sábado, 30 de dezembro de 2017

Astrologia para 2018



A posição dos astros na virada do ano pode dar indicações valiosas para as resoluções de ano novo. Este ano, por conta do horário de verão estaremos recebendo 2018 um pouco adiantados aqui na região sudeste, mas por conta da egrégora que se forma no momento da virada e toda a energia mental do coletivo minha interpretação considera esse momento real das comemorações como horário para gerar o mapa da virada do ano. Lembrando que Brasília também adere ao horário de verão.

Assim que teremos um ano 2018 bem capricorniano, com Sol, Vênus, Saturno e Plutão fazendo um Stellium em Capricórnio. Quem dá a tônica aí é o Saturno domiciliado, que vem com força total afinar o ano no diapasão da autorresponsabildiade e na casa das estruturas pessoais: o tempo é de ver a realidade como ela é para lidar com essa realidade sem ilusões. Agora o tempo é de seriedade para assumir responsabilidades e fazer o que precisa ser feito, pessoal e coletivamente.



O Sol um pouquinho à frente de Saturno indica que nossa consciência está desperta, teremos clareza para entender essa nova realidade que vem se delineando e não vai dar mais pra ficar nessa atitude de criar desculpas ou procrastinações.

Quando a gente se nega a ver o que está diante de nós não podemos progredir. Pelo contrário, a negação é uma atitude infantil, uma regressão. O tempo sempre avança e é Saturno, o grande Senhor do Tempo, que nos move para frente.

Plutão vem puxando o grupo todo e mostra que as transformações serão inevitáveis, é hora de crescer e desapegar do que não é essencial porque o caminho de Capricórnio é áspero e íngreme, levar muita bagagem atrapalha a caminhada.

No entanto, Vênus faz parte do grupo e pode nos lembrar de colocarmos amorosidade e delicadeza nesse processo de transformação pessoal rumo à maturidade. Acolha seus medos, cuide-se durante este processo e lembre-se que o padrão da natureza é o crescimento e a abundância. “Hay que endurecerse pero sin perder la ternura jamás.”

Ascendente em Virgem e Meio do Céu em Gêmeos, com a lua geminiana banhando todo o mapa da virada do ano, nos alerta para a tendência de querer fugir dessa realidade mais séria com a tônica Saturnina. O regente Mercúrio exilado em Sagitário também dá esse aviso: cuidado com as decisões rápidas que parecem mais fáceis e com o impulso de resolver as coisas na conversa, tudo isso é uma primeira impressão descuidada que pode agravar situações anteriores que precisam ser revisitadas e resolvidas em 2018.

Júpiter e Marte em Escorpião na casa dos valores indicam que as recompensas materiais virão com esforço este ano, mas essa posição é bem aspectada com o Stellium em Capricórnio. Aqui a mensagem dos astros é para agir responsavelmente para conseguir tudo aquilo que você quer conquistar neste novo ano e que a transformação pessoal passa por essas escolhas também, afinal nossos desejos refletem quem nós somos.

Quem você quer ser em 2018?



quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Veranizando


E hoje recebemos em meio à chuva (aqui em Sampa) o solstício de verão!

O solstício é um alinhamento astrológico, é quando o Sol e a Terra se posicionam na eclíptica exatamente no grau zero de Capricórnio. E este ano chegamos nesse alinhamento junto com Saturno, que se colocou aí primeiro e vai impregnar esta estação com sua consciência de maturidade e firmeza.

Mas vamos falar do verão, essa estação de calor, de festejos e recomeços coletivos.

O elemento do verão é a água e seu símbolo nas tradições xamânicas é o coral, uma cristalização marinha de cor vermelha que lembra o nosso sangue e coração.

Água, sangue e coração são símbolos que falam das emoções humanas, este é um tempo para aflorar os sentimentos e permitir-se sentir através do corpo essas energias intensas que nos mobilizam perante a vida. São as emoções que nos levam a decidir quem queremos que esteja ao nosso lado, o que faz nosso coração bater mais forte e assim definirmos os ofícios que queremos cumprir, o que nos ferve o sangue nos moverá em direção ao que acreditamos ter que lutar.

Nossas emoções são os gatilhos que movimentam a vida e os eventos se movem na fluidez da água, esse elemento que une e conecta, nos dá a sensação de pertencimento e faz brotar os vínculos entre as pessoas. Verão é tempo de união.

A água limpa o ar, nutre a terra e faz verdejar a natureza. É o único elemento que não se perde em sua essência, sempre se pode filtrar a água e purificá-la novamente e, ainda que evapore, a água retorna em forma de chuva. Por isso se associa ao amor, pela sua capacidade de restabelecer o fluxo energético de vida e abundância.

