseguimos sustentar aquela energia, só temos um polo dela.

Por exemplo, se você tem Vênus em Áries, sua complementariedade está em Libra - signos que formam um único eixo e juntos conseguem contemplar integralmente uma área de vida. Vênus em Áries vai ser atraída por Marte em Libra, e vice versa.

Na jornada em direção ao nosso SELF, a psique é capaz de antecipar quem tem em si a energia complementar que vai formar a sinergia necessária à nossa jornada, e aí o inconsciente vai criando e atraindo situações para que esse encontro de forças possa ter lugar, abrindo o caminho para que o nosso melhor venha à tona e possamos nos sentir integrados, pertencentes e completos.

Nesta lunação este tema estará especialmente ativado, dando oportunidade para experimentações bem interessantes na área dos relacionamentos. Aproveite que Marte entrou em movimento direto e Vênus estará receptiva até 06/10.

domingo, 9 de setembro de 2018

Lua Nova em Virgem - Setembro/2018

verbenna yin


A lua nova deste mês acontece no signo de Virgem, e no momento da lunação estará na casa 8, o setor que traz os aprendizados sobre desapego, superação e transcendência.

O alinhamento Sol e Lua sempre representa a união das energias masculina e feminina, numa alusão simbólica ao casamento alquímico que faz surgir algo novo - que terá lugar na lua cheia. Nesta lunação, a união dos opostos Sol e Lua em Virgem propõe um momento de limpeza e desligamento de ideias não construtivas para que o novo se estabeleça.

Ao mesmo tempo, temos ativada a configuração entre Mercúrio em Virgem, Saturno em Capricórnio e Urano em Touro, sustentando uma energia de produtividade com a qual podemos nos sintonizar para tirar projetos do papel e trazê-los à existência concreta. É um ótimo momento para dar vida àquilo que você vem desejando há tempos.

O que você precisa eliminar da sua vida hoje para que aquilo que você tanto quer possa chegar e ficar?

O elemento terra estará especialmente ativado neste período, indicando um tempo de maiores cuidados com o corpo e sugerindo ainda a noção do corpo como fonte de satisfação e prazer.

E pra quem quiser ir mais fundo nessa reflexão, Vênus entrou em Escorpião momentos antes da lua nova se formar. Nesse território das águas profundas do inconsciente, onde o prazer está envolvido, o impulso pelos relacionamentos está em oposição à Urano e quadrando Marte e Lilith. É hora de encarar esse medo que te estaciona na vida, impedindo de ir além nos seus relacionamentos, de se desligar dos modelos tradicionais que impõem como as pessoas devem demonstrar seus sentimentos e as deixam profundamente infelizes por não poderem vivenciar plenamente seus desejos.

O que será que você ainda não conseguiu viver porque estava preso numa única forma de demonstração da sua afetividade? Será que seus relacionamentos seguiram uma receita que não te contempla?

Os céus pedem uma abertura na forma de se relacionar afetivamente, com mais verdade e entrega às próprias emoções, superando o medo da exposição dos sentimentos, para poder desfrutar intensamente do potencial que a união com o outro pode promover, numa sinergia de forças que traz o nosso melhor à tona - sem desconsiderar o prazer sensorial envolvido e que nos faz acessar um repositório interno de vida e reconexão.

Nesta lua nova, plante suas sementes com intenção e faça as limpezas necessárias para que sua alma possa reconhecer esta oportunidade de transcender neste caminhar passo a passo que a lua dispõe até sua fase cheia.

E olha só, a lua cheia vai chegar juntinho com a primavera, a estação do fogo que anima e dá energia nossa vida. Mas isso vai ser assunto do próximo post, fiquem ligados. Até lá!

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Mães Narcisistas



Esta semana dei uma entrevista ao Jornal Estadão, à jornalista Rita Lisauskas, pra falar sobre este tema que, apesar de ser recorrente na história pessoal de muitas mulheres, não recebe o apoio nem a empatia por parte do senso comum pois ainda estamos muito arraigados ao ideal da "mãe carinhosa" que se "sacrifica" pela sua família.

