sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Eleições de 2018

Hoje dei uma entrevista para o Jornal Terceira Visão, publicação impressa que circula no interior de São Paulo.

Falamos sobre o cenário político e outras possibilidades para este ano à luz da astrologia e considerando as movimentações planetárias durante o período.

Foi uma experiência bem interessante, foi a primeira vez que fiz um trabalho como esse de análise do céu de uma forma tão abrangente que não fosse uma consulta, porque na consulta a gente vai confirmando os posicionamentos com o que o consulente nos dá de retorno, se aquilo que a gente está vendo nas posições planetárias faz sentido com a história pessoal.

A leitura do céu nesse contexto unicamente de previsões é mais ousada, não tem confirmações. Mas eu adorei a experiência!

Vou postar aqui a imagem da matéria publicada e a transcrição abaixo para melhor leitura, espero que gostem ;-)

eleições 2018

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ASTRÓLOGA FAZ PREVISÕES PARA UM 2018 DE REVELAÇÕES E REVIRAVOLTAS

A nível nacional, haverá ainda mais escândalos políticos e as tensões nas políticas internacionais continuarão. Valinhos terá progresso financeiro, diz estudiosa da Astrologia.

Por Bruno Matheus
12/01/2018

Basicamente, os astrólogos afirmam que o movimento e as posições dos corpos celestes podem influenciar diretamente ou representar eventos na Terra e em escala humana. Alguns definem a Astrologia como uma linguagem simbólica, uma forma de arte, ou uma forma de vidência. Acreditando ou não, todo mundo quer saber sobre o que pode acontecer e se precaver com uma análise do presente.

Então nada melhor que iniciar o ano com uma visão para o que irá. Por isso, confira o que previu a astróloga Verbenna Yin.

De um modo geral, o que nos aguarda em 2018? Sabemos que deve ser um ano tumultuado com a Copa do Mundo, vários feriados e emendas e, principalmente, a eleição do país. Falando nisso, quem deve ganhar? Qual será o panorama político ao longo deste ano antes e depois da eleição?

Durante 2018 continuaremos a ver escândalos políticos e o uso da máquina judiciária para expor inimigos, numa corrida pelo poder em que nem toda intenção será boa. As eleições prometem ser emocionantes!

A disputa pelo comando do país pode correr o risco de sofrer manipulação de resultados de pesquisas e até fraudes na eleição. No mapa do Brasil o eixo do poder será ativado pela entrada de Urano em Touro no meio do ano e não se deve descartar a possibilidade do povo comprar a imagem de um candidato que saiba usar a mídia e as novas tecnologias para se promover. Brasileiro adora uma novidade e Marte em Aquário na época das eleições pode ajudar a criar a imagem de um novo "Salvador do Brasil". Esta nova figura política pode se fortalecer após o feriado de Independência, pois o sentimento de nacionalismo e amor à pátria serão reativados na revolução solar do país.

No mês de definição das eleições (novembro) Marte estará em Peixes e conjunto a Netuno, o planeta das ilusões, o que infelizmente pode facilitar para que o vencedor das eleições seja justamente alguém com potencial para ludibriar o povo com um discurso bonito para impressionar.

É possível também que haja uma movimentação política para revisão das eleições no final de novembro, quando Sol e Júpiter ficarem conjuntos em Sagitário. Nesse período imediatamente após as eleições os céus favorecem a descoberta de fatos novos com potencial para mudar o resultado das eleições, o que precisará de muito apoio do povo já que o processo formal de eleição já teria terminado.

E no mundo? Algo de relevante acontecerá diante do panorama deixado em 2017? Haverá algo ruim como doenças, ataques terroristas, guerras? E haverá algo bom? Algum avanço?

Numa análise global até a metade do ano continuaremos a ver o crescimento das iniciativas para promover a segurança e a saúde das mulheres. Júpiter e Saturno vão colaborar para que as estruturas que limitam as mulheres na vida social sejam revistas e avançaremos na compreensão da igualdade de genero. Nesse período Júpiter em Escorpião auxilia todo processo de pesquisa científica e acelera a cura de processos de saúde que envolvam a regeneração celular e de tecidos.

Durante todo o ano devemos ver novos capítulos de tensão entre Estados Unidos e Coreia do Norte, pois o caráter competitivo de ambos os presidentes estará não só ativado mas como também ampliado. Todo esforço para composição de um entendimento pacifista deve ser aproveitado. No final do ano podem haver manifestações extremistas que envolvam fundamentalismo religioso e violência contra grupos vulneráveis, pois Marte estará em Peixes ativando a intolerância religiosa e o uso desproporcional da força.

E quanto às energias para 2018, como estão, qual a conclusão final da sua previsão? Como essas energias, a astrologia e esta questões influem no mundo? Por que algumas pessoas consideram e outras não?