Não é a toa que comemoramos o Natal e o Ano Novo nessa época, é um tempo para estarmos reunidos com quem a gente gosta, de sentirmos juntos a renovação da vida que se reorganiza no ano que chega e para recobrar a esperança num amanhã melhor. É uma nova chance para preenchermos a vida com a água simbólica que nos faz caminhar sempre em frente.


E por conta do calor o verão também evoca esse movimento da água em direção ao alto, as águas evaporam e promovem na natureza um movimento que vai de dentro pra fora, fazendo aflorar e florescer. Nossas águas internas nos direcionam pra fora e assim como novos ramos de uma planta, buscamos também crescer e nos conectar.

A medicina do verão é permitir-se sentir, ter liberdade para se expressar e deixar a natureza fluir as águas em você. Junto com o alinhamento de Saturno no céu, a mensagem é pra sermos responsáveis com nossas emoções, prezando pelo nosso autocuidado em construir relacionamentos saudáveis para nós mesmos. 

Num ambiente afetivo seguro termos a liberdade para sentir a vida sem constrangimentos ou defesas ativadas, e assim podemos relaxar sendo mais espontâneos para receber e doar amor.

Curar-se neste verão é resgatar sua espontaneidade. Permita-se!




sábado, 9 de dezembro de 2017

Tarot e Psicanálise

Meu trabalho terapêutico hoje une uma possível correspondência entre as teorias psicanalíticas mais difundidas (S. Freud, Melanie Klein, Winnicott, W. Reich e J. Lacan) e a simbologia arquetípica contida no sistema dos arcanos maiores do Tarot.

O Tarot é um compêndio de 78 cartas, divididas em 22 arcanos maiores e 58 arcanos menores. Dizem alguns estudiosos do tarot que o compêndio surgiu no antigo Egito, organizado na forma de um jogo para manter o interesse e curiosidade das pessoas - assim, mesmo se eventualmente proibido enquanto jogo, sua utilização resistiria às mudanças culturais ao longo do tempo. Uma solução interessante que leva em conta o conhecimento das características humanas e suas respostas comportamentais esperadas.

Os arcanos maiores são representações simbólicas de atitudes, comportamentos e momentos de vida comuns a todos os indivíduos e seguem uma lógica própria do que seriam, cronologicamente, as etapas de amadurecimento de uma pessoa diante da vida.

Nessa abordagem, o tarot seria um estudo das possibilidades de cada uma dessas etapas, quais as características e os desafios propostos em cada uma dessas fases da experimentação humana e quais comportamentos estariam relacionados a cada um desses momentos. Também indica que essas etapas seriam cumpridas na linha do tempo de todas as pessoas, sendo, portanto, experiências comuns a todos e reconhecíveis por qualquer um.

Sob essa ótica, a compreensão dos arcanos maiores do Tarot enquanto um roteiro das etapas de amadurecimento humano guarda bastante similaridade com a proposta do processo de individuação de C. G. Jung.

O processo de individuação seria um caminho percorrido por cada indivíduo, de forma única e singular, com a finalidade de diferenciar-se dos outros e ao final reconhecer-se completamente em sua essência, percebendo todas as suas reais características e potencialidades – o que lhe permite promover em sua vida as condições para que seus atributos possam ser exercidos com liberdade, espontaneidade e de forma positiva para si mesmo para o grupo a que pertence.

Assim, em última análise, o processo de individuação é positivo também para a criação de uma sociedade mais justa e colaborativa como anos mais tarde teorizou D. Winnicott na sua teoria do amadurecimento pessoal.

Este tema me toca pessoalmente por eu já ter experiência na leitura do Tarot numa abordagem terapêutica, ou seja, utilizando as cartas como forma de retornar o indivíduo a um estado de harmonia interna e pacificação anterior. Porém, ao longo do curso de psicanálise fui percebendo paralelos muito interessantes entre a abordagem terapêutica do Tarot e as diversas teorias psicanalíticas estudadas, em especial o processo de individuação e a sincronicidade.

Apesar de todo o misticismo associado à leitura do Tarot, que poderia gerar uma certa resistência em aceitá-lo como método terapêutico, na minha visão é possível utilizá-lo como uma ferramenta bastante eficiente para acesso ao inconsciente, tanto para manifestar conteúdos latentes do inconsciente do analisando como também para catalisar o conteúdo simbólico dos sonhos e representações da realidade que o analisando trouxer para o setting analítico, pela proximidade dos símbolos individuais com os arquétipos coletivos do Tarot.

Entender melhor as correspondências entre as duas abordagens possibilitaria ao terapeuta e ao analisando, a meu ver, uma objetividade no tratamento dos conteúdos acessados em terapia, pois ao colocar esses conteúdos em perspectiva para o próprio analisando, essa nova maneira de olhar para os próprios conteúdos poderia contribuir positivamente no seu processo analítico.