Porém, o Transtorno de Personalidade Narcisista é uma patologia real, reconhecida pela comunidade médica e tem código no DSM, a lista das doenças conhecidas. Ou seja, é uma quadro de anormalidade. E que pode acometer mulheres, determinando a constituição da sua personalidade e se manifestando na qualidade da sua maternagem no futuro.

Nesse quadro, a relação mãe e filha fica comprometida por uma atitude constantemente perversa dessa mãe. A mãe age com hostilidade, falta de acolhimento e cuidados enquanto a filha quer pertencer e tenta agradar o apetite insaciável dessa mãe insatisfeita, o que compromete sua auto estima e capacidade de realização no mundo. Geralmente nesses casos o afastamento é necessário para que a filha possa se recompor e entender suas opções possíveis no relacionamento com a sua mãe dali pra frente.

Mas existe algo aí nessa nomeação do problema que sempre me incomodou, que é o fato dele se fixar no aspecto da hostilidade entre mulheres.

Para a filha, que teve sua personalidade moldada nesse ambiente de hostilidade frequente, será muito difícil confiar em outras relações e contextos, o que promove nela uma sensação de que deve se defender o tempo todo e gera muita ansiedade. E como essa noção é inconsciente, a possibilidade de se gerar uma sombra que atraia justamente pessoas que não merecem confiança é grande, reforçando a sensação de hostilidade do mundo e de incompreensão recorrente.

Já a mãe, que é a parte perversa da história, essa geralmente age com agressividade e pode representar um risco real para a filha criando situações que causam danos de verdade para ela. Para a mãe narcisista resta o julgamento por ter agido de forma tão contrária ao que se espera de uma figura materna. Ela mesma não se dá conta disso e vê na filha a "ingrata" que não percebe o quanto ela quer "ajudar", e para si vai justificando a hostilidade que mantém na relação.

Porém, olhar para a questão já estabelecida esconde o fato de que essa condição é o resultado negativo de um evento forte que aconteceu na vida dessa mãe, não teve o tratamento adequado e acabou por comprometer a saúde psíquica dela. E geralmente tem a ver com histórico de estupro e aborto da mãe que se manifesta durante um puerpério terrível dessa filha.

Nenhuma mãe quer conscientemente destruir a autoestima de uma filha, isso acontece como consequência numa dinâmica que vai se estabelecendo porque ninguém nunca olhou para essa mãe e ela não teve a chance de ser cuidada como precisava. E a filha, por sua vez, se não tiver a oportunidade de cuidar desse trauma, quando ela for mãe pode repetir esse mesmo padrão na sua maternagem - o que vem sendo interpretado como sendo uma predisposição genética.

Pra mim, essa é também uma predisposição da sociedade que não apoia de fato a maternidade.

Se enquanto sociedade a gente realmente apoiasse a maternidade, entendesse que a mãe precisa de cuidados específicos nessa fase da maternagem, incluindo afastamento do trabalho e apoio emocional pra lidar com suas questões, e que isso não é frescura nem privilégio, daríamos um passo bem importante garantindo a saúde mental de quem cuida da formação de toda uma geração de pessoas.

Quando a gente não apoia a maternidade, abre caminho para o adoecimento das mães e para o estabelecimento de quadros psíquicos negativos nos filhos. Em larga escala, uma população inteira com desenvolvimento psíquico impactado.

O transtorno da Mãe Narcisista existe e precisa ser cuidado, mas a gente precisa enxergar além do problema já estabelecido entre mãe e filha e contextualizar essa conversa para não cair no conhecido lugar de culpabilização da mulher e silenciamento do real problema, que é essa dinâmica social que atropela mulheres na maternidade e da qual elas nunca escapam ilesas.

Às vezes para essa filha a solução para interromper os danos causados pela mãe que sofre desse transtorno é o afastamento, pois há risco real para essa filha. Mas para quem é filha, só o afastamento não resolve, ela quer entender o que houve e quer ser legitimada em sua dor. Para isso, o caminho da terapia pode ser extremamente positivo, ajudando-a a compreender as razões que estabeleceram esse quadro e dando maior sentido às histórias para que tudo se acomode internamente da forma possível.