2018 será um ano de muitas revelações e reviravoltas, pois teremos vários planetas retrógrados em final de signo, projetando em nós situações que vão e que voltam para serem revisitadas e corrigidas. Quem aproveitar o movimento dos astros para se conhecer melhor e se aprimorar, seja a nível pessoal ou coletivamente, vai ganhar com a evolução que esses aprendizados propõem. Quem não acredita na astrologia também vive esses processos, mas às vezes não se conta desses aprendizados. Quando a gente sabe o que está acontecendo a nível macro pode se permitir viver os benefícios do fluxo astral a nível pessoal.

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E para quem se interessa pelo tema ou estuda astrologia, aguardo os comentário de vocês sobre o que acharam dessas possibilidades que indicamos. Concordam? Pensam diferente?

Me contem!!

Vou adorar saber o que vocês pensam também.

E olha só, por ser a primeira vez fiquei bem feliz também porque saímos na capa da publicação impressa. Demais né?

2018 promete!

eleições 2018




segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

2018 – Ano 11 e as previsões do Tarot



As artes divinatórias se conversam muito e duas linhas que se integram muito bem são o tarot e a numerologia – haja vista que as cartas do tarot são numeradas e sequenciadas por motivos que acompanham o padrão evolutivo da natureza. E tanto o tarot quanto a numerologia nos ajudam a entender melhor os comportamentos humanos, cada abordagem com suas próprias bases mas confluindo no entendimento maior em perceber as manifestações e expressões humanas de acordo com leis universais que regem o curso do tempo e das elementos da natureza que nos influenciam a todos.

Pela numerologia o ano 2018 será um ano 11, considerando a soma de cada um dos algarismos individualmente (2 + 0 + 1 + 8 = 11). O número 11 é um número mestre e não deve ser reduzido para 2 (1 + 1), neste caso devemos nos atentar para os ensinamentos distintos de um ano 11 e que são bem diferentes de um ano 2.

Quando o número 11 aparece num resultado da numerologia, pede bastante atenção: é um indicativo de que chegou um tempo para se conectar à espiritualidade e "subir" de nível. Para acessar sua força interna, direcionar a sua vontade para algo superior ao que existe hoje e manter-se determinado e diligente nessa direção.

O número 11 também trata da consciência da colaboração (1 + 1) e como uma atitude colaborativa pode ajudar a conquistar essas metas mais elevadas. 


Essa visão é bem parecida com o que concluímos pela análise astrológica para o ano de 2018, onde as transformações serão conduzidas por Saturno, num desenvolvimento que pede maturidade e seriedade para questões mais elevadas. Confira a previsão astrológica AQUI.

E então, fazendo a correspondência do número 11 com os arcanos do tarot, chegamos a duas possíveis combinações: a carta da Força ou a carta da Justiça.

Isso porque o sistema sequencial do tarot tradicional indicava a carta da Força como arcano 11 até que uma linha de estudos mais recente, preconizada por Aleister Crowley, alegou que a carta da Força estava no lugar errado da sequência e na verdade o arcano 11 deveria ser a carta da Justiça, e assim que vários tarots mais ligados com as questões do humano moderno levam em conta essa mudança numérica.

As duas possibilidades são válidas e vou indicá-las aqui pra que cada leitor avalie qual delas se ajusta melhor a sua percepção do momento coletivo que vivemos.

O arcano da Força mostra uma mulher nua dominando um Leão, sem grandes esforços ela consegue se impor à essa fera e controlar o instinto destruidor do animal. Simbolicamente, esse arcano nos mostra que existe um trabalho interno a ser realizado para dominar nossos instintos mais brutos e agressivos pois temos habilidades mentais que nos permitem nos diferenciar dessa consciência mais primitiva para nos elevarmos a um nível mais refinado de percepção da realidade. Se quiser conhecer mais a fundo as características desse arcano, clique AQUI.

Coletivamente, um ano regido pelo arcano da Força é promessa de um ano de muita atividade, com disposição e vitalidade física para tomar iniciativas e retomar as rédeas da sua própria vida, nessa tônica de aprimoramento em direção a um modelo humano superior.

Mas não nos enganemos, no padrão negativo essa vontade toda pode ser mal direcionada, e a gente pode cair na tentação de usar a força - do argumento, da persuação, ou a força física mesmo - pra fazer valer a nossa vontade diante do outro. Aí a coisa descamba, porque se o outro tem que se submeter isso é violência. Então temos que exercitar uma medida pessoal a fim de nos mantermos no terreno seguro da negociação e do diálogo no âmbito coletivo.

Também pode indicar um ano em que seremos mobilizados a enfrentar nossos impulsos mais agressivos e criar destrezas para dominá-los com consciência, direcionando essa energia interna para o nosso crescimento pessoal: dominar uma língua mais ferina, um padrão intolerante, aquela vontade de sair fazendo só o que der na telha sem pensar nas consequências, jogar tudo às favas e sair xingando... tudo isso pedirá por uma revisão neste próximo ano.

Essa interpretação se harmoniza com as linhas que indicam a regência do ano 2018 à Iansã ou a Durga, os arquétipos femininos mais poderosos e que tratam desse direcionamento da energia interna de forma responsável para não sermos destruídos.

