domingo, 9 de dezembro de 2018

Astrologia e afetos de vanguarda




Histórias de amor e ajustes amorosos, eu ouço coisas muito interessantes durante as consultas de tarot e astrologia com esse tema. E percebo como esses saberes condensam possibilidades muito mais amplas do que a nossa cultura e senso comum admitem.

Recentemente atendi uma pessoa que estava casada já há alguns anos e apesar de viver nesse casamento tudo que o script manda (dedicação mútua, sucesso profissional e financeiro, viagens, casa própria) estava se sentindo muito insatisfeita. Os filhos desejados, não vieram.

Essa pessoa tinha vários posicionamentos em signos de ar, notadamente Gêmeos e Libra. Os signos de ar tem como característica serem direcionados ao futuro, ao novo e ao diferente, e naquela configuração sinalizava que o novo alimentava o mundo dos afetos, para aquela pessoa a diversidade no campo dos relacionamentos era positiva. Fui me dando conta do quanto aquela pessoa ainda não tinha admitido isso para si mesma.

Perguntei então o que ela achava de ter um relacionamento aberto, numa clara provocação para ver o que ela me diria. Os olhos arregalaram e ela olhou pra mim de volta com um sorriso no canto da boca, disse que era "seu sonho" mas não havia nenhuma chance disso acontecer no casamento dela. 

Conversamos então sobre a relação entre os posicionamentos no mapa dela e essas possibilidades "mais modernas" de ajustes nos relacionamentos, e naquele momento ela se contentou em ENTENDER o porquê de em tempos em tempos ela sentir muita vontade de "trair" o companheiro com pessoas muito interessantes, apesar de nunca ter levado esse desejo adiante. Trair aqui está entre aspas porque na noção de não trair o outro, quem estava se traindo era ela.

Mas entender de onde vinha o seu desejo foi suficiente para ela naquele momento e ela chorou, disse que estava aliviada e que agora via algum sentido na angústia que vinha sentindo.

Pelo nosso senso comum, que internalizamos tão bem, ainda acreditamos que casamento monogâmico é fórmula de sucesso para todos os relacionamentos afetivos, especialmente para mulheres que seriam supostamente mais "emoção" do que "razão" e precisariam se sentir seguras numa relação estável com uma única pessoa.

Pela astrologia não é bem assim, existem na natureza predisposições à monogamia tanto quanto existem predisposições à diversidade.

Eu penso que alguns posicionamentos astrológicos indicam que ainda não temos ajustes afetivos que contemplem toda a pluralidade das possibilidades humanas, nossos modelos de relacionamento são insuficientes e não dão conta da vida real. Muito menos oferecem soluções para quem quer exercer uma responsabilidade afetiva nos quadros que destoam do senso comum monogâmico. 

Nosso senso comum nos faz tão julgadores...

E do meu lado eu fico sempre encantada com o quanto a astrologia, apesar de ser um saber tão antigo, consegue simbolizar tão perfeitamente algo que ainda é visto como vanguarda. 

Será que dia vamos lidar melhor com todas essas possibilidades? 

O que você acha disso?

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