Vou transcrever abaixo a entrevista, mas se você quiser ler diretamente na matéria o link está aqui:

https://emais.estadao.com.br/blogs/ser-mae/a-mae-narcisista-e-habilidosa-em-se-fazer-de-vitima-e-de-dizer-que-a-filha-e-ingrata-explica-psicanalista/

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‘A mãe narcisista é habilidosa em se fazer de vítima e dizer que a filha é ingrata’, explica psicanalista

POR RITA LISAUSKAS
05/09/2018, 11h22

A psicanalista Verbenna Yin, 41, lembra que quando era pequena nunca conseguia agradar a mãe, pelo contrário. Nada do que ela fazia parecia bom o suficiente. As notas sempre altas na escola e até os bons textos que escrevia, que eram elogiados pela professora, eram depreciados pela mãe, que também não poupava críticas à aparência da filha, ainda uma menina. “Ela vivia me dizendo que eu era feia, muito feia”, lembra.

Já os dois irmãos de Verbenna recebiam um tratamento diferenciado, porém não menos tóxico: o menino, filho do meio, era o protegido, “sempre elogiado”, enquanto a outra irmã, a caçula, era tratada como “incapaz”. A hoje psicanalista conta que passou a infância e a adolescência tentando conquistar a admiração e o carinho dessa mãe, sem sucesso. Quando tinha 18 anos, o choque: a mulher que ela se esforçava tanto para impressionar tentou matá-la. “E não foi durante uma discussão ou tentando se defender de uma ameaça. Foi uma agressão gratuita, quando eu estava quase dormindo”, conta. A jovem saiu de casa e se afastou da mãe, por questão de segurança.

Anos depois, já formada em psicanálise, mãe de dois meninos e ainda longe da mulher que a colocou no mundo, Verbenna conta que mães como a dela, que destroem a autoestima dos filhos e transformam a infância e vida adulta deles em um inferno são mais comuns do que se possa imaginar. “São as mães narcisistas”, explica, agora como psicanalista. “O transtorno de mãe narcisista é um quadro real onde a relação mãe e filha fica comprometida por uma atitude constantemente perversa dessa mãe, que age com hostilidade, falta de acolhimento e cuidados enquanto a filha quer pertencer e tenta agradar o apetite insaciável da mãe insatisfeita, o que compromete sua autoestima e capacidade de realização no mundo”. Perceber que se é filha de uma mãe narcisista pode doer, conta, agora como filha . “A gente espera ser acolhida e é difícil romper com esse ideal de que a mãe sempre quer o seu melhor. Nem sempre ela quer”, afirma.


Blog: Como é a relação dessa mãe narcisista com seus filhos?

Verbenna: É uma dinâmica permanente que se estabelece geralmente com uma filha, que é o ‘bode expiatório’, enquanto os outros filhos, quando existem, ocupam outros lugares: tem o ‘filho dourado’, que recebe todos os atributos positivos, e o filho ‘protegido’, incapacitado por essa mãe e atingido em sua autoestima. É uma dinâmica inteira que não atinge apenas um dos filhos. Mas a existência desse ‘bode expiatório’ entre eles é que é muito cruel. Geralmente é a filha mulher que recebe toda a projeção negativa dessa mãe.

Blog: Sempre é com a filha mulher?

Verbenna: Geralmente. Mas quando há dois filhos meninos ou quando há um filho só também se estabelece uma relação doentia com essa mãe que tem uma personalidade narcisista. É mais comum a gente encontrar filhas de mães narcisistas.

Blog: E como é essa personalidade narcisista?

Verbenna: É muito voltada para si mesmo, porque é disso que o narcisismo trata. É uma incapacidade de conexão real com o outro. A pessoa só consegue se relacionar com o mundo a partir do que ela reconhece dela mesma nesse lugar externo. Com relação à maternidade, fica muito difícil o exercício de empatia dessa mãe, que não consegue ser tão sensível assim às necessidades dessa criança, podendo ser negligente ou exigir coisas que ela não tem condição de atender.

Blog: E essa dinâmica começa sempre quando a filha ou o filho ainda é bebê?