Tenho notado algumas vezes que ao olhar para uma carta do Tarot o analisando reconhece uma linha de coerência entre determinados símbolos, sua história pessoal e seu momento atual. Como por exemplo, é muito comum que um analisando com questões maternas e fixação oral “escolha” a carta da Sacerdotisa ou da Imperatriz – que, como veremos adiante, são representações simbólicas da relação com o princípio feminino.

Também tenho presenciado analisandos que conseguiram elaborar alguma percepção sobre si mesmos a partir dos desenhos e símbolos contidos na carta escolhida, como se a imagem comunicasse uma ideia a seu próprio respeito e de súbito lhes chegasse uma compreensão inteira que até aquele momento ainda não tinha sido possível.

Numa visão integrativa, assim como é possível selecionar a teoria psicanalítica mais adequada para cada pessoa conforme o quadro apresentado no setting, também me parece possível associar determinadas teorias psicanalíticas a cada um dos arcanos maiores do Tarot e submetê-los à “escolha” do analisando - o que sinalizaria que cada arcano do Tarot contém em si uma representação simbólica de um quadro psíquico e uma possibilidade de encaminhamento terapêutico correspondente e mais adequado.

Dessa forma, apresentar as possíveis relações entre as diversas teorias psicanalíticas e os conhecimentos associados aos símbolos do Tarot me parece bastante pertinente e oportuno. Vivemos num país em que a maior parte da população é muito receptiva às terapias alternativas e cada vez mais surgem novos olhares e desenvolvimentos que permitem dar mais acolhimento e alívio para os sofrimentos humanos.

Por outro lado, uma abordagem integrativa e integradora das diversas teorias psicanalíticas confere ao profissional um maior leque de opções para tratar de cada analisando de forma personalizada, única e singular, mais adequada àquela história de vida e ao seu momento pessoal. Dentre as várias opções, seria possível ao psicanalista lançar mão do Tarot como mais um recurso e adaptar sua terapêutica para cada pessoa que chega no setting buscando alívio para suas dores emocionais.

Se este trabalho possibilitar o uso do Tarot numa abordagem psicanalítica e para fins terapêuticos que reflitam numa melhora das condições do analisando, tudo terá valido a pena!

Verbenna Yin
Astros - Tarot - Psicanálise

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Dia dos mortos


Hoje é 2 de Novembro, dia de Finados aqui no Brasil. Feriado. Um dia separado no calendário para pararmos o que estamos fazendo e nos lembrarmos daquelas pessoas que se foram, de lamentarmos suas ausências, de visitar túmulos e ficar na nostalgia de um tempo que é impossível voltar.

Esse dia sempre me incomodou, achava tétrica essa coisa de visitar um cemitério e ficar lá lamentando a morte de alguém. As imagens associadas a esse dia também são péssimas, de pessoas cabisbaixas, flores murchas, tons escuros e sombreados. Mas no fundo mesmo o que me incomodava era esse olhar negativo que se cultiva, talvez sem nos darmos conta, de prestar atenção apenas na falta que a pessoa falecida nos faz. A tristeza coletiva é tanta que geralmente chove nessa data.


Acho que esse olhar da falta fala muito mais de nós, os vivos, que aprendemos uma percepção da vida focando nas coisas que nos faltam. Lamentando pelo que não podemos ter. Talvez o ato de lamentar nos conecte com uma falta maior, primordial e primitiva, anterior até ás nossas memórias de infância. Aquele vazio em nós que é intolerável e que buscamos preencher a todo custo: falamos demais, comemos demais, compramos demais, corremos demais... o quanto nos custa preencher esse vazio da nossa singularidade.

Por outro lado, pode ser um contraponto positivo incorporar o olhar das culturas mais antigas que tradicionalmente, sobre o tema dos “mortos”, celebra a vida dessas pessoas que já partiram com festas, cantos e comidinhas.

Sim, celebrar, uma palavra por si só positiva. Diferente de lamentar a partida, celebrar o tempo de permanência daquela pessoa, valorizar as trocas que nos foram possíveis fazer com ela e os momentos que passaram juntos me parece enriquecedor justamente por vivificar em nós aquela nossa parte humana que conectou com aquele que partiu.

Encontrar esse elo humano nas nossas relações é uma bela poesia de quanta beleza a vida pode nos proporcionar com a convivência, a co-vivência. Quando conectamos com essa parte, da pessoa querida, que um dia nos tocou, é como se voltássemos na linha do tempo e mais uma vez aquela centelha de luz divina que havia nela por um momento se acendesse novamente. O tempo é relativo, já disse o físico.

Hoje não me incomodam mais as representações deste dia com as tradicionais “caveirinhas mexicanas”. Antes sim, caveiras me pareciam fúnebres demais, porque eu também tinha esse olhar de quem lamenta e as caveiras eram assustadoras representações da falta.