E ainda ouso dizer que pode indicar uma fluência da energia feminina reagindo à dominação histórica das mulheres em diversas culturas e que ainda hoje acontece sob argumentos que não se sustentam à luz do conhecimento disponível hoje na humanidade.

Por outro lado, se considerarmos a interpretação mais moderna que coloca o arquétipo da Justiça como arcano 11, o ensinamento proposto é o de se dar conta de que tudo que acontece no mundo também acontece dentro de nós e que se hoje o mundo apresenta uma determinada realidade isso se deve a que experimentamos aquela mesma realidade internamente.

Se no mundo há raivas e conflitos, estamos todos ao mesmo tempo vivendo esses conflitos dentro de nós mesmos. O mundo externo é um reflexo daquilo que experimentamos sozinhos e a realidade externa pode nos dar uma dica dos temas que precisamos encarar dentro de nós: somos em algum nível intolerantes, isolados, violentos? Somos intolerantes com as nossas próprias falhas, ou somos violentos com nós mesmos quando reprimimos nossos desejos?

Aqui o aprendizado é o de investir nas transformações pessoais para que possamos cada vez mais nos sentir pertencentes a um coletivo que apoia, colabora e prospera junto. Mudando nossa realidade interna para melhor, curando nossas feridas emocionais e nos permitindo essa entrega para conviver livremente com os outros, podemos impactar positivamente também a realidade externa e modificá-la igualmente. Esta é um interpretação que se relaciona bem com a regência de Xangô, o orixá da justiça e da firmeza.

Se quiser conhecer melhor o arcano da Justiça, clique AQUI.

Entre a Força e a Justiça, qualquer que seja o arcano que afinizar melhor com você, 2018 promete ser um ano de bastante trabalho interior para todos nós ativando essas percepções e nos mobilizando ao aprimoramento pessoal.

A dica é compartilhar esses aprendizados para que cada vez mais pessoas se dêem conta dos seus próprios processos e possam criar consciência sobre o por quê disso acontecer. Trabalhar essas questões em grupo pode ser uma forma mais leve e gostosa de experimentar a evolução que os novos tempos estão nos pedindo, então considere você mesmo fazer uma reunião com os amigos para conversar a respeito, passar adiante o que você anda vivendo e como isso se encaixa no momento planetário. Lembre-se, o ano 11 pede colaboração: a sua!
                                                                                  
Todos ganhamos com a expansão da consciência coletiva, e talvez o número 11 nos traga esse entendimento de que podemos sim crescer individualmente mas sem deixar que esse crescimento fique restrito apenas à nossa bolha ou ilha particular; é no mundo real que nossos aprendizados individuais precisam ser colocados em prática.

E para as mulheres que me acompanham aqui pelas redes, deixo uma música que me chegou no ano passado para registrar o quanto aprender em grupo pode ser uma forma linda de se transformar e modificar a sua própria realidade. Compús essa música logo após minha iniciação no xamanismo matricial e ela fala dessa relação entre mulheres em que podemos experimentar a nossa força e a espiritualidade juntas. Espero que gostem :-)




sábado, 30 de dezembro de 2017

Astrologia para 2018



A posição dos astros na virada do ano pode dar indicações valiosas para as resoluções de ano novo. Este ano, por conta do horário de verão estaremos recebendo 2018 um pouco adiantados aqui na região sudeste, mas por conta da egrégora que se forma no momento da virada e toda a energia mental do coletivo minha interpretação considera esse momento real das comemorações como horário para gerar o mapa da virada do ano. Lembrando que Brasília também adere ao horário de verão.

Assim que teremos um ano 2018 bem capricorniano, com Sol, Vênus, Saturno e Plutão fazendo um Stellium em Capricórnio. Quem dá a tônica aí é o Saturno domiciliado, que vem com força total afinar o ano no diapasão da autorresponsabildiade e na casa das estruturas pessoais: o tempo é de ver a realidade como ela é para lidar com essa realidade sem ilusões. Agora o tempo é de seriedade para assumir responsabilidades e fazer o que precisa ser feito, pessoal e coletivamente.



O Sol um pouquinho à frente de Saturno indica que nossa consciência está desperta, teremos clareza para entender essa nova realidade que vem se delineando e não vai dar mais pra ficar nessa atitude de criar desculpas ou procrastinações.

Quando a gente se nega a ver o que está diante de nós não podemos progredir. Pelo contrário, a negação é uma atitude infantil, uma regressão. O tempo sempre avança e é Saturno, o grande Senhor do Tempo, que nos move para frente.

Plutão vem puxando o grupo todo e mostra que as transformações serão inevitáveis, é hora de crescer e desapegar do que não é essencial porque o caminho de Capricórnio é áspero e íngreme, levar muita bagagem atrapalha a caminhada.

No entanto, Vênus faz parte do grupo e pode nos lembrar de colocarmos amorosidade e delicadeza nesse processo de transformação pessoal rumo à maturidade. Acolha seus medos, cuide-se durante este processo e lembre-se que o padrão da natureza é o crescimento e a abundância. “Hay que endurecerse pero sin perder la ternura jamás.”