Verbenna: Os transtornos de personalidade se estabelecem aí, nesse momento, no primeiro ano de vida. A qualidade da relação entre essa mãe e essa filha é determinante para se estabelecer esse problema. A gente só olha para fenômeno já acontecido, registrado, fechado. Mas essa mãe, que é narcisista de fato, também foi um bebê, então sua personalidade narcisista se desenvolveu também quando era bebê. Essa questão nunca é isolada, ela é acompanhada também de outros quadros, então essa mãe pode ser esquizofrênica, sociopata, psicopata. Só que ela não nasceu assim, isso se estabeleceu quando era criança e se a gente vai pesquisar encontra uma avó com traços muito parecidos e que reporta histórias extremas de violência, abuso e outras coisas piores. Olhar para a questão já estabelecida esconde o fato de que essa condição é o resultado negativo de um evento forte que aconteceu na vida dessa mãe, que não teve o tratamento adequado e que acabou comprometendo sua saúde psíquica.

Blog: E quando começam os conflitos?

Verbenna: Quando as crianças ganham mais autonomia e começam a fazer suas próprias escolhas, a “desagradar” muito essa mulher, porque não “refletem” mais essa mãe, que não aprova, desqualifica e gera um abalo na autoestima dessa criança. E isso é recorrente, não é um quadro temporário. A autoestima desse filho vai ser testada durante toda a convivência dele com a mãe. Para a filha, que tem sua personalidade moldada nesse ambiente de hostilidade frequente, será muito difícil confiar em outras relações e contextos, o que promove nela uma sensação de que deve se defender o tempo todo, o que gera muita ansiedade.

Blog: E tem como alguém de fora intervir nesse processo?

Verbenna: Geralmente isso só é conscientizado pela filha na idade adulta, a família não compreende o que está acontecendo. Além disso, a mãe narcisista é muito habilidosa em se fazer de vítima e de incompreendida, de dizer que ‘a filha é ingrata’, então muitas vezes a família apoia essa mãe. Até se dar conta dessa dinâmica nociva.

Blog: Como a mãe narcisista age?

Verbenna: É muito mais grave do que as pessoas imaginam. Ela expõe a filha a situações de risco real: esquece em algum lugar, não busca, vai a ambientes de risco com aquela criança, exige muito da filha e quando ela corresponde ao que for exigido não dá o devido valor pelo seu esforço, ou destrói algo importante para essa menina. A mãe, que é a parte perversa da história, geralmente age com agressividade e pode representar um perigo para a filha, criando situações que causam danos de verdade para ela. Então essa criança fica numa condição muito difícil e constrói sua identidade nesse lugar de extrema vulnerabilidade. E quando ela cresce, já adulta, uma rivalidade se apresenta, que pode culminar com ameaças reais à integridade da filha.

Blog: Como foi a sua infância e adolescência?

Verbenna: Desde pequena minha mãe tinha uma fixação com a minha aparência, dizia que eu era uma criança feia, muito feia e que eu precisava estudar muito porque, no mundo, as mulheres conseguiam as coisas pela ou pela beleza ou pela sabedoria. Eu recebia pouquíssimo apoio com as coisas que eram minhas habilidades e ao mesmo tempo havia uma tentativa de diminuir tudo o que eu fazia. Eu era uma criança muito artística e ela não deixava que isso se desenvolvesse em mim. Eu adorava aulas de dança, mas ela me proibia de fazer. Desde pequena eu amava escrever, então escrevi um livro que minha escola, lindamente, decidiu publicar. Mas ela não deixou. E as coisas foram progredindo: eu não pude estudar no colégio em que eu tinha passado no ‘vestibulinho’, ela me trancava dentro de casa para eu não poder fazer minhas atividades. Era uma agressividade voltada para um filho só, naquela dinâmica do “bode expiatório”.

Blog: E seus irmãos, como ela tratava?

Verbenna: Seguia bem o roteiro. Tinha um que era confirmado em tudo, recebia todo o apoio e dedicação possível e a minha irmã, a terceira filha, criada nesse aspecto da incapacidade. Ela era muito querida, amada, “mas não era tão capaz assim”. E os filhos acabaram criando sua identidade a partir desses lugares.

Blog: O que você pensava? Que sua mãe não te amava?

Verbenna: Eu achava isso, mas também que era uma pessoa injusta, pela diferença de tratamento entre nós. Eu tentava sempre argumentar, o que a irritava demais. Ela era muito agressiva e me batia muito. Foi aí que eu percebi que esse convívio mãe e filha, tão comum para as outras pessoas, não era possível para mim. Eu me sentia culpada e tentava compensar isso de várias formas, tentando ser uma ótima aluna na escola, fazendo coisas que eu achava que ela poderia gostar dentro das coisas que valorizava. Mas todo o melhor que a gente tenta dar para essa mãe nunca é suficiente.