Para além das modinhas, entendo o real sentido das culturas antigas que guardavam os crânios de cristal na intenção de honrar o que poderia representar a concentração de tudo que subsistiu em uma pessoa. Como se o crânio fosse a cristalização daquelas experimentações dela ao longo da vida, seus aprendizados, exemplos e evoluções, e contivesse também as memórias dos  momentos compartilhados conosco.


Para este dia minha intenção é celebrar esses elos que consigo enxergar nas histórias e momentos que compartilhei com quem já prosseguiu para outros planos, honrando as conexões que pudemos vivenciar e levando dentro de mim a riqueza do que pudemos sentir juntos, para além do tempo. 

Pra mim é um dia especial para olhar pra mim mesma e honrar tudo que levo vivo dentro de mim, me dando conta do quanto sou resultado dessas conexões amorosas que me foram possíveis. Dia de praticar a afirmação "Mitakuye oiasin", que quer dizer "por todas as minhas relações".


terça-feira, 31 de outubro de 2017

Beltane, Dia das Bruxas e outras cositas más



Hoje é uma data bem interessante aqui no hemisfério sul, comemoramos o Halloween ou "dia das bruxas" junto com as tradicionais festas pagãs do hemisfério norte.

Eu acho interessante porque aqui no sul temos o costume de incorporar as referências de outras culturas, e com o Halloween não foi diferente. Adotamos por aqui uma festa que comemora a época do ano em que o frio e as noites mais escuras pedem o aporte do fogo para iluminar e aquecer.

Jack o' Lantern é aquela abóbora transformada em lanterna, numa brincadeira divertida entre o medo do escuro e o aspecto lúdico de uma festa que procura vencer a escuridão do tempo do inverno que chega no hemisfério norte.

Mas e aqui no hemisfério sul, isso não fica deslocado do nosso calendário?

Fica! Não faz sentido a gente comemorar as lanternas de abóbora e pensar nas coisas que nos dão medo (bruxas, esqueletos e afins) e que estão associadas à falta de iluminação quando estamos justamente caminhando para o verão né?

Por isso aqui no hemisfério sul a gente inverte a roda das estações e com isso inverte também as celebrações das épocas do ano.

Aqui no hemisfério sul é Beltane, a época do ano para celebrar a união do princípio feminino e masculino na natureza. Porque aqui no sul a estação do ano é a Primavera, um tempo de maior iluminação natural do Sol em que os dias vão aumentando sua duração em relação às noites até chegarmos no solstício de verão.

Beltane é a celebração do equilíbrio das energias, das polaridades negativas e positivas da natureza. Não no sentido de bem e mal, mas no sentido de expansão (polaridade positiva) e receptividade (polaridade negativa). Com o equilíbrio entre o elemento fogo - que é a semente de toda vida e sustenta o princípio masculino - e a água, que é o berço gerador e sustenta e o princípio feminino, é possível acontecer a fertilização de uma nova vida.



Assim é a representação simbólica de Beltane, a relação sexual entre homem e mulher, numa alusão ao poder que surge quando os princípios feminino e masculino estão perfeitamente integrados: o poder de criar uma nova vida.

E os povos antigos, que eram mais conectados com a natureza e tinha uma observação mais cuidadosa do tempo, celebravam esses momentos do ano porque entendiam que esses padrões da natureza ocorrem no maior e também no menor, no macrocosmo e no microcosmo. Celebrando, não se esqueciam desse ensinamento.

E assim como acontece na natureza acontece também dentro de nós, quando permitimos a união das energias feminina e masculina e equilibramos essas forças, nossa vida se abre para novas possibilidades gerando frutos que podem nos trazer muita alegria e realização.

Todos nós temos o princípio feminino e masculino em ação dentro de nós. Quando precisamos de mais força física e iniciativa estamos colocando em ação o princípio masculino, e quando buscamos um momento de maior introspecção e sensibilidade estamos deixando fluir o princípio feminino. Ambas energias coexistem em nós e podemos dar maior vazão ora para uma ora para outra, mas precisamos do alinhamento entre elas para que aconteça um fluxo saudável desses impulsos da natureza em nós.

Na roda xamânica estamos hoje na direção Leste, a direção da Primavera e do elemento fogo que evoca em nós a iluminação espiritual, a força e a coragem para empreender nossos sonhos. Mas seguindo a roda estamos justamente caminhando para a direção Sul, a direção do Verão e do elemento água, que representa as nossas emoções e o tempo de trabalhar os sentimentos. 

Então também por esse sistema, estamos numa data intermediária entre a estação do fogo e a estação da água, mais uma vez o princípio masculino e o princípio feminino se mesclando para se manifestar dessa mesma forma na natureza. Com a primavera vieram as floras, e no verão chegarão os frutos.

