domingo, 28 de março de 2021

Lua Cheia em Libra: 28/03/2021

kwan yin


A primeira lua cheia deste ano novo astrológico é também a que irá fixar na nossa consciência a influência de Vênus, o planeta mais associado a este ciclo celeste que vai terminar só em março do ano que vem. Além de estar conjunta ao Sol, Vênus é também a dispositora a lua cheia que acontece em Libra, reforçando a importância dos vínculos, da expressão dos afetos, da convivência com as pessoas queridas, da manutenção daquilo que tem valor para nós, do cuidado e conservação da vida - todas as expressões da energia feminina presente em nós, homens e mulheres.

Vênus nos impulsiona à continuidade e está associada ao amor porque essa é a emoção capaz de dar continuidade à vida. É pelo amor ao outro que nos vinculamos, pelo amor aos filhos que cuidamos deles e garantimos sua sobrevivência, pelo amor encontramos forças para sustentar alianças ao longo do tempo, pelo amor nos dedicamos anos a fio por conquistas que aproveitem a nós e a outros e é também pelo amor que continuamos a viver na memória dos outros mesmo quando não estivermos mais presentes.

A força para continuar vem do amor e isso também diz respeito à nossa auto-estima. Precisamos desenvolver o auto amor se quisermos prosseguir em crescimento pelos caminhos da vida, quando não nos amamos (ou amamos mais os outros do que nós) podemos nos colocar em situações de risco, entregamos o que temos e o até o que não temos, projetamos no outro essa condição de continuidade e imaginamos que sem o outro não conseguiremos viver e assim nos prendemos a relacionamentos tóxicos, abusivos ou violentos. A falta de auto amor também ameaça a conservação da nossa vida, podemos deprimir perdendo de vista o sentido das coisas e abrir as portas para um adoecimento crônico.

Esta lua cheia em Libra é um lindo convite para voltarmos a amar, incorporando intencionalmente atitudes mais cordiais e respeitosas nas nossas convivências e procurando nos conectar a essa sensação de agregamento pois todos nós pertencemos a um grupo maior: a humanidade. Libra é a expressão da Vênus Urantia, a manifestação de um feminino agregador pelo elemento ar que promove a união de forma inteligente, que favorece a restauração das injustiças porque sabe que o equilíbrio é o que garante o ecossistema e isso mantém todos vivos. A Vênus Urantia exalta o agregamento promovendo os encontros e as trocas de saberes individuais, pois reconhece o valor do ponto de vista do outro que foi construído sobre experiências, dores e aprendizados que só o outro teve, ela sabe que é na reunião dessas visões que se pode chegar a um consenso maior e mais eficiente que aproveite ao bem todos.
 
Saturno em Aquário faz um trígono interessante com a Lua, indicando a necessidade de abrir a cabeça para novas perspectivas e referências, para além do que a gente já conhece. Para aproveitar o que o outro tem a compartilhar, a gente precisa de espaço para essa escuta e recepção e é nisso que Aquário ajuda, apresentando pra gente essa vastidão de possibilidades que ainda podemos alcançar. Em Aquário tudo é múltiplo, diverso e ainda assim tudo consegue coexistir harmoniosamente.

O trígono se fecha com Marte em Gêmeos, curioso pra conhecer novos cenários e ávido para testar tudo que aprender, sinalizando que para construir um caminho de crescimento precisamos tentar coisas que nunca foram feitas antes, pois o que conhecemos não dá conta dos desafios da atualidade. Um trígono de ar na lua cheia é muito significativo, nos conecta ao potencial de expansão que será suportado por uma base diferente, um cenário promissor que só poderemos atingir SE incorporarmos o que a esta lua descortina à consciência.

Como tudo isso dialoga com o momento atual do nosso país, não?

Esta lua cheia acontece no eixo dos valores-perdas: Sol/Vênus estão na casa 8 trazendo à consciência o quanto todos nós já perdemos e o quanto a ausência dessas coisas e pessoas perdidas nos faz sofrer (principalmente a perda da nossa humanidade banalizando o risco de morte que a pandemia trouxe) enquanto a Lua na Casa 2 sinaliza que existem valores humanitários pelos quais devemos nos orientar e que são capazes de promover uma restauração coletiva para continuarmos.

