A história da vez é a de a Bentinho e Capitu.
Bentinho é a dúvida em pessoa, não sabe se vai ao seminário ou se se casa com Capitu, e depois a dúvida cruel se foi ou nao traído. Bentinho é Libra e assim como esse padrão se desenvolve, ele tambem não consegue tomar decisões assertivas. E o Casmurro vem do ascendente em Capricórnio, aquilo que os outros vêem em nós. Era chamado Casmurro por ser ensimesmado, tinha um certo isolamento e timidez além de aguardar que as pessoas se prestassem àquilo que ele não faria. Não age, é passivo do início ao fim da história.
E Capitu? Com olhos de cigana oblíqua e dissimulada - e pra fazer par com Bentinho pela polaridade - só poderia ser de Áries. É de Áries a parte superior da cabeça, incluindo os olhos. Determinada, proativa e independente à sua maneira como seria possivel na época, não poupa nenhum esforço para chegar onde quer. São dela todas as ideias, o protagonismo do beijo invertido mais fantástico da nossa prosa brasileira, o plano para Bentinho escapar de sua mãe e a condução magistral das pessoas à sua volta para realizarem efetivamente aquilo que ela por ser mulher não poderia. O ascendente então tambem polariza aqui, é Câncer. É o tom que se dá mais tarde aos seus "olhos de ressaca" marinha ao longo da trama.
E Escobar? Seminarista, já tinha todo o discurso na cabeça para escapar do destino de padre e tornar-se comerciante. De mente ágil, une-se a Bentinho e são melhores amigos por compartilharem as mesmas visões de mundo, indicando uma conexão mental entre eles. Escobar é geminiano, esperto, rápido, agregador. Ele se casa com a amiga de Capitu e todos formam um quatrilho muito interessante. Mesmo flagrado sozinho com Capitu em casa, Bentinho não atina e acredita quando o amigo justifica que foi ver a ele. Mas e seus olhos? É pelos olhos que acontece a conexão entre Escobar e Capitu e demonstra o magnetismo da energia do desejo, reservando a ele o ascendente em Escorpião. Áries e Escorpião são regidos por Marte, o significador do desejo, uma energia avassaladora e irresistível.
É prestando atenção nos olhos de Capitu que Bentinho começa sua suspeita, e é nos olhos do filho Ezequiel que vai confirmando para si mesmo que não seria o pai daquela criança. Faria sentido, Capricórnio não é fértil e o filho deles demorou a chegar. Capitu com ascendente Câncer, porém, não poderia passar pela vida sem ter um filho.
Mas a dúvida! Ah essa forma libriana de lidar com a realidade onde é impossível se posicionar livremente, o jeito era afastar o menino e sua mãe porque assumir um fato seria demais ao nosso Casmurro. Até para matar-se faltou-lhe coragem, preferiu tentar matar a criança para acomodar a situação satisfatoriamente.
Capitu morre no exterior, sozinha e culpada. Ezequiel busca o pai e sempre recebe sua rejeição, terminado por implodir-se numa febre bem ao estilo de Escorpião (coincidência?) E Bentinho segue sua vida solitariamente, fiel ao apelido de infância e confirmando sua tendência melancólica do ascendente capricorniano.
Um predeterminismo psíquico do qual o nunca pôde escapar.
E por falar de predeterminismo e não deixar de lado a psicanálise, essa Persona de "Casmurro" pode muito bem ter se ofendido com a invasão de Capitu na relação que havia entre Bentinho e Escobar, que a necessidade de defender seu território psíquico o levou à renúncia do amor da sua vida numa atitude bem estoica e inflexível, tipicamente capricorniana.
Não é demais esse olhar astrológico na literatura? Ainda que tudo isso seja uma grande fantasia, dá uma graça a mais às histórias que eu gosto.
E então, querido leitor - como diria Machado de Assis - depois desse passeio astroliterário, qual sua conclusão sobre a dúvida mais importante do romantismo brasileiro:
Capitu traiu ou não traiu Bentinho?
Contem pra mim suas impressões, vou adorar saber😊😊
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