Numa grande poesia energética, de hoje 31/10 até o dia 02/11 teremos um período muito rico para nos conectarmos com esse padrão da natureza e mentalizarmos tudo aquilo que queremos que frutifique na nossa vida também. Este período é ideal para fazermos visualizações criativas do futuro que queremos que aconteça pra nós, porque fogo é energia!

Pra quem estiver nessa harmonia com os ciclos da natureza a dica é trazer o elemento fogo para o seu dia: acenda velas pela casa, cozinhe, faça uma fogueira e mentalize seus pedidos diretamente nas chamas. 

Quando mentalizamos nossos desejos e colocamos as nossas intenções dessa forma, assim como o Sol vai ficando cada vez mais presente até a chegada do verão, seu pensamento também vai ganhando mais e mais energia até se concretizar no mundo físico também.



Lembrando que bruxa é aquela mulher sábia, que já viveu muito, já observou muita coisa e aprendeu um tanto também. Se hoje é o dia das bruxas, que tal colocar em prática todo esse conhecimento?

Foram muitas pessoas que, antes de nós, observaram esse padrão e encontraram uma forma de perpetuar no tempo toda a riqueza desses ensinamentos. Eu acho incrível a gente poder não só valorizar esses ensinos mas também crescer individualmente com eles.


Não perca a carona de Beltane!


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Deus é Pai – que pai é esse?



Todo mundo já ouviu essa expressão popular que equipara Deus aos atributos que corresponderiam a uma figura paterna: cuidadora, amorosa e provedora.

Quando alguma situação da vida dá certo, a gente diz “Deus é Pai” porque assume que foi a interferência dele que conduziu àquele desfecho favorável né? Ou então se a situação é difícil, depositamos nossa confiança numa possível resolução positiva e “pedimos a Deus” para que tudo corra bem, afinal, Deus é Pai e vai nos proteger do mal.

Ainda tem aquela variante que afirma que “Deus é Pai, não é Padrasto” reafirmando que é o pai quem nos ama de verdade e que por isso sua interferência é o melhor para nós, sua interferência não só é benéfica mas vem carregada de algo especial que é o sentimento de afeto entre pai-filho, coisa que supostamente não existiria na relação com o padrasto.

Todas essas idealizações sobre a figura paterna vão criando em nós uma referência própria para essa palavra “Pai”, e numa cultura judaico-cristã como é majoritariamente a cultura ocidental, essa idealização tem repercussões bem maiores.

Quando a gente associa que “Deus é Pai” tendemos a misturar as referências do que entendemos como Deus, enquanto Ser Divino, e como Pai, a figura paterna que cada um tem. E se Deus é esse ser amoroso, bondoso, compassivo e acolhedor do nosso imaginário, também vamos apreendendo esses atributos como qualidades inerentes à nossa figura paterna. Logo, nossos pais devem ser igualmente amorosos, bondosos, compassivos e acolhedores.

Mas e quando nossos pais não são assim?

Será que conseguimos olhar para eles e vê-los como são realmente?

Ou será que passamos a vida dando chances para que eles “se tornem” a figura paterna compatível com a divina e finalmente nos “confirmem” que são mesmo tão amorosos quanto esse Deus que concebemos?

Acreditar que se ficarmos dando oportunidades para que a figura paterna aja de uma forma coerente com o nosso ideal de amorosidade pode não ser saudável, pode nos levar a constantes frustrações quando essa figura paterna não corresponde ao que imaginamos. E talvez porque essa figura paterna não seja mesmo amorosa e nos negamos a aceitar isso.

O Brasil é um país que tem mais de cinco milhões e meio de crianças sem registro de paternidade e outros milhões de crianças que apesar de conhecerem os pais sofrem de abandono material e afetivo. 

Mesmo numa família tida como tradicional, onde existem as figuras paterna e materna convivendo juntas, é muito comum que o pai esteja ausente na maior parte do tempo principalmente sob a justificativa de que “está trabalhando”. Esse pai operador e funcional o tempo todo é muito valorizado!

Assim como Deus está longe no céu e sempre ocupado mantendo tudo em sua ordem, tendemos a desculpar esse pai ausente que também se mantém ocupado todo o tempo e não pode nos atender como queríamos ou precisávamos. Talvez isso crie o pensamento "tudo bem, porque trabalhar é muito importante e os pais trabalham, e eu também preciso trabalhar muito para o papai me aprovar..."

Na construção da nossa identidade, as figuras paterna e materna são os primeiros modelos de comportamento que a criança vai assimilar e enquanto energias, pai e mãe representam a nossa própria energia masculina e feminina.

Absorver um modelo paterno saudável coloca em movimento a nossa própria energia masculina também de forma saudável e podemos criar e produzir coisas no mundo concreto com mais facilidade se essa energia estiver circulando livremente em nós.