Ascendente em Virgem e Meio do Céu em Gêmeos, com a lua geminiana banhando todo o mapa da virada do ano, nos alerta para a tendência de querer fugir dessa realidade mais séria com a tônica Saturnina. O regente Mercúrio exilado em Sagitário também dá esse aviso: cuidado com as decisões rápidas que parecem mais fáceis e com o impulso de resolver as coisas na conversa, tudo isso é uma primeira impressão descuidada que pode agravar situações anteriores que precisam ser revisitadas e resolvidas em 2018.

Júpiter e Marte em Escorpião na casa dos valores indicam que as recompensas materiais virão com esforço este ano, mas essa posição é bem aspectada com o Stellium em Capricórnio. Aqui a mensagem dos astros é para agir responsavelmente para conseguir tudo aquilo que você quer conquistar neste novo ano e que a transformação pessoal passa por essas escolhas também, afinal nossos desejos refletem quem nós somos.

Quem você quer ser em 2018?



quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Veranizando


E hoje recebemos em meio à chuva (aqui em Sampa) o solstício de verão!

O solstício é um alinhamento astrológico, é quando o Sol e a Terra se posicionam na eclíptica exatamente no grau zero de Capricórnio. E este ano chegamos nesse alinhamento junto com Saturno, que se colocou aí primeiro e vai impregnar esta estação com sua consciência de maturidade e firmeza.

Mas vamos falar do verão, essa estação de calor, de festejos e recomeços coletivos.

O elemento do verão é a água e seu símbolo nas tradições xamânicas é o coral, uma cristalização marinha de cor vermelha que lembra o nosso sangue e coração.

Água, sangue e coração são símbolos que falam das emoções humanas, este é um tempo para aflorar os sentimentos e permitir-se sentir através do corpo essas energias intensas que nos mobilizam perante a vida. São as emoções que nos levam a decidir quem queremos que esteja ao nosso lado, o que faz nosso coração bater mais forte e assim definirmos os ofícios que queremos cumprir, o que nos ferve o sangue nos moverá em direção ao que acreditamos ter que lutar.

Nossas emoções são os gatilhos que movimentam a vida e os eventos se movem na fluidez da água, esse elemento que une e conecta, nos dá a sensação de pertencimento e faz brotar os vínculos entre as pessoas. Verão é tempo de união.

A água limpa o ar, nutre a terra e faz verdejar a natureza. É o único elemento que não se perde em sua essência, sempre se pode filtrar a água e purificá-la novamente e, ainda que evapore, a água retorna em forma de chuva. Por isso se associa ao amor, pela sua capacidade de restabelecer o fluxo energético de vida e abundância.

Não é a toa que comemoramos o Natal e o Ano Novo nessa época, é um tempo para estarmos reunidos com quem a gente gosta, de sentirmos juntos a renovação da vida que se reorganiza no ano que chega e para recobrar a esperança num amanhã melhor. É uma nova chance para preenchermos a vida com a água simbólica que nos faz caminhar sempre em frente.


E por conta do calor o verão também evoca esse movimento da água em direção ao alto, as águas evaporam e promovem na natureza um movimento que vai de dentro pra fora, fazendo aflorar e florescer. Nossas águas internas nos direcionam pra fora e assim como novos ramos de uma planta, buscamos também crescer e nos conectar.

A medicina do verão é permitir-se sentir, ter liberdade para se expressar e deixar a natureza fluir as águas em você. Junto com o alinhamento de Saturno no céu, a mensagem é pra sermos responsáveis com nossas emoções, prezando pelo nosso autocuidado em construir relacionamentos saudáveis para nós mesmos. 

Num ambiente afetivo seguro termos a liberdade para sentir a vida sem constrangimentos ou defesas ativadas, e assim podemos relaxar sendo mais espontâneos para receber e doar amor.

Curar-se neste verão é resgatar sua espontaneidade. Permita-se!




sábado, 9 de dezembro de 2017

Tarot e Psicanálise

Meu trabalho terapêutico hoje une uma possível correspondência entre as teorias psicanalíticas mais difundidas (S. Freud, Melanie Klein, Winnicott, W. Reich e J. Lacan) e a simbologia arquetípica contida no sistema dos arcanos maiores do Tarot.

O Tarot é um compêndio de 78 cartas, divididas em 22 arcanos maiores e 58 arcanos menores. Dizem alguns estudiosos do tarot que o compêndio surgiu no antigo Egito, organizado na forma de um jogo para manter o interesse e curiosidade das pessoas - assim, mesmo se eventualmente proibido enquanto jogo, sua utilização resistiria às mudanças culturais ao longo do tempo. Uma solução interessante que leva em conta o conhecimento das características humanas e suas respostas comportamentais esperadas.

Os arcanos maiores são representações simbólicas de atitudes, comportamentos e momentos de vida comuns a todos os indivíduos e seguem uma lógica própria do que seriam, cronologicamente, as etapas de amadurecimento de uma pessoa diante da vida.