Blog: Qual foi a gota d´água entre vocês?

Verbenna: Eu percebia que havia algo muito errado na nossa relação desde sempre, algo fora do natural. Mas quando eu tinha 18 anos ela tentou me matar com uma faca e não durante uma discussão, em uma tentativa de defesa a uma ameaça. Foi uma agressão gratuita, quando eu estava deitada, quase dormindo. Daí eu decidi me afastar por questão de segurança. Quando meu filho nasceu ela foi à Justiça questionar minha capacidade de ser mãe, pedindo a guarda do meu filho. Foi aí que eu solicitei, em meio ao processo judicial, que fosse feita uma avaliação psicológica dela. Segundo o laudo, minha mãe sofre de esquizofrenia paranoide há muitos anos. E o narcisismo é um traço dentro desse contexto maior. Mais tarde, quando eu fui me formar em psicanálise e depois atendendo a algumas pessoas, filhas de mães narcisistas, percebi que a gente fica nesse lugar de menina machucada e não percebe que esse narcisismo pode fazer parte de algo maior.

Blog: Sua mãe se tratou depois do diagnóstico?

Verbenna: Não, e ela não aceita esse diagnóstico até hoje. Por isso eu tomo alguns cuidados. Ela não sabe onde eu moro, por exemplo, porque tem rompantes, então eu a deixo afastada. Mas há um ano mais ou menos eu a procurei e não fui bem recebida, para mim era importante esse convívio com ela, minha única figura parental. Mas não fui bem recebida não.

Blog: E como é a relação com seus filhos? Como foi se tornar mãe tendo essa bagagem?

Verbenna: Foi um renascimento, eu sabia que eu queria uma experiência de maternidade diferente, tinha certeza de que não podia reproduzir aquilo, então eu me dediquei completamente à função materna para que ela fosse positiva.

Blog: Você sente algum impulso de fazer com que seus filhos algumas das coisas que sua mãe fez com você?

Verbenna: Eu sinto que esse impulso psíquico do narcisismo me atravessa em alguns momentos, mas um dos efeitos positivos da terapia é me permitir estar consciente para sentir ele se aproximar, sem me entregar. Eu acredito que exista um padrão de rejeição em filhas de mães narcisistas, como eu, uma falta de conexão com os outros, e eu senti isso na minha maternagem, principalmente quando os meus filhos ficaram um pouquinho maiores. Eu estava com eles, mas não estava totalmente presente, não conseguia me sentir integrada. Foi isso que me fez olhar para além da minha própria história, ver que esse foi um referencial de comportamento, algo que me constituiu, mas que eu podia tratar. Existem ferramentas eficientes para rever isso, para que a gente faça reparações conscientes da nossa maternagem.

Blog: Você já sabe o que aconteceu na infância da sua mãe?

Verbenna: Sim, hoje eu sei. Conversamos e descobri que ela teve um trauma muito importante no início da vida, algo que não foi nomeado e nem tratado. Ela acabou se abrindo e me contou algo que ninguém da família sabe até hoje. Sem dúvida, o fato dela ter dividido isso comigo mudou nossa relação, porque agora eu sinto empatia por ela. Perceber que essa maldade da qual ela foi vítima foi resultado de algo que ela não pôde impedir iguala o meu lugar ao dela. Eu também fui vítima de algo que eu não pude impedir. Nenhuma mãe quer conscientemente destruir a autoestima de uma filha, isso acontece como consequência de uma dinâmica que vai se estabelecendo porque ninguém nunca olhou para essa mãe, ela não teve a chance de ser cuidada como precisava.

Blog: Você perdoou sua mãe?

Verbenna: Eu perdoei, claro, e só porque eu perdoei consigo atender mulheres que passaram pelo mesmo que eu. Mas a convivência com ela me colocaria num lugar de receber, de novo, intolerância, críticas, desqualificação do meu esforço. O meu perdão não faz com que ela mude de comportamento e, por isso, para me preservar, eu prefiro não conviver com ela.