Já num conflito com a energia masculina em nós, homens e mulheres, tendemos a bloquear esse fluxo e podemos ter problemas com nossa afirmação no mundo real, com mais dificuldade para manter uma posição social e de trabalho e nossas produções podem ficar comprometidas.

Mas o Deus bíblico não tem apenas atributos positivos, ele também tem inimigos, é vingativo e muitas vezes sanguinário. Não perdoa infidelidades, manda matar todos aqueles que não o adoram e não cumprem o que ele manda. Ainda, reconhece como seus filhos somente aqueles que foram predestinados a ser do seu povo escolhido, reservando a todos os demais o julgamento e a danação eterna.

Como fica a nossa identificação com nossos pais quando eles representam esses atributos negativos da figura divina?

Se Deus é Pai, então talvez esse Pai teria certa liberdade para ter e exercer esses atributos negativos da figura divina também. São aprovações inconscientes que vão acontecendo conforme assimilamos a cultura, quando não temos a chance de lançar um olhar mais crítico aos efeitos dessas afirmações escondidas nos ditados populares e no senso comum.

Nesse contexto, um homem identificado com o lado negativo da figura do “pai divinal” poderia se sentir confortável de impor sua vontade em qualquer ambiente, sua palavra tem valor absoluto e, portanto, qualquer resistência à sua vontade deve ser eliminada. Afinal, Deus é Pai e não tolera ser contrariado.

Do outro lado, a mulher identificada com essa mesma figura poderia desenvolver uma culpa interna por se colocar contrária à imposição do pai – seu pai ou o pai dos seus filhos. Talvez ela ainda precise se sentir aceita como a filha do seu pai e aceite irrestritamente tudo que essa figura masculina lhe impõe. Talvez a dominação faça parte desse imaginário e assim permaneça obediente e submissa, vinculada a um ambiente onde estará vulnerável. Ou ainda, pode ter que pagar o preço por resistir a essa dominação justificando para si mesma um ambiente de intolerância e abuso.

Fato é que o Brasil, que apesar de ter a maioria da população assumidamente cristã, admitimos homens com perfis dominadores e abusivos na função de pais dentro do contexto familiar e, talvez por conta disso, tenhamos resultados surpreendentemente cruéis nos quadros de violência contra a mulher onde os companheiros e pais são os maiores autores de agressões contra mulheres.

Se queremos contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e saudável precisamos rever as referências que usamos para construção da figura paterna de todos nós. Enquanto o Pai, no nosso imaginário, for essa representação de atributos negativos como intolerância, autoritarismo, abandono e violência, tendemos a reproduzir e aceitar esses mesmos comportamentos em escalas maiores – que tornam nossa vida em sociedade menos rica e muito menos saudável.

Talvez se conseguirmos olhar para os nossos pais, reais ou internos, como eles realmente são, com todas as suas imperfeições e falhas, aceitando que as pessoas são assim e acolhendo-as em suas incompletudes, não precisaremos mais comparar homens a deuses nem esperar que nossos pais se comportem como Deus, para o bem ou para o mal.

Talvez Deus seja Deus, mas eu penso que Pai possa ser somente pai mesmo.


domingo, 8 de outubro de 2017

O Sol

E chegamos no maravilhoso arcano do Sol, o indivíduo que se encontra com todo seu potencial de vida e realização, que venceu seus medos e agora conseguiu integrar plenamente seu ser interno.

A imagem mostra uma criança muito contente montada num cavalo branco e segurando um estandarte cor de laranja, cercada de girassóis num jardim murado, e atrás dela brilha altivo o Sol do meio dia com todo seu calor e radiância. Tudo nesta carta é alegre!

A carta do Sol e toda sua simbologia vem nos falar de um feliz renascimento, aquele que acontece quando finalmente nos conhecemos em toda nossa essência e verdade.

A criança está nua e todos os elementos da carta olham para a frente, pois não há medo de se expor de forma verdadeira.

A criança é o símbolo da nossa espontaneidade, aquele atributo que ficou escondido enquanto íamos construindo uma personalidade a partir do que os outros queriam de nós. Foi necessário atravessar todos os arcanos anteriores para que pudéssemos resgatá-la, mas enfim a criança interna conseguiu emergir e agora é ela quem guia a nossa vontade.

A vontade interna está simbolizada pelo cavalo branco, o veículo de externalização daquilo que nosso coração realmente deseja e que agora a criança poderá conduzir livremente por onde quiser andar.

O cavalo branco é um símbolo poderoso no território do inconsciente. Freud expôs sua teoria psicanalítica sobre a sexualidade humana ao escrever “O Caso do Pequeno Hans”, quando acompanhou um menino que sonhava com cavalos brancos que devoravam seu pênis. Estudando a relação simbólica dos elementos desse sonho infantil, Freud desenvolveu a base de toda a psicanálise, identificando a energia sexual como mobilizadora primordial dos indivíduos e os possíveis caminhos para manifestação dessa energia na vida adulta considerando a capacidade de interação com as figuras materna e paterna no Complexo de Édipo.