Nessa abordagem, o tarot seria um estudo das possibilidades de cada uma dessas etapas, quais as características e os desafios propostos em cada uma dessas fases da experimentação humana e quais comportamentos estariam relacionados a cada um desses momentos. Também indica que essas etapas seriam cumpridas na linha do tempo de todas as pessoas, sendo, portanto, experiências comuns a todos e reconhecíveis por qualquer um.

Sob essa ótica, a compreensão dos arcanos maiores do Tarot enquanto um roteiro das etapas de amadurecimento humano guarda bastante similaridade com a proposta do processo de individuação de C. G. Jung.

O processo de individuação seria um caminho percorrido por cada indivíduo, de forma única e singular, com a finalidade de diferenciar-se dos outros e ao final reconhecer-se completamente em sua essência, percebendo todas as suas reais características e potencialidades – o que lhe permite promover em sua vida as condições para que seus atributos possam ser exercidos com liberdade, espontaneidade e de forma positiva para si mesmo para o grupo a que pertence.

Assim, em última análise, o processo de individuação é positivo também para a criação de uma sociedade mais justa e colaborativa como anos mais tarde teorizou D. Winnicott na sua teoria do amadurecimento pessoal.

Este tema me toca pessoalmente por eu já ter experiência na leitura do Tarot numa abordagem terapêutica, ou seja, utilizando as cartas como forma de retornar o indivíduo a um estado de harmonia interna e pacificação anterior. Porém, ao longo do curso de psicanálise fui percebendo paralelos muito interessantes entre a abordagem terapêutica do Tarot e as diversas teorias psicanalíticas estudadas, em especial o processo de individuação e a sincronicidade.

Apesar de todo o misticismo associado à leitura do Tarot, que poderia gerar uma certa resistência em aceitá-lo como método terapêutico, na minha visão é possível utilizá-lo como uma ferramenta bastante eficiente para acesso ao inconsciente, tanto para manifestar conteúdos latentes do inconsciente do analisando como também para catalisar o conteúdo simbólico dos sonhos e representações da realidade que o analisando trouxer para o setting analítico, pela proximidade dos símbolos individuais com os arquétipos coletivos do Tarot.

Entender melhor as correspondências entre as duas abordagens possibilitaria ao terapeuta e ao analisando, a meu ver, uma objetividade no tratamento dos conteúdos acessados em terapia, pois ao colocar esses conteúdos em perspectiva para o próprio analisando, essa nova maneira de olhar para os próprios conteúdos poderia contribuir positivamente no seu processo analítico.

Tenho notado algumas vezes que ao olhar para uma carta do Tarot o analisando reconhece uma linha de coerência entre determinados símbolos, sua história pessoal e seu momento atual. Como por exemplo, é muito comum que um analisando com questões maternas e fixação oral “escolha” a carta da Sacerdotisa ou da Imperatriz – que, como veremos adiante, são representações simbólicas da relação com o princípio feminino.

Também tenho presenciado analisandos que conseguiram elaborar alguma percepção sobre si mesmos a partir dos desenhos e símbolos contidos na carta escolhida, como se a imagem comunicasse uma ideia a seu próprio respeito e de súbito lhes chegasse uma compreensão inteira que até aquele momento ainda não tinha sido possível.

Numa visão integrativa, assim como é possível selecionar a teoria psicanalítica mais adequada para cada pessoa conforme o quadro apresentado no setting, também me parece possível associar determinadas teorias psicanalíticas a cada um dos arcanos maiores do Tarot e submetê-los à “escolha” do analisando - o que sinalizaria que cada arcano do Tarot contém em si uma representação simbólica de um quadro psíquico e uma possibilidade de encaminhamento terapêutico correspondente e mais adequado.

Dessa forma, apresentar as possíveis relações entre as diversas teorias psicanalíticas e os conhecimentos associados aos símbolos do Tarot me parece bastante pertinente e oportuno. Vivemos num país em que a maior parte da população é muito receptiva às terapias alternativas e cada vez mais surgem novos olhares e desenvolvimentos que permitem dar mais acolhimento e alívio para os sofrimentos humanos.

Por outro lado, uma abordagem integrativa e integradora das diversas teorias psicanalíticas confere ao profissional um maior leque de opções para tratar de cada analisando de forma personalizada, única e singular, mais adequada àquela história de vida e ao seu momento pessoal. Dentre as várias opções, seria possível ao psicanalista lançar mão do Tarot como mais um recurso e adaptar sua terapêutica para cada pessoa que chega no setting buscando alívio para suas dores emocionais.

Se este trabalho possibilitar o uso do Tarot numa abordagem psicanalítica e para fins terapêuticos que reflitam numa melhora das condições do analisando, tudo terá valido a pena!

Verbenna Yin
Astros - Tarot - Psicanálise

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Dia dos mortos


Hoje é 2 de Novembro, dia de Finados aqui no Brasil. Feriado. Um dia separado no calendário para pararmos o que estamos fazendo e nos lembrarmos daquelas pessoas que se foram, de lamentarmos suas ausências, de visitar túmulos e ficar na nostalgia de um tempo que é impossível voltar.