Coletivamente, é hora de discursos de agregamento que reforcem a superação das diferentes visões individuais para recuperarmos o sentido de nação, nos inspirando a preservar a vida e a valorizar o bom e o justo. Libra é o signo associado à justiça, às relações harmoniosas e às alianças produtivas.

No âmbito particular, a Lua em Libra vem sinalizar aspectos nossos que precisam ser restaurados ou reequilibrados no âmbito dos afetos. Podemos ter marcas profundas de relacionamentos anteriores que agora será o momento certo de olhar e cuidar, podemos estar revivendo dores antigas sem entender por quê ou podemos evitar novas relações por estarmos cansadas de nos deparar com o sofrimento. Tudo isso apaga de nós a expressão maior da Vênus que é o prazer de viver; sintonizar com a Vênus dentro de nós é sair do desânimo e recuperar o poder de gozar novamente, de regozijar consigo e com a vida. Vênus é a Ânima, o último portal para acessarmos a centelha divina em nós.

Quem participa também desse alinhamento Sol/Vênus/Lua é Quíron, que está em Áries e nos leva a perceber o quanto estivemos agindo numa certa defensividade, nos sentindo ameaçados pelo outro e atacando, apontando o dedo ou cortando o outro do nosso convívio. O “cancelamento” do outro como fenômeno social nunca foi tão evidente, os perfis cancelados nas redes sociais de quem não age do jeito que pensamos ser o certo, como num episódio de Black Mirror em que a vida é permitida por um sistema de likes definindo se temos ou não o direito de existir.

Quíron aponta a importância de uma autoanálise e uma autocrítica fundamentais para entender como chegamos a este momento, revendo esses mecanismos de defesa que nos levaram a resultados desagradáveis nas nossas relações. É hora de sair do automático e agir com consciência – e aqui o perdão pode fazer toda a diferença: perdoe a expressão negativa do outro e, principalmente, se perdoe também. Perceba que dessa autoanálise surgirá um aprendizado para você não mais se colocar em risco ou prejuízo nas relações e é desse jeito mais maduro que você poderá seguir, daqui pra frente, com mais contentamento na sua vida afetiva. O perdão é o seu sinal para o Universo de que você está pronta para recomeçar, agora em novas bases, justamente como o trígono de ar sugere.

Aproveito para mencionar aqui que estamos próximos da celebração de Kwan Yin, a deusa da misericórdia. Cultuada pelos orientais, ela é o símbolo da compaixão mais elevada pois renuncia a salvação individual e se dedica ao conforto daqueles que ainda sofrem na materialidade, servindo à humanidade como uma inspiração para que todos alcancem a iluminação, tornando-se uma bodhisattva - um avatar do amor universal.

Kwan Yin é celebrada no 19o dia do segundo mês lunar – ou da lunação que abre em Peixes, o que faz com que essa data sempre caia na lua em Escorpião que segue a lua cheia em Libra. Este ano a celebração acontece no dia 31/março e podemos nos sintonizar lindamente com este avatar do amor e da compaixão para trazer essa consciência às nossas vidas também. Kwan Yin é uma deusa invocada para superarmos momentos de muita dor, de perdas irreparáveis e desconexões desorientadoras pois esse arquétipo, com seu olhar amoroso, nos oferece alívio para o sofrimento e a restauração de nos sentirmos amadas novamente.

Seu mantra é “Om Mani Padme Hum” e se refere à capacidade de nos mantermos puras e íntegras pela força do amor mesmo que estejamos num ambiente desafiador à vida como é a lama onde cresce a flor de lótus. Seu mudra (gesto com as mãos) é um sinal de reconexão com o cosmos e a consciência coletiva, relembrando que é do amor que vem a orientação para persistirmos com a vida ainda que em tempos tão difíceis.




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