Foi estudando o pequeno Hans que Freud percebeu a relação simbólica entre falo-poder-cavalo branco e como esses símbolos estão interligados na busca de cada pessoa pelo seu próprio poder pessoal e autoafirmação.

A cor laranja dá o tom dessa carta, já que é uma cor vitalizadora e que evoca o positivo. O laranja é usado na cromoterapia por seu comprimento de onda ter a capacidade de eliminar miasmas e conteúdos energéticos externos que ficam grudados no nosso campo magnético, é uma cor desimpregnadora. Neste arcano, tudo que for influência externa, tudo que não vem da espontaneidade da própria criança, fica de fora.

O espaço é murado porque agora a criança está protegida em seu próprio território psíquico, ela já sabe o que é realmente genuíno de sua parte e cultiva seu jardim interno para que os girassóis possam crescer e sorrir de volta para ela. Nesse espaço sagrado só entra quem tem respeito pela sua trajetória, já que levou tempo para que esse jardim interno fosse cultivado, cuidado e pudesse florescer.

Aqui já não há mais necessidade de ataques ou de ativação dos mecanismos de defesa, até porque já foram percorridos os arcanos anteriores que simbolizam os momentos de iluminação das sombras e retomada da consciência sobre repetições e vitimismos.

O arcano do Sol acontece naturalmente quando a pessoa, numa atitude de autorrespeito e autopreservação, consegue se manter protegida psiquicamente por se colocar conscientemente fora das situações de risco. Isso envolve aprender a escolher as companhias, situações e ambientes, evitando tudo aquilo que possa ser tóxico e impedir seu desenvolvimento saudável.

E até o Sol é uma entidade nessa carta, com um rosto e uma expressão próprios. A criança da carta parece coroada de Sol, literalmente iluminada pelo astro rei. O Sol representa a emanação divina primordial; é pela luz do Sol que recebemos a consciência do amor e da verdade. É também pela ação da luz do sol no corpo que nós produzimos as vitaminas e hormônios que estimulam um crescimento físico saudável - e é nos lugares do planeta onde há menor insolação anual que se registram índices mais altos de depressão e suicídio.

A emanação solar nos traz luz e calor e a carta do Sol fala desse momento em que nossa existência é a própria manifestação divina da iluminação e do amor sobre a Terra. Podemos nos tornar deuses criadores da nossa realidade quando assumimos a direção dos nossos cavalos brancos e manifestamos nossa vontade no mundo concreto, realizando aquilo que realmente emana do nosso coração – o sol interno.

Isso é real autodeterminação, ter liberdade para fazer aquilo que genuinamente se deseja. E sem esperar um olhar de aprovação do outro para aquilo que queremos, apenas nos permitindo realizar.

Sempre que há espaço para esse alinhamento verdadeiro do indivíduo com sua essência, o resultado será positivo para ele e para os outros. Porque na essência todos somos luz, todos somos manifestações divinas. Podemos ser encobertos pelas interpretações equivocadas que fazemos do nosso ambiente e entorno, mas conforme vamos recobrando a consciência sobre nós mesmos e sobre a nossa verdade, vamos também resgatando a clareza sobre a vida, sobre nossas atitudes, capacidades e possibilidades.

Quando chegamos nessa compreensão sobre nós mesmos, não há mais insegurança para nos mostrarmos ao mundo como somos. E mais, não temos reservas para compartilhar com os outros a satisfação de estarmos livres para sermos nós mesmos. Vejam só que linda essa representação do arcano do Sol na coleção Bota Tarot, ao mostrar duas crianças nuas brincando sob o Sol.

Elas compartilham do momento de alegria porque a atitude espontânea da criança quando se sente feliz é o compartilhar. A aproximação com o outro não é mais temida, o outro não é mais uma ameaça se ele também for inteiro.

Mas apesar da espontaneidade ser um atributo primordial na atitude humana, restringimos o olhar à espontaneidade como algo infantil no sentido negativo. A espontaneidade cabe somente à infância porque na vida adulta não podemos ser espontâneos, na vida adulta não cabe qualquer atitude impensada, temos que estar vigilantes para perceber e avaliar onde cabem e onde não cabem certas atitudes.