Esse dia sempre me incomodou, achava tétrica essa coisa de visitar um cemitério e ficar lá lamentando a morte de alguém. As imagens associadas a esse dia também são péssimas, de pessoas cabisbaixas, flores murchas, tons escuros e sombreados. Mas no fundo mesmo o que me incomodava era esse olhar negativo que se cultiva, talvez sem nos darmos conta, de prestar atenção apenas na falta que a pessoa falecida nos faz. A tristeza coletiva é tanta que geralmente chove nessa data.


Acho que esse olhar da falta fala muito mais de nós, os vivos, que aprendemos uma percepção da vida focando nas coisas que nos faltam. Lamentando pelo que não podemos ter. Talvez o ato de lamentar nos conecte com uma falta maior, primordial e primitiva, anterior até ás nossas memórias de infância. Aquele vazio em nós que é intolerável e que buscamos preencher a todo custo: falamos demais, comemos demais, compramos demais, corremos demais... o quanto nos custa preencher esse vazio da nossa singularidade.

Por outro lado, pode ser um contraponto positivo incorporar o olhar das culturas mais antigas que tradicionalmente, sobre o tema dos “mortos”, celebra a vida dessas pessoas que já partiram com festas, cantos e comidinhas.

Sim, celebrar, uma palavra por si só positiva. Diferente de lamentar a partida, celebrar o tempo de permanência daquela pessoa, valorizar as trocas que nos foram possíveis fazer com ela e os momentos que passaram juntos me parece enriquecedor justamente por vivificar em nós aquela nossa parte humana que conectou com aquele que partiu.

Encontrar esse elo humano nas nossas relações é uma bela poesia de quanta beleza a vida pode nos proporcionar com a convivência, a co-vivência. Quando conectamos com essa parte, da pessoa querida, que um dia nos tocou, é como se voltássemos na linha do tempo e mais uma vez aquela centelha de luz divina que havia nela por um momento se acendesse novamente. O tempo é relativo, já disse o físico.

Hoje não me incomodam mais as representações deste dia com as tradicionais “caveirinhas mexicanas”. Antes sim, caveiras me pareciam fúnebres demais, porque eu também tinha esse olhar de quem lamenta e as caveiras eram assustadoras representações da falta.

Para além das modinhas, entendo o real sentido das culturas antigas que guardavam os crânios de cristal na intenção de honrar o que poderia representar a concentração de tudo que subsistiu em uma pessoa. Como se o crânio fosse a cristalização daquelas experimentações dela ao longo da vida, seus aprendizados, exemplos e evoluções, e contivesse também as memórias dos  momentos compartilhados conosco.


Para este dia minha intenção é celebrar esses elos que consigo enxergar nas histórias e momentos que compartilhei com quem já prosseguiu para outros planos, honrando as conexões que pudemos vivenciar e levando dentro de mim a riqueza do que pudemos sentir juntos, para além do tempo. 

Pra mim é um dia especial para olhar pra mim mesma e honrar tudo que levo vivo dentro de mim, me dando conta do quanto sou resultado dessas conexões amorosas que me foram possíveis. Dia de praticar a afirmação "Mitakuye oiasin", que quer dizer "por todas as minhas relações".


terça-feira, 31 de outubro de 2017

Beltane, Dia das Bruxas e outras cositas más



Hoje é uma data bem interessante aqui no hemisfério sul, comemoramos o Halloween ou "dia das bruxas" junto com as tradicionais festas pagãs do hemisfério norte.

Eu acho interessante porque aqui no sul temos o costume de incorporar as referências de outras culturas, e com o Halloween não foi diferente. Adotamos por aqui uma festa que comemora a época do ano em que o frio e as noites mais escuras pedem o aporte do fogo para iluminar e aquecer.

Jack o' Lantern é aquela abóbora transformada em lanterna, numa brincadeira divertida entre o medo do escuro e o aspecto lúdico de uma festa que procura vencer a escuridão do tempo do inverno que chega no hemisfério norte.

Mas e aqui no hemisfério sul, isso não fica deslocado do nosso calendário?

Fica! Não faz sentido a gente comemorar as lanternas de abóbora e pensar nas coisas que nos dão medo (bruxas, esqueletos e afins) e que estão associadas à falta de iluminação quando estamos justamente caminhando para o verão né?

Por isso aqui no hemisfério sul a gente inverte a roda das estações e com isso inverte também as celebrações das épocas do ano.

Aqui no hemisfério sul é Beltane, a época do ano para celebrar a união do princípio feminino e masculino na natureza. Porque aqui no sul a estação do ano é a Primavera, um tempo de maior iluminação natural do Sol em que os dias vão aumentando sua duração em relação às noites até chegarmos no solstício de verão.

