Lua Cheia com eclipse é sempre sinal de fortes emoções, e foi assim que correu a última semana, ainda enquanto a lua estava na fase crescente – porque eclipse é assim, vai se formando num aumento gradativo, contínuo, até que acontece aquele ponto alto com a projeção das sombras.
Este foi um eclipse que atingiu em cheio o país, tanto a área de sombra se projetou por todo o nosso território (e também Américas e Oceania) como os graus ativados da ecliptica tem planetas no mapa natal do país, fazendo com que essa experiência fosse sentida e notada de forma coletiva.
Desde a abertura da lunação já sabíamos do potencial de ruptura que se anunciava com a ativação de Urano. Os dias passaram e a lua foi formando um circuito de energia unindo uma oposição (Sol/Marte/Mercúrio em Escorpião contra Urano/Lua em Touro) e duas quadraturas (Saturno em Aquário, quadrando os outros dois polos) e essa configuração feita de ângulos tensos é literalmente explosiva. Um explosivo é uma carga de energia concentrada que faz com que um estímulo se espalhe para o maior alcance possível. Como o ponto focal dessa configuração é Saturno em Aquário, é aqui que devemos concentrar nossa atenção – são esses os valores norteadores dessa explosão.
E vimos mesmo acontecer uma certa explosão da imagem do Brasil nas últimas semanas, explodindo em duas direções bem diferentes.
Houve a agenda oficial do representante do Brasil na COP 26, evento global para discussão das alterações climáticas em que o presidente “foi convidado” a rever o posicionamento do país para que pudesse discursar. O presidente também recebeu o antiprêmio Fóssil da Semana por prejudicar as negociações do encontro e ironizar a representante indígena brasileira Txai Suruí, essa sim que discursou na abertura da Conferência. Tampouco conseguiu estabelecer uma agenda de interlocução com os líderes internacionais presentes, tendo conversado apenas com o presidente da Turquia e informalmente. O presidente também esteve em Dubai participando de encontros para atrair investimentos estrangeiros no Brasil e vem de uma experiência ainda mais frustrante do G20 que aconteceu no final de Outubro em que várias lideranças desmarcaram a agenda de encontros com o Brasil, tendo ainda sido xingado e vaiado publicamente na Itália.
Por outro lado, quem aproveitou bem a energia de Escorpião foi o presidente Lula (nativo desse signo), que justamente nesta semana de eclipse: discursou e foi aplaudido de pé no Parlamento Europeu em Bruxelas; negociou com o presidente da Espanha, em Madrid, uma integração da União Europeia com o Mercosul; foi recebido pelo presidente da França com honras de chefe de Estado em Paris para conversar sobre a reaproximação do Brasil dos acordos multilaterais internacionais; recebeu o título Honoris Causa no Instituto de Políticos de Paris (é o 7o. título que ele recebe) e durante seu discurso foi interrompido por aplausos.
Notaram as semelhanças em direções opostas?
Mas o que ficou evidente comparando esses dois encaminhamentos é que JÁ ACONTECEU uma RUPTURA essencial e insuperável: o Brasil não é mais representado pelo atual presidente no modelo democrático.
Nesta mesma semana de eclipse, o Ministro Dias Tofolli declarou que o país já vive na prática o semipresidencialismo com o STF no papel de agente moderador – sugerindo que a condução governamental já é realizada pelo parlamento e que o atual presidente tem mera participação figurativa nos eventos públicos e encontros internacionais.
Ou seja, a representação direta do povo brasileiro por meio do voto democrático em propostas de governo, não está mais acontecendo.
Curioso pensar que no ciclo de Saros, que localiza os eclipses numa cronologia de 19 anos e efeitos por até 18 meses, este eclipse se corresponde ao que aconteceu em Novembro de 2002 – quando o Brasil elegeu Lula como presidente pela primeira vez. Naquela lunação o Sol, Mercúrio e Vênus estavam sobre Marte e Parte da Fortuna em Escorpião no mapa natal do país.