Na verdade, é ainda na infância que vamos percebendo que nossa espontaneidade não tem lugar no mundo dos adultos. D. Winnicott percebe que até os bebês vão moldando seu comportamento conforme o humor e a expressão das mães para com eles. No seu livro “O Brincar e a Realidade”, ele propõe o seguinte entendimento:

“O bebê rapidamente aprende a fazer uma previsão: 'Por enquanto, posso ficar seguro, esquecer o humor da mãe e ser espontâneo, mas, a qualquer momento, o rosto dela se fixará ou seu humor dominará; minhas próprias necessidades pessoais devem então ser afastadas, pois, de outra maneira, meu eu (self) central poderá ser afrontado'.”

Assim, crescemos com a falsa noção de que sermos nós mesmos é um fator de risco à nossa segurança, só sobreviveremos e teremos nossas necessidades atendidas se nos adaptarmos às exigências do ambiente e ao que as outras pessoas esperam de nós. E no final, vamos perdendo nossa espontaneidade, vamos enrijecendo, perdendo a flexibilidade. Cada vez mais, vamos nos distanciando da nossa criança interna que quer brincar e compartilhar sua felicidade com as outras pessoas.

Ao descrever a simbologia do sol, dos círculos e das mandalas, Jung na sua obra “O homem e seus símbolos” cita Marie Luise von Franz, que realmente foi muito feliz em sua conceituação sobre o elemento circular enquanto representação da verdade individual de cada um:

“... o círculo (ou esfera) como um símbolo do self: ele expressa a totalidade da psique em todos os seus aspectos, incluindo o relacionamento entre o homem e a natureza. Não importa se o símbolo do círculo está presente na adoração primitiva do sol ou na religião moderna, em mitos ou em sonhos, nas mandalas desenhadas pelos monges do Tibete, nos planejamentos das cidades ou nos conceitos de esfera dos primeiros astrônomos, ele indica sempre o mais importante aspecto da vida — sua extrema e integral totalização.”

É daí a importância do Sol como símbolo máximo da integração da personalidade ao ser interno mais puro, da integração total do Ego.

O círculo não tem começo nem final, é uma unidade em si mesmo. A psiquiatra brasileira Nise da Silveira, que se dedicou profundamente ao estudo da esquizofrenia, notou a repetição dos símbolos solares nas figuras produzidas pelos seus pacientes esquizofrênicos, o que a levou a se aproximar de Jung e com ele organizar uma exposição das pinturas desses pacientes.

Para Nise, a esquizofrenia seria uma fragmentação do ser interno que se perde de si nesse processo de atender às demandas do mundo externo, levando-o a um isolamento e permanência no seu mundo interno próprio. Ao proporcionar momentos para que os pacientes lidassem com sua energia espontânea e criativa, eles buscavam novamente pela unidade desse ser interno produzindo figuras circulares e a partir dessas produções criariam pontes para ser relacionarem novamente com os outros.

Viver o arcano do Sol é resgatar a espontaneidade da criança e a unidade do ser interno que pode viver em seu mundo interno e também no mundo externo, dando lugar para sermos e agirmos novamente conforme a nossa verdadeira natureza.

Talvez a maior expressão desse momento solar arquetípico aconteça quando estamos dançando. A dança une o corpo, a emoção e a mente, todos alinhados a fim de criar um resultado físico. Na dança, o indivíduo está concentrando sua energia para manifestar através do corpo o que ele sente internamente e faz isso com um comando mental que decodifica esse sentir e o traduz em movimentos corporais.

A dança espontânea é também uma ponte eficiente para resgatar o contato com a criança interior, porque evoca essa conexão mente-emoção-corpo que é natural na infância e vai sendo esquecida conforme crescemos e nos esforçamos para nos encaixar nas opções que nos dão ao longo da vida.

Dançar pode ser uma ótima maneira de trazer nossa espontaneidade à tona novamente, e conforme vamos permitindo esses momentos de conexão com nossa criança interna a vida externa vai se abrindo também para deixar que essa energia emerja, quebrando os enrijecimentos e inflexibilidades internos e realinhando a nossa realidade com a nossa verdadeira vontade. Assim como é fora, é dentro.

E justamente o aspecto lúdico da dança corrobora com a tese terapêutica de Winnicott, que afirma que "é no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente  sendo criativo que o indivíduo descobre o eu (self)".

Nesse sentido, eu gosto muito da representação do arquétipo do Sol feita na coleção Gaian Tarot, colocando a dança como expressão dessa liberdade espontânea e criativa. Nessa representação, a felicidade de agir livremente reluz todo o nosso brilho de dentro para fora.
  
Quando esta carta surge numa leitura de tarot, indica que este é um momento de alegria, vitalidade, sucesso e bem estar. Pode indicar também uma fase da vida em que finalmente você possa se sentir em paz com sua história pessoal e permita-se a alegria de deixar sua essência vir à tona. É tempo de agir com liberdade e espontaneidade, sem amarras e sem medo do julgamento dos outros.

Viva toda a felicidade de ser quem você é!

Verbenna Yin
Astros - Tarot - Psicanálise