Beltane é a celebração do equilíbrio das energias, das polaridades negativas e positivas da natureza. Não no sentido de bem e mal, mas no sentido de expansão (polaridade positiva) e receptividade (polaridade negativa). Com o equilíbrio entre o elemento fogo - que é a semente de toda vida e sustenta o princípio masculino - e a água, que é o berço gerador e sustenta e o princípio feminino, é possível acontecer a fertilização de uma nova vida.



Assim é a representação simbólica de Beltane, a relação sexual entre homem e mulher, numa alusão ao poder que surge quando os princípios feminino e masculino estão perfeitamente integrados: o poder de criar uma nova vida.

E os povos antigos, que eram mais conectados com a natureza e tinha uma observação mais cuidadosa do tempo, celebravam esses momentos do ano porque entendiam que esses padrões da natureza ocorrem no maior e também no menor, no macrocosmo e no microcosmo. Celebrando, não se esqueciam desse ensinamento.

E assim como acontece na natureza acontece também dentro de nós, quando permitimos a união das energias feminina e masculina e equilibramos essas forças, nossa vida se abre para novas possibilidades gerando frutos que podem nos trazer muita alegria e realização.

Todos nós temos o princípio feminino e masculino em ação dentro de nós. Quando precisamos de mais força física e iniciativa estamos colocando em ação o princípio masculino, e quando buscamos um momento de maior introspecção e sensibilidade estamos deixando fluir o princípio feminino. Ambas energias coexistem em nós e podemos dar maior vazão ora para uma ora para outra, mas precisamos do alinhamento entre elas para que aconteça um fluxo saudável desses impulsos da natureza em nós.

Na roda xamânica estamos hoje na direção Leste, a direção da Primavera e do elemento fogo que evoca em nós a iluminação espiritual, a força e a coragem para empreender nossos sonhos. Mas seguindo a roda estamos justamente caminhando para a direção Sul, a direção do Verão e do elemento água, que representa as nossas emoções e o tempo de trabalhar os sentimentos. 

Então também por esse sistema, estamos numa data intermediária entre a estação do fogo e a estação da água, mais uma vez o princípio masculino e o princípio feminino se mesclando para se manifestar dessa mesma forma na natureza. Com a primavera vieram as floras, e no verão chegarão os frutos.

Numa grande poesia energética, de hoje 31/10 até o dia 02/11 teremos um período muito rico para nos conectarmos com esse padrão da natureza e mentalizarmos tudo aquilo que queremos que frutifique na nossa vida também. Este período é ideal para fazermos visualizações criativas do futuro que queremos que aconteça pra nós, porque fogo é energia!

Pra quem estiver nessa harmonia com os ciclos da natureza a dica é trazer o elemento fogo para o seu dia: acenda velas pela casa, cozinhe, faça uma fogueira e mentalize seus pedidos diretamente nas chamas. 

Quando mentalizamos nossos desejos e colocamos as nossas intenções dessa forma, assim como o Sol vai ficando cada vez mais presente até a chegada do verão, seu pensamento também vai ganhando mais e mais energia até se concretizar no mundo físico também.



Lembrando que bruxa é aquela mulher sábia, que já viveu muito, já observou muita coisa e aprendeu um tanto também. Se hoje é o dia das bruxas, que tal colocar em prática todo esse conhecimento?

Foram muitas pessoas que, antes de nós, observaram esse padrão e encontraram uma forma de perpetuar no tempo toda a riqueza desses ensinamentos. Eu acho incrível a gente poder não só valorizar esses ensinos mas também crescer individualmente com eles.


Não perca a carona de Beltane!


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Deus é Pai – que pai é esse?



Todo mundo já ouviu essa expressão popular que equipara Deus aos atributos que corresponderiam a uma figura paterna: cuidadora, amorosa e provedora.

Quando alguma situação da vida dá certo, a gente diz “Deus é Pai” porque assume que foi a interferência dele que conduziu àquele desfecho favorável né? Ou então se a situação é difícil, depositamos nossa confiança numa possível resolução positiva e “pedimos a Deus” para que tudo corra bem, afinal, Deus é Pai e vai nos proteger do mal.

Ainda tem aquela variante que afirma que “Deus é Pai, não é Padrasto” reafirmando que é o pai quem nos ama de verdade e que por isso sua interferência é o melhor para nós, sua interferência não só é benéfica mas vem carregada de algo especial que é o sentimento de afeto entre pai-filho, coisa que supostamente não existiria na relação com o padrasto.

Todas essas idealizações sobre a figura paterna vão criando em nós uma referência própria para essa palavra “Pai”, e numa cultura judaico-cristã como é majoritariamente a cultura ocidental, essa idealização tem repercussões bem maiores.

Quando a gente associa que “Deus é Pai” tendemos a misturar as referências do que entendemos como Deus, enquanto Ser Divino, e como Pai, a figura paterna que cada um tem. E se Deus é esse ser amoroso, bondoso, compassivo e acolhedor do nosso imaginário, também vamos apreendendo esses atributos como qualidades inerentes à nossa figura paterna. Logo, nossos pais devem ser igualmente amorosos, bondosos, compassivos e acolhedores.

Mas e quando nossos pais não são assim?

