Já fui tantas mulheres
tantas vezes
e no entanto cada uma vive
autonomamente
repetindo-se a cada desatenção
mostrando o quanto ainda estão vivas
reclamam sua existência
me mostram o quanto são valiosas
únicas
cada uma tão preciosamente construída
às vezes me movem e inspiram
outras me fazem retroceder
ou me lembram que não há o que fazer
há momentos em que posso apenas sentí-las pulsando
e dou passagem para que resistam ao eterno
e revivam novamente
através de mim
e assim posso ser todas elas
neste pequeno recorte do tempo
em que vivo eu
quando nem sei mais se eu mesma sou
ou se agora somo em mim suas vozes
numa existência coletiva
contínua
até que finalmente todas tenham a chance
de existirem livremente
quando eu também
viverei através de outra mulher
aquilo que hoje é sonho
aquilo que sempre houve
e estava apenas
aguardando
o momento perfeito...
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