Estrelas da História - Bertha Lutz

Bertha Lutz é nossa estrela da história desta vez. Nascida em 02/08/1894, Bertha era filha do cientista e médico brasileiro Adolfo Lutz – descobridor do mecanismo de contágio da febre amarela pelo mosquito Aedes Aegypti. Leonina, Bertha tinha o Sol cravado na Casa 11 o que atesta tanto pela notoriedade da figura paterna como também pela realização do um propósito de vida (dela) que vai além da satisfação das metas pessoais e consegue beneficiar também o coletivo.

Tive acesso à certidão de nascimento de Bertha então é possível indicar com precisão o ascendente e as casas astrológicas. Bertha nasceu com o ascendente em Libra e mais, com Saturno também cravado na linha do ascendente em aspecto positivo a Netuno e Plutão em Gêmeos, prenunciando um caminho profissional que passaria por grandes negociações de direitos e uma dedicação ao tema da restauração do equilíbrio nas relações humanas.

Berta era graduada em Ciências Naturais pela Sorbonne de Paris e em Direito pela Faculdade do Rio de Janeiro. Nos anos que viveu na Europa, Bertha teve contato com o movimento sufragista (que defendia que as mulheres pudessem votar por serem, também, cidadãs que contribuíam para o Estado), pois as ideias de igualdade estavam sendo cada vez mais lapidadas pela efervescente corrente feminista que começava a tomar forma.

Com Saturno e ascendente em Libra, seria mesmo natural que Bertha se interessasse pelas questões humanitárias e pelo tema da emancipação feminina como caminho de igualdade social. Mas não só isso, Bertha também tinha Vênus e Mercúrio em Câncer no Meio do Céu, ponto do mapa astrológico que indica a direção da nossa missão de vida.

Vênus em Câncer nessa posição favorece a proteção e cuidado com o feminino e Mercúrio nesse mesmo ponto indica uma mente racional capaz de perceber as sutilezas que envolvem a condição feminina. Além disso, Bertha tinha Urano em Escorpião em trígono com Vênus/Mercúrio, contribuindo muito para a análise mais aprofundada do que seria necessário desenvolver nesse tema como inovação e capaz de romper com o sistema que vigorava na época. Urano estava na Casa 1 e conferia uma personalidade revolucionária à Bertha.

Tanto na Europa como aqui no Brasil já existia material para a discussão acerca da igualdade de direitos entre homens e mulheres, o que certamente atraiu a atenção de Berhta profissionalmente. Desde a Revolução Francesa e a consequente Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão se discutia ideologicamente a inclusão da figura feminina expressamente nos textos legais – trabalho fenomenal de Mary Wallstonecraft no século anterior (falaremos dela em outro momento) replicado aqui no Brasil pela também maravilhosa Nísia Floresta (falaremos dela também) e à época da discussão sufragista já no século XX essas ideias estavam bastante maduras quando Bertha se aproximou da discussão.

De volta ao Brasil, Bertha organizou o primeiro Congresso Feminista em 1922 e participou ativamente de vários coletivos feministas que atuaram pelo direito ao voto feminino e também o acesso das mulheres à educação superior, confirmando a vocação de Júpiter em Gêmeos na Casa 9.

Bertha atuou na política e contribuiu ativamente para o texto da Constituição Federal de 1934. Foi também Deputada Federal em 1936 e apesar de ter atuado apenas por 1 ano (golpe de 1937) conseguiu propor leis de proteção ao trabalho feminino, prevendo a redução da jornada diária de trabalho que era de 13 horas diárias e também a igualdade salarial para que as mulheres ganhassem o mesmo valor pelos mesmos trabalhos feitos por homens, bem como a licença maternidade de 3 meses.

Em 1945 quando foi redigida a Carta das Nações Unidas prevendo o organização e funcionamento de um órgão colaborativo entre países em resposta ao fim da Segunda Guerra Mundial, Bertha estava lá representando o Brasil. Nessa época, Sol, Mercúrio e Saturno estavam conjuntos em trânsito pela Casa 10 ativando o Mercúrio e a Vênus em Câncer do mapa natal dela. Todas essas conjunções estavam harmonizadas com aquele Urano em Escorpião, indicando que Bertha tinha uma visão muito ampla do momento histórico e consciente do alcance da sua participação nesse evento.

Foi a única representante do nosso país nesse evento histórico mundial e 1 das 4 mulheres enviadas como delegadas de seus respectivos países – num total de 51 países. Sua participação foi determinante para que a redação final da Carta das Nações Unidas previsse expressamente a participação de mulheres em condições de igualdade com os homens nas Nações Unidas, o que abriu caminho para um novo tipo de redação dos textos legislativos que expressamente indicassem que os direitos previstos também se aplicassem às mulheres. Pode parecer algo óbvio hoje mas essa lógica não era tão acessível à mente daquela época, que ainda comparava a submissão das mulheres aos homens a um “estatuto da natureza”, e fazer constar no texto esse destaque às mulheres resguardou vários direitos subsequentes – como é o texto final da Declaração Universal dos Direitos Humanos por esse mesmo organismo em 1948 que também indica expressamente as mulheres como titulares dos direitos humanos para encerrar definitivamente qualquer dúvida ideológica.

Bertha morreu em 16/09/1976 aos 84 anos (ciclo de Urano) quando Saturno encontrou seu Sol natal em Leão, o Sol estava conjunto a Quíron natal em Virgem e a Lua conjunta a Júpiter Natal em Gêmeos, confirmando sua vocação para a ampliação das conquistas femininas por meio do talento e senso de oportunidade leoninos combinados a uma atuação dedicada (Virgem) à restauração do equilíbrio das relações humanas (Gêmeos/Libra).