Cassandra é o mito da Sacerdotisa desacreditada e vilipendiada pela misoginia de uma cultura machista. Filha do rei de Tróia, ela foi escolhida por Apolo para receber o dom da profecia, porém deveria aceitar as investidas e unir-se ao deus em retribuição. Cassandra aceita o dom mas rejeita Apolo, sendo então amaldiçoada por ele ao descrédito.
Advindo a guerra com os gregos, Cassandra não só previu o trágico fim de seu povo quando foram traídos com o Cavalo de Troia como previu o seu próprio fim, mas ninguém acreditou em suas profeciais. De fato, os troianos foram conquistados e ela foi morta pela esposa do rei grego Agamenon, Clitemnestra.
Na psicologia arquetípica podemos encontrar pessoas fortemente identificadas com o mito de Cassandra, que enfrentam o descrédito de forma recorrente. Nessa estrutura, estão presentes alguns elementos característicos:
- mãe negligente
- pai idealizado
- ânimus exaltado
- defesas narcísicas
- desconexão com o feminino primordial
É comum esse desenvolvimento ser enquadrado como histérico ou borderline, mas para além dos diagnósticos o essencial é compreender que esse drama tem sua origem na usurpação do feminino. Nas histórias das mulheres Cassandra, existe sempre um forte componente misógino que impõe seus efeitos e deflagra essa estrutura - e que arquetipicamente se associa ao fato de Apolo ser o deus que usurpou o oráculo de Delfos, outrora um oráculo da deusa-Mãe, na transição para o patriarcado.
A mulher Cassandra tenta se afirmar a partir da identificação com o masculino porque não possui uma referência positiva feminina, a mãe rivaliza com ela ou é omissa em apresentá-la à própria feminilidade. Nesse ponto, a mulher Cassandra pode ser extroverida, muito produtiva e brilhante, reproduzindo o lado luminoso de Apolo: lógica, abstração, inteligência.
Porém nos atributos femininos, receptivos, Cassandra falha pela insegurança ao lidar com a sombra do masculino, resultando em encontros desastrosos. A vida amorosa de quem se identifica com Cassandra passa por esse lugar da incompreensão, do abuso e do apagamento pessoal e não raro se tratam de relacionamentos com pessoas tipicamente machistas.
Para sair desse lugar é importante que a mulher se fortaleça no seu lado feminino, intuitivo (da sacerdotisa), passando a se aproximar de uma matriz feminina saudável, e conheça mais de si mesma a partir de uma perspectiva também feminina que reconheça seus traços e valores próprios e os aceite - independentemente do senso de valores patriarcais e do que esses valores determinam como "certo".
Assim, ela poderá atuar no mundo a partir dos seus próprios desejos e não mais num padrão defensivo infindo.
Você já tinha ouvido falar de Cassandra? Já percebeu esse padrão nas pessoas que você conhece? Conta pra mim nos comentários.
Verbenna Yin
Psicanalista - Astróloga - Taróloga
Psicanalista - Astróloga - Taróloga
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