Já nesta lunação, tivemos Sol, Mercúrio e Marte sobre este mesmo ponto e se o ciclo de Saros do eclipse anterior foi marcado pela Vênus, este está sendo marcado por Marte – e isso dá muito o que pensar em relação aos valores que conduzirão Marte e a Fortuna do país nos próximos anos.
Agora se a gente trouxer tudo isso para as nossas humildes biografias, este é de fato um momento poderoso para ROMPER DE UMA VEZ com condicionamentos aprisionantes e autodestrutivos, principalmente vícios e dependências. E vou colocar uma pimenta aqui que é o fato de que neste ponto existe uma carta extra que é a estrela fixa Algol – a cabeça da Medusa. Esta é simplesmente a conjunção mais temida do zodíaco, na astrologia tradicional está associada a mortes e decapitações, mas na aplicação psicológica tem muito mais a ver com uma atitude de apropriação de si mesma para cortar definitivamente com o que nos petrifica, dessensibiliza e nos mata aos poucos.
No mito, a Medusa petrifica com o seu olhar. Então, é possível que em algum aspecto interno a gente tenha ficado petrificada, paralisada e estagnada (Touro) e se intoxicando com essa água parada (Escorpião) que são os sentimentos mal conduzidos, as crueldades que fazemos com a gente mesma porque “fazemos por amor” e passamos anos ruminando dores, raiva e sofrimento.
Fazemos isso porque há uma crise de valores aí: nos baseamos num paradigma, uma “verdade” para tomar decisões na vida, mas esse paradigma não se comprova nos resultados que experimentamos. Mas ao invés de repensarmos nossos valores, o que a gente faz é entrar num looping de desafios (padrão da água de Escorpião que se desafia continuamente) acreditando que se continuar nesse mesmo paradigma, conseguiremos o resultado esperado em algum momento – mas isso não acontece nunca porque esse paradigma não é pra você! Para de perder seu tempo com isso!
É aqui que o eclipse pode ser um ponto de ruptura e verdadeira libertação: quando a gente se libera de viver aqueles valores equivocados e se abre para ter uma nova atitude. Quando a Lua é encoberta pela sombra isso equivale a se desligar dos valores do passado e da sua influência, para podermos nos lançar na direção do futuro – ainda que não saibamos bem o que vem pela frente, porque Escorpião adora um risco.
Esse é o trabalho das quadraturas e oposições com Saturno e Urano, esses dois tem sido grandes professores no sentido de nos mostrar duas coisas importantíssimas: a primeira é que o mundo mudou num curtíssimo período (pandemia) e TODOS temos que rever nossos paradigmas ASAP (Saturno em Aquário e elemento ar no ciclo de 200 anos), e a segunda é que valores de outros tempos não dão conta da complexidade das relações que vivemos hoje (Urano em Touro). Continuar agindo com as ideias e valores do passado não funcionará mais e podemos acabar perdendo a cabeça como aconteceu com a Medusa.
Os mitos são narrativas simbólicas e representam situações que se repetem em diferentes contextos e com roupagens novas ao longo do tempo e este e é o alcance deste eclipse, mobilizar forças primordiais da psique para atualizá-las. Procure localizar no seu mapa o grau 27 de Touro para entender que casa e planetas conversam com este eclipse, isso dá pistas para entender melhor que libertação é essa na sua história pessoal. Outro caminho é voltar há 19 anos atrás (2002) para entender melhor o que se passava com você e o que as decisões que você tomou naquele tempo causaram ao longo dos 18 meses seguintes (até o meio do ano 2004).
Lembrou? É isso que tem que mudar.
Verbenna Yin
Astros - Tarot - Psicanálise
Astros - Tarot - Psicanálise
ps: essa imagem linda é uma montagem do artista Steven Sandner com fotos de um eclipse sobre Stonehenge, UK.
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