Será que conseguimos olhar para eles e vê-los como são realmente?

Ou será que passamos a vida dando chances para que eles “se tornem” a figura paterna compatível com a divina e finalmente nos “confirmem” que são mesmo tão amorosos quanto esse Deus que concebemos?

Acreditar que se ficarmos dando oportunidades para que a figura paterna aja de uma forma coerente com o nosso ideal de amorosidade pode não ser saudável, pode nos levar a constantes frustrações quando essa figura paterna não corresponde ao que imaginamos. E talvez porque essa figura paterna não seja mesmo amorosa e nos negamos a aceitar isso.

O Brasil é um país que tem mais de cinco milhões e meio de crianças sem registro de paternidade e outros milhões de crianças que apesar de conhecerem os pais sofrem de abandono material e afetivo. 

Mesmo numa família tida como tradicional, onde existem as figuras paterna e materna convivendo juntas, é muito comum que o pai esteja ausente na maior parte do tempo principalmente sob a justificativa de que “está trabalhando”. Esse pai operador e funcional o tempo todo é muito valorizado!

Assim como Deus está longe no céu e sempre ocupado mantendo tudo em sua ordem, tendemos a desculpar esse pai ausente que também se mantém ocupado todo o tempo e não pode nos atender como queríamos ou precisávamos. Talvez isso crie o pensamento "tudo bem, porque trabalhar é muito importante e os pais trabalham, e eu também preciso trabalhar muito para o papai me aprovar..."

Na construção da nossa identidade, as figuras paterna e materna são os primeiros modelos de comportamento que a criança vai assimilar e enquanto energias, pai e mãe representam a nossa própria energia masculina e feminina.

Absorver um modelo paterno saudável coloca em movimento a nossa própria energia masculina também de forma saudável e podemos criar e produzir coisas no mundo concreto com mais facilidade se essa energia estiver circulando livremente em nós.

Já num conflito com a energia masculina em nós, homens e mulheres, tendemos a bloquear esse fluxo e podemos ter problemas com nossa afirmação no mundo real, com mais dificuldade para manter uma posição social e de trabalho e nossas produções podem ficar comprometidas.

Mas o Deus bíblico não tem apenas atributos positivos, ele também tem inimigos, é vingativo e muitas vezes sanguinário. Não perdoa infidelidades, manda matar todos aqueles que não o adoram e não cumprem o que ele manda. Ainda, reconhece como seus filhos somente aqueles que foram predestinados a ser do seu povo escolhido, reservando a todos os demais o julgamento e a danação eterna.

Como fica a nossa identificação com nossos pais quando eles representam esses atributos negativos da figura divina?

Se Deus é Pai, então talvez esse Pai teria certa liberdade para ter e exercer esses atributos negativos da figura divina também. São aprovações inconscientes que vão acontecendo conforme assimilamos a cultura, quando não temos a chance de lançar um olhar mais crítico aos efeitos dessas afirmações escondidas nos ditados populares e no senso comum.

Nesse contexto, um homem identificado com o lado negativo da figura do “pai divinal” poderia se sentir confortável de impor sua vontade em qualquer ambiente, sua palavra tem valor absoluto e, portanto, qualquer resistência à sua vontade deve ser eliminada. Afinal, Deus é Pai e não tolera ser contrariado.

Do outro lado, a mulher identificada com essa mesma figura poderia desenvolver uma culpa interna por se colocar contrária à imposição do pai – seu pai ou o pai dos seus filhos. Talvez ela ainda precise se sentir aceita como a filha do seu pai e aceite irrestritamente tudo que essa figura masculina lhe impõe. Talvez a dominação faça parte desse imaginário e assim permaneça obediente e submissa, vinculada a um ambiente onde estará vulnerável. Ou ainda, pode ter que pagar o preço por resistir a essa dominação justificando para si mesma um ambiente de intolerância e abuso.

Fato é que o Brasil, que apesar de ter a maioria da população assumidamente cristã, admitimos homens com perfis dominadores e abusivos na função de pais dentro do contexto familiar e, talvez por conta disso, tenhamos resultados surpreendentemente cruéis nos quadros de violência contra a mulher onde os companheiros e pais são os maiores autores de agressões contra mulheres.

Se queremos contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e saudável precisamos rever as referências que usamos para construção da figura paterna de todos nós. Enquanto o Pai, no nosso imaginário, for essa representação de atributos negativos como intolerância, autoritarismo, abandono e violência, tendemos a reproduzir e aceitar esses mesmos comportamentos em escalas maiores – que tornam nossa vida em sociedade menos rica e muito menos saudável.

Talvez se conseguirmos olhar para os nossos pais, reais ou internos, como eles realmente são, com todas as suas imperfeições e falhas, aceitando que as pessoas são assim e acolhendo-as em suas incompletudes, não precisaremos mais comparar homens a deuses nem esperar que nossos pais se comportem como Deus, para o bem ou para o mal.

Talvez Deus seja Deus, mas eu penso que Pai possa ser somente